Olha, galera, nunca conseguimos recuperar o passado sem sentir a dor das marcas do presente. Que Deus recupere nossos corações depois desta luta, onde o Prefeito do Rio é o único culpado por nomear pessoas despreparadas para assumir os cargos da gestão pública.
O escândalo da CPI dos ônibus está, também, causando enorme revolta nos cidadãos cariocas. Vejam a matéria do Globo sobre a SEPDA e o IJV.
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PAULA AUTRAN
Publicado: 13/08/13 - 5h00 - Atualizado: 13/08/13 - 8h15
RIO - Defensores de animais estão soltando os cachorros contra a política da prefeitura para os bichos. Desde o fim de junho — após a publicação do decreto 37.326, determinando que cães e gatos resgatados em logradouros públicos, tanto por órgãos municipais quanto por cidadãos, e oferecidos para adoção devem estar “recuperados, sadios e esterilizados” —, o clima já não andava bom com a Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda).
Na quinta-feira passada, outro decreto, o 37.490, azedou a relação com a Secretaria de Saúde, pois passou a restringir o atendimento clínico e cirúrgico do Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, em São Cristóvão, a casos de zoonoses (doenças comuns a homens e animais, como raiva, leishmaniose, leptospirose e sarna) e castrações. Com isso, casos como infecções, tumores, fraturas e qualquer outra patologia não associada às zoonoses ficaram sem tratamento, exames ou cirurgias, que eram oferecidos a preços populares lá. Por essa e por outras, desde sexta-feira os cerca de 80 funcionários do instituto paralisaram suas atividades por tempo indeterminado.
— Temos uma tradição de quase cem anos em saúde pública e assistência veterinária. Agora, eliminaram nove chefias, inviabilizando nosso trabalho. Queremos chamar atenção para o que aconteceu. Só emergências e casos de raiva estão sendo atendidos — explica a assistente de direção Marilu de Noronha, há 27 anos no instituto, que, como o diretor, Carlos Eduardo Caetano, pediu exoneração do cargo.
Por mês, o instituto atendia em média 2.200 bichos, entre consultas (cerca de 1.200), cirurgias (entre 500 e 600, metade delas castrações) e exames de patologia clínica, anatomopatológicos, parasitológicos, bacteriológicos e diagnósticos por imagem, entre outros. As restrições no atendimento preocupam os defensores de animais.
— De junho para cá, a situação só piorou. Medidas como essas inviabilizam a castração. Há uns oito ou nove postos para isso na cidade. Alguns faziam outras cirurgias e atendimento clínico, mas pararam na gestão do Cláudio Cavalcanti na Sepda. Sem atendimento, ou o animal vai morrer ou vai ser abandonado. Só que o abandono também é uma questão de saúde pública: solto na rua, ele pode morder alguém, pegar e transmitir zoonoses ou provocar um acidente de trânsito — reclama Andrea Lambert, da ONG Anida, umas das organizações civis de proteção aos animais que forma o Movimento Para Salvar os Animais Cariocas e que marcaram para hoje, às 16h, na Cinelândia, a quarta manifestação pedindo a exoneração de Cavalcanti.
Equipe culpa subsecretário
Em carta aberta divulgada pela internet, os funcionários do Jorge Vaitsman acusam o subsecretário de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses, Arnaldo Levy Lassance, de “desmantelar” a estrutura do instituto. “Sem qualquer critério técnico ou funcional, Dr. Lassance vem transferindo para um novo órgão — criado apenas por interesses pessoais e por vaidade — nossas instalações de laboratórios, vários cargos de chefia, serviços especializados e atividades que, ao longo de 97 anos de existência, foram criados, aperfeiçoados e oferecidos aos cidadãos do município e do Estado do Rio de Janeiro”, diz o documento.
A Secretaria municipal de Saúde informou por meio de nota que "a Unidade de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman continua funcionando normalmente com todos os serviços e ações prestados à população sem restrição ou redução de atividades e serviços". Ainda de acordo com a secretaria, as alterações ocorridas na unidade recentemente foram apenas de remanejamento das funções gratificadas e foi feita com base em uma análise do modelo de organização da instituição, a fim de torná-la mais eficiente e operativa. O secretário Cláudio Cavalcanti não foi encontrado para falar sobre o caso.
Fonte:
O Globo