30/12/2016

O que Tolstói escreveu sobre o vegetarianismo

Que maravilha não? 
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Escritor russo decidiu parar de comer carne aos 50 anos, em meio a uma crise espiritual. A decisão se alinhava à filosofia de vida que ele adotou na época

“Enquanto houver matadouros, haverá campos de batalha”. A frase não vem de uma nova campanha da Peta, organização pelos direitos dos animais. Ela foi escrita há mais de 100 anos pelo russo Liev Tolstói, no livro “O Que Eu
Acredito”, de 1885, dedicado à sua interpretação pessoal do cristianismo.

No fim do século 19, aos 50 anos, depois de ter se tornado uma celebridade de seu tempo pela publicação de alguns dos romances mais cultuados da literatura mundial, o autor de “Guerra e Paz” e “Anna Karenina” decidiu deixar de comer carne. Nessa fase de sua vida, o vegetarianismo se tornou não só uma prática do escritor, como também um tema de reflexão e de elaboração em seus textos.

O que Tolstói escreveu

“Se um homem aspira a uma vida correta, seu primeiro ato de abstinência deve ser de ferir animais”
No ensaio “O Primeiro Passo”, de 1892

“Um homem pode viver e ser saudável sem matar animais para comer; portanto, se ele come carne, ele toma parte em tirar a vida de um animal apenas para satisfazer seu apetite. E agir dessa forma é imoral”
Em “Writings on Civil Disobedience and Nonviolence, de 1886

“Isso é espantoso! Não o sofrimento e a morte dos animais, mas que as pessoas reprimam nelas mesmas, desnecessariamente, a capacidade espiritual mais elevada – de compaixão e piedade para com criaturas vivas como eles mesmos – e ao violar seus próprios sentimentos, se tornam cruéis.”
No ensaio “O Primeiro passo”, de 1892

A razão da decisão
A mudança na dieta de Tolstói é parcialmente atribuída à proximidade com o positivista e vegetariano William Frey, segundo Sam Pavlenko, autor de um livro de receitas vegetarianas baseadas nas que foram deixadas pela família do escritor. Frey teria visitado Tolstói durante o outono de 1885.

Mas o vegetarianismo de Tolstói se insere em uma busca mais ampla por um modo de vida “elevado”, resultante de uma crise espiritual vivida pelo escritor por volta de seus 50 anos.

Essa fase também marcou seus escritos, que se voltaram para a formulação de uma filosofia moral pacifista, cristã e vegetariana que ficou conhecida como “tolstoísmo”.

A transformação das soluções encontradas pelo escritor para suas inquietações pessoais em uma espécie de doutrina, seguida por vários de seus contemporâneos, o desgostava: “Falar em ‘tolstoísmo’, procurar orientação e indagar sobre minhas respostas para as questões é um erro grande e grosseiro”, escreveu.

Tolstói passou a crer que a arte tem um componente religioso e deve tornar tanto o artista quanto o mundo melhores.

Ele adotou condutas que iam ao encontro da moral cristã, rejeitando, ao mesmo tempo, a institucionalização dessa espiritualidade pela igreja - uma espécie de anarquismo cristão.

Nos últimos 25 anos de vida, o autor produziu obras como “Confissão” (de 1879), que uma década após “Guerra e Paz” se concentrava em fazer uma autocrítica biográfica sobre fama e fortuna, motivações para escrever que passou a considerar equivocadas.

Receitas da família
A militância do escritor russo acabou influenciando também seus familiares: as filhas e a esposa de Tolstói, Sophia Andreevna, também aderiram ao vegetarianismo, segundo o site “History Buff”.

Andreevna não só se tornou vegetariana como mantinha um diário com as receitas da família, que deu origem a um livro de receitas vegetarianas publicado em 1874, de surpresa, pelo irmão dela.

Entre as receitas, estão um bolo de café, uma torta vienense, cogumelos picantes e molho tártaro da família Tolstói.

As receitas também inspiraram o livro “A Vegetarian’s Tale: Tolstoy’s Family Vegetarian Recipes Adapted For the Modern Kitchen” (Um Conto Vegetariano: Receitas Vegetarianas da Família Tolstói Adaptadas para a Cozinha Moderna), com versões atualizadas das receitas e tradução das medidas russas.

FONTE: nexojornal

5 comentários:

  1. Certamente divinamente inspirado, TOLSTÓI teve a coragem de exprimir seus conceitos de compaixão e justiça para com os animais numa época em que a maioria estava muito ocupada com seu próprio umbigo e o Cristianismo não seguia ao pé da letra o "NÃO MATARÁS" qualquer espécie que respire e o "NÃO FURTARÁS" o que pertence aos animais e aos seus filhotes por direito de nascença, o leite, o mel, o couro, a lã, a dignidade e a vida de seres criados e amados por Deus tanto quanto nós.

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  2. adoro, amo muito o trabalho dele!

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  3. Simplesmente um GÊNIO!!!! se já o admirava e sabendo agora do seu amor pelos animais, cresceu muito minha admiração pelo escritor e pela pessoa.

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  4. Existem muitas religiões e inúmeros religiosos, sendo metade extremista até o pavio. No entanto, falta ainda muito aprendizado espiritual.

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  5. Vontade de esfregar isso na cara do filósofo e historiador Leandro Karnal, que vive citando autores clássicos como exemplos do tema que ele aborda a cada dia na TV. Caso não saibam, existe um vídeo onde ele está dando uma palestra e de repente ele cita os vegetarianos de forma irônica e ofensiva. Tá aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ZAjKScwJvVc

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