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Farra do boi, por Casildo Maldaner*
Expectativa séria. Com esta definição, um grupo de soldados mergulhou, semanas atrás, na delicada tarefa de negociar o desmonte da polêmica farra do boi que se realizava em meio ao bulício geral na Praia do Santinho, Norte da Ilha, na última Sexta-Feira Santa. Tecnicamente, a ideia era bastante simples: como não é uma prática legal, bastaria a chegada dos soldados para fazer cessar a farra, certo? Errado!
O que se viu foi uma chiadeira geral. Dezenas de populares achincalhavam os homens de farda, que, constrangidos, se agitavam na tentativa de enlaçar o encurralado animal. Pode-se imaginar os sentimentos dos quais um pai, descendente de açorianos, é tomado quando se dá conta de que, com a arma na mão, seu rebento é um “estraga festa”. E lá estavam famílias inteiras, das quais vários daqueles homens da lei eram filhos, chamados para impedir a “comemoração”.
Os tempos são outros. Os campos deram lugar às cidades. O espaço urbano ficou reduzido e a farra do boi, que desde 1997 é considerada ilegal, se transformou numa discussão de dois polos. De um lado, os “farristas”, e, de outro, os “defensores dos direitos dos animais”. E o futuro?
As cenas na Praia do Santinho, transformada em “praça de guerra”, sem “feridos” ou “vitoriosos” – com o barulho ensurdecedor do helicóptero sobre os manifestantes, e o boi, ao final, capturado e transportado numa espécie de “papamóvel” – levam à conclusão de que o sucesso de qualquer iniciativa nesse assunto se baseia no diálogo.
*Senador (PMDB-SC)
Fonte:
Diário Catarinense
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