Quando pequena, conheci um homem na cidade de Paraíba do Sul chamado S. Zé do Mel. Ele andava com um monte de abelhas em volta dele. Lembro dele andando na estrada de terra com seus cachorros e aquele monte de abelha em volta dele. Elas não picavam ele, mas, quando alguém chegava perto, iam em cima. Ele dizia que elas só agiam assim com as pessoas que não gostavam de bichos.... Grande Zé do Mel
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Meliponicultor Hermelindo Sandri se apaixonou pelos insetos aos 8 anos e chegou a batizar uma das espécies que cultiva em casa.
Eermelindo Sandri, de 84 anos, foi na contramão da criação de cães, gatos e outros bichos fofos e tomou uma decisão inusitada há sete décadas. Com 180 colmeias espalhadas pelo quintal de casa em Artur Nogueira (SP), ele se apaixonou pelas abelhas desde o primeiro contato e cuida delas como animais de estimação.
O "amor à primeira vista" pelas abelhas aconteceu aos 8 anos, quando ele construiu uma caixa para preservar os insetos que encontrava. Com o tempo ele se tornou meliponicultor - criador de abelhas sem ferrão. “Eu falei: ‘pai, eu estou com dó da abelha, dó do bichinho, eu vou guardar’”, relembra Sandri.
O idoso cultiva insetos que não possuem ferrão, uma alternativa encontrada por Sandri para criar as abelhas em casa. Com muitas variedades de espécies, ele possui raridades nas colmeias, como a segunda menor abelha do mundo, e uma batizada por ele próprio.
“Eu conheço variedade de abelha que não está catalogada. Tanto é que tem uma que eu coloquei o meu nome. Meu sobrenome é Sandri, coloquei Sandrina”, conta.
Abelhas que ensinam
Com 76 anos de convivência com as abelhas, Sandri adquiriu muito conhecimento sobre as espécies. O meliponicultor passou, então, a fazer experiências para testar a inteligência dos insetos.
“Eu queria saber se ela sabia o vertical e o horizontal perfeito, e sabe. Você tomba a colmeia um pouco, ela muda todo o esquema da casa dela. Você vira de novo, e muda tudo de novo”, explica. O idoso também decidiu compartilhar todo o aprendizado e começou a fazer palestras sobre a sua criação. Requisitado, ele não cobra nada e já foi inclusive para outros estados para falar sobre o assunto.
“A última palestra que eu dei tinha 120 pessoas, das quais tinha de quatro países diferentes. O mais gostoso é que ninguém me ensinou nada, eu aprendi manipulando as abelhas”, conta.
Dentre as variedades, Sandri possui a segunda menor espécie de abelha do mundo (Foto: Reprodução / EPTV)
Saudável
Entre os ensinamentos, ele explica aos participantes das palestras como pegar o mel de colmeias de abelhas perigosas sem precisar de proteção. “Eu tiro mel da abelha com ferrão de cara limpa, só de sunga. Você faz uma fumaça, de preferência de algodão, com roupa velha. [...] Aí, acaba circulando fumaça dentro da colmeia e abelha nenhuma te ataca mais”, diz.
Sem precisar se preocupar com ferrões dentro de casa e utilizando um simples canudo, ele consegue tomar o mel de suas criações direto da colmeia. O que a família do meliponicultor não consome, ele doa para amigos e conhecidos, e faz um alerta para o poder medicinal do produto.
“Tenho 84 anos e eu tenho saúde, graças a Deus e graças às minhas meninas”, garante Sandri.