Tenho algumas diferenças quanto às diretrizes do Fórum Animal, inclusive sobre o provável destino da causa animal equivocadamente incluída no PL do Código Penal. Isto será um desastre total se continuar com a tendência do Senado em transformar o crime contra os animais em um simples processo administrativo. Sou, também, uma crítica do Fórum pelo apoio à condução errônea das ações contra as vaquejadas. E outras coisinhas mais.
Bem, mas, inegavelmente, está sendo a única ONG no país a tomar as rédeas de algo que venho noticiando há tempos. É sobre a questão da exportação de milhares de animais vivos para países que promovem barbáries com eles por conta de religião e desrespeito pela vida, alem da crueldade praticada durante este transporte.
Minha sequela de um AVC, como todos sabem, limita minhas ações para agir neste segmento dramático da causa de defesa animal. Portanto, nesta questão, estaremos enfileirados com o Fórum porque nossa causa é animal e não pessoal como muitos conduzem seu dia a dia..... Vejam a campanha que estão fazendo e não deixem de ler o RELATÓRIO citado para que saibam a realidade que precisamos modificar urgentemente com nosso empenho:
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Você sabia que o Brasil exporta centenas de milhares de animais vivos todos os anos para países muito distantes, como Líbano, Egito e Venezuela? Esses animais sofrem imensamente pois são submetidos a viagens extremamente longas - de até semanas - em navios onde não podem se movimentar e expressar muitos de seus comportamentos naturais.
Quando chegam em seus destinos no Oriente Médio, são abatidos pelo método Halal, que muitas vezes não permite que os animais sejam insensibilizados antes de serem mortos. Ou seja: eles são degolados quando ainda estão totalmente conscientes e morrem de uma forma lenta e dolorosa.
E pior: acidentes horríveis têm acontecido com esses animais. Em 2015, um navio afundou no Porto de Pará e centenas de bois morreram afogados ou abatidos no local (foto). Em 2012, o sistema de ventilação de um desses navios parou de funcionar em alto mar, e 2.750 bois morreram.
Esses acidentes são a prova absoluta de que não existe maneira segura e humana de se transportar animais vivos por vias marítimas e em percursos tão longos. Não podemos tolerar tamanha crueldade e estamos lutando pelo fim dessa prática.
PARCERIA INTERNATIONAL
Em 2016, o Fórum Animal deu início a suas ações contra o transporte de gado vivo em parceria com a Animals International (braço internacional da ONG Animals Australia). Estivemos em Brasília em reunião com Sr. Rodrigo Padovani, Ponto Focal da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) e especialista do Departamento de Quarentena e Trânsito Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para apresentar nossos argumentos contra a exportação de animais vivos do Brasil - comumente chamada de exportação de gado em pé.
Em março deste ano, a Secretaria de Defesa Agropecuária/MAPA submeteu à Consulta Pública o Projeto de Instrução Normativa Regulamento Técnico para Exportação de Bovinos, Bubalinos, Ovinos e Caprinos Vivos, Destinados ao Abate e Reprodução, para divulgá-lo e receber sugestões de órgãos, entidades e pessoas interessadas. O Fórum Animal enviou sua proposta, que pode ser visualizada aqui.
Em maio, a Deputada Estadual Regina Becker convocou a Audiência Pública “Transporte de animais vivos para abate e exportação no estado do Rio Grande do Sul”, na Assembleia Legislativa estadual, em Porto Alegre, onde o Fórum Animal foi representado pela advogada Elisa Bernkopf, que entregou nossa posição oficial sobre o tema.
No mesmo mês, aconteceu a reunião técnica do MAPA no município do Rio Grande, para o qual o Fórum Animal foi convidado. Nessa ocasião, além de discussão sobre o tema, foi feita visita ao porto, um dos pontos de saída de gado vivo do Brasil.
O Fórum Animal foi representado pelo diretor da Animals International, Luis Carlos Sarmiento, que apresentou
relatório, traduzido para português pelo Fórum Animal. Tal documento é crucial na defesa animal, pois foi realizado pela médica veterinária Dra. Lynn Simpson, que navegou por mais de uma década no transporte de gado da Austrália a portos do hemisfério norte, e fotografou as péssimas condições dos animais, com total falta de bem-estar, intrínseca a jornadas de longo curso por via marítima.
Segundo o relatório:
Os assuntos realçados refletem os riscos e impactos potenciais para o bem-estar dos animais ao longo de todas as rotas internacionais. A evidência visual deste relatório mostra que as atuais consequências para a saúde e bem-estar animal e segurança alimentar nas embarcações utilizadas para transporte de animais são inaceitáveis pelos padrões da OIE, de médicos veterinários e da saúde pública.
O gado transportado por mar muitas vezes tem seu bem-estar comprometido. Muitos animais sofrem de problemas de saúde, incluindo e não limitado a disseminação de doenças, lesões e dor desnecessárias causadas pela infraestrutura, estresse e sofrimento por serem transportados por longos períodos de tempo.
As doenças contagiosas comumente encontradas são pneumonia (“febre de embarque”), Salmoneloses e Moraxella bovis (“olhos vermelhos”). Essas doenças se disseminam devido à natureza artificial do ambiente das embarcações, alta densidade, higiene deficiente e ventilação forçada, geralmente resultando em óbitos.
As “cinco liberdades” são muitas vezes comprometidas devido ao manejo, à infraestrutura e aos riscos inerentes a esse tipo de transporte, que inclui avarias mecânicas tais como danos na ventilação, falhas na distribuição de forragem ou de água, e lesões nos animais causadas por mar revolto pois são jogados de um lado para o outro contra paredes sólidas e grades dentro de seus reduzidos recintos.
Todo ano morrem muitos animais devido à sua má adaptação às rações dadas a bordo, ao estresse térmico causado pela deficiente aclimatação durante o trânsito por grande distância e mudanças climáticas sazonais. As doenças propagadas devido a higiene deficiente e alta densidade de animais exacerbam esses desafios assim como a capacidade do sistema de imunidade do animal para fazer face a seus efeitos.
Lesões são comuns, como membros quebrados e septicemia devido a abrasões prolongadas nas patas, causadas pelo piso duro e leitos insuficientes. Essas lesões exigem geralmente que animais sejam eutanasiados devido à duração e gravidade delas nesse ambiente artificial. Seus corpos são então jogados ao mar.
O Fórum Animal expôs, em seu posicionamento, as exigências mínimas vindicadas, num cenário hipotético em que normas públicas regulamentassem o transporte de ruminantes vivos e em que profissionais estivessem aptos a fiscalizar as condições de manejo e estrutura das embarcações e caminhões, até que este transporte seja totalmente proibido.
Em outubro, o Fórum Animal e a Animals International novamente participarão de reunião promovida pelo MAPA, desta vez no Pará, um dos estados de exportação por via marítima de animais vivos, do Brasil.
Fonte:
Fórum Animal