Estou muito feliz pela repercussão do vegetarianismo e veganismo. A imprensa vem retratando a tendência mundial de diminuição da matança de animais para alimentação humana....
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A atual crise da carne no Brasil levantou uma série de questionamentos na população. Origem, abate, conservação, qualidade, tudo isso tem gerado dúvidas. Alguns foram além e passaram a questionar o verdadeiro motivo pelo qual ainda comem carne. É crescente o número de vegetarianos e veganos.
A escolha, porém, é algo bem pessoal e muitas vezes intuitivo. Há quem pense no sofrimento dos animais, outros alegam que a pecuária consome muitos recursos naturais, algumas se deixam levar pela mídia e outros simplesmente buscam mais qualidade de vida, sentindo-se melhor sem ela no organismo.
A verdade é que pode-se, sim, viver sem carne. Apesar de ser uma excelente fonte de proteína e vitaminas, outros alimentos podem garantir a carga protéica e vitamínica que necessitamos.
Atribui-se à carne o aumento de riscos para diabetes tipo 2, câncer de intestino e doenças cardiovasculares, e ainda aumento do colesterol e do ácido úrico no organismo. De acordo com o nutricionista vegano Luiz Felipe Albuquerque, não há problema algum retirar completamente a proteína de origem animal da dieta.
“Não só não tem problema, como trás muitos benefícios. A única vitamina, que é a B12, essa a gente não encontra nos produtos de origem vegetal”, comenta Luiz Felipe.
As toxinas presentes na carne vermelha estão associadas ao desenvolvimento de alguns cânceres. Mas por outro lado ela é muito rica em creatina e vitamina B12, tanto que alguns vegetarianos e veganos precisam de suplementação desses nutrientes.
Entre as principais substituições para se obter proteína estão os grãos, sementes e leguminosas — feijões, lentilha, grão de bico, cereais integrais, como quinoa e aveia, sementes de abóbora e chia e ainda as oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas.
Entre as principais nomenclaturas das tribos que não comem carne estão: ovolactovegetarianos (excluem todas as carnes, mas consomem ovos, leite e derivados), lactovegetarianos (exclui carnes e ovos, mas consomem leite e seus derivados), vegetariano restrivo ou vegano (não consome nenhum alimento de origem animal).
Uma atitude bem pessoal e intuitiva
Seja por influência de um amigo, pensando na saúde ou por questões éticas mesmo, cada um tem uma motivação para deixar de comer carne.
A empresária Raquel Jácome, 33 anos, está a quase dois anos sem a iguaria em suas refeições.
Foi a partir de um curso de meditação e respiração que os questionamentos surgiram. Nas aulas, ela teve que passar quatro dias sem comer carne. Ela gostou e decidiu levar para a sua vida.
Foi a partir de um curso de meditação e respiração que os questionamentos surgiram. Nas aulas, ela teve que passar quatro dias sem comer carne. Ela gostou e decidiu levar para a sua vida.
“Acho que o momento é agora. Eu já tinha essa vontade dentro de mim.
Na época da faculdade, eu já tinha ficado um ano e meio sem comer carne vermelha e frango; só comia frutos do mar. E aí, por um deslize, acabei voltando a comer carne vermelha. Naquele momento eu era super imatura. Então, eu achei que só por um deslize tinha que jogar fora todo um ano e meio que eu tinha passado sem comer”, comenta Raquel, vendo no curso a oportunidade de recomeçar.
Na época da faculdade, eu já tinha ficado um ano e meio sem comer carne vermelha e frango; só comia frutos do mar. E aí, por um deslize, acabei voltando a comer carne vermelha. Naquele momento eu era super imatura. Então, eu achei que só por um deslize tinha que jogar fora todo um ano e meio que eu tinha passado sem comer”, comenta Raquel, vendo no curso a oportunidade de recomeçar.
Dona de restaurante, Raquel tem que ver carne todos os dias. Comer ou não era uma opção. “ Eu coloquei na minha cabeça que não estava proibida de comer carne.”
Atualmente, ela enfrenta o desafio de passar de vegetariana para vegana, e não está sendo muito fácil.
Abandonar alguns derivados de leite, principalmente o queijo. “Leite, eu já não tomava; ovos, eu já não comia. Mas o queijo, que é base para vários tipos de alimentos, o creme de leite. Tudo tem queijo... nisso, eu sinto um pouco de dificuldade”, confessa a empresária, que diz sentir-se bem melhor e mais normal em termos de saúde. “Eu não adoeço; e se adoeço, tenho forças para trabalhar.”
Abandonar alguns derivados de leite, principalmente o queijo. “Leite, eu já não tomava; ovos, eu já não comia. Mas o queijo, que é base para vários tipos de alimentos, o creme de leite. Tudo tem queijo... nisso, eu sinto um pouco de dificuldade”, confessa a empresária, que diz sentir-se bem melhor e mais normal em termos de saúde. “Eu não adoeço; e se adoeço, tenho forças para trabalhar.”
Mais radical
Foi cuidando de três gatos resgatados das ruas que a advogada e empresária Aline Maraschin, 31 anos, passou a se questionar por que comia alguns animais e outros não.
A leitura de um livro sobre o hábito dos chineses de comer carne de cachorro também a despertou o desejo de deixar de comer carne. “Senti-me hipócrita por precisar de outras pessoas para matar um animal para que eu pudesse comer. Foi uma mudança de perspectiva, foi muito intuitivo, e eu decidi não fazer mais parte desse circo todo que envolve a morte dos animais para se ter carne”, revela Aline.
A leitura de um livro sobre o hábito dos chineses de comer carne de cachorro também a despertou o desejo de deixar de comer carne. “Senti-me hipócrita por precisar de outras pessoas para matar um animal para que eu pudesse comer. Foi uma mudança de perspectiva, foi muito intuitivo, e eu decidi não fazer mais parte desse circo todo que envolve a morte dos animais para se ter carne”, revela Aline.
Logo de início, deixou de comer carne vermelha e frango. Depois foram largados peixes e frutos do mar. “Eu criei uma aversão à carne porque de repente eu passei a ver um animal e não mais um pedaço de uma comida.”
De início, ela era ovo lacto vegetariana — não come carne de nenhum tipo, mas consome ovo, leite e derivados. Mas depois de muito pesquisar sobre o assunto, viu que ainda não era suficiente para ela. Resolveu radicalizar cada vez mais. Em menos de um ano se tornou vegana.
Ela considera ter abandonado a carne uma das melhores coisas que já fez na vida. “É maravilhoso! “Senti uma leveza de alma mesmo, de espírito; de não ter mais sangue, não ter mais morte, dentro da minha casa, dentro do meu corpo, que é minha casa principal.”
Sem receio de ter recaídas, ela segue pesquisando e radicalizando. Hoje ela já se dedica ao crudiveganismo, linha ainda mais radical que consome alimentos crus, tem restrições à temperatura deles, conservantes, ingredientes artificiais.
- É difícil parar de comer carne?
As pessoas, desde criança, já são acostumadas, no próprio colégio, quando fala em proteína e ferro se fala sempre em carne. Então, todo mundo já cresce com essa mentalidade de que se não comer carne vai ficar fraco, vai ficar anêmico e ignora totalmente os vegetais terem ferro e proteína. Porque nos artigos científicos, o que mostra é que os vegetarianos não têm essa tendência maior a ter anemia. Eles têm uma tendência a ter uma reserva menor de ferro em alguns casos, mas que é saudável também porque o ferro é muito oxidativo para o corpo; e pode estar relacionado também o consumo de carne a um índice maior de diabetes, de câncer de intestino, de doenças cardio-vasculares. Então as pessoas ficam com medo de ter uma alimentação vegetariana quando, na verdade, os artigos mostram que a alimentação vegetariana previne muitas doenças.
- As pessoas conhecem outras fontes de proteína? Pode citar algumas?
As pessoas de um modo em geral, pelo menos eu percebo em consultório, não têm percepção de o quanto o alimento atinge o corpo dela. Às vezes ela passa anos com algum tipo de doença ou sintoma, e nunca relaciona à alimentação. Então, quando você fala em reduzir carne, leite e derivados, para ela é um absurdo, porque ela já relacionava a consumir carne a melhorar de alguma doença; ou consumir leite a ficar mais forte, mais bem nutrido. Os vegetais, de um modo em geral, têm proteína, mas tem aqueles que têm mais, e são os que a gente substitui, que são os feijões, principalmente — um pouco menos o feijão verde, que é mais pobre em proteína e em ferro; tem o grão de bico, a lentilha, todos os grupos da castanha, tem o tofu, que é o queijo da soja, que é riquíssimo em cálcio, tem ferro, tem zinco. Quando a gente tira a carne de um prato, estamos tirando uma fonte de proteína, de ferro, de zinco e de B12. Então, para compensar isso a gente tem que pensar nos alimentos fontes de proteína também vegetal, e nunca carboidrato. Isso é um problema que eu vejo nos vegetarianos e veganos de um modo em geral, são aqueles que vão substituir a carne por outra fonte alimentar que seja fonte de carboidrato e não de proteína.
- Alguma dica?
Um dica importante é em todas as refeições e lanches ter sempre uma fonte proteica, seja uma semente de abóbora, de girassol, um tofu. O próprio feijão é um alimento que pode virar um monte de receitas doces e salgadas.
FONTE: tribunadonorte