Eu não sei se o Claudio Cavalcanti, sobrinho de Lya, e Maria Lucia Frota, sentem tanta falta dela quanto eu... Estes dois se conheceram numa reunião de proteção animal que Lya promovia sempre por causa de sua Associação Proteção animal - APA. Ela agregava pessoas para a causa das maneiras mais inventivas possíveis. Éramos tão poucos aqui no RJ.... ela queria formar um exército... e era uma diplomata e política ao extremo ao lidar com os humanos....
Esta figura fez parte de um bom pedaço da minha vida e do meu aprendizado na causa de defesa animal. Atualmente, ando muito precisada de ouvir suas definições da vida ... queria muito que ela me dissesse o que fazer neste estágio da luta de defesa animal....
Apesar de ter sido sócia da APA por muitos anos, só a conheci em 1983 quando Regina (minha amiga de infância), nos apresentou. Depois a reencontrei quando Regina me falou que ela estava promovendo uns encontros de protetores.
Era uma figura... revolucionária... sem igual.... Aprendi com ela, o que não aprendera em todos os anos anteriores de militância. Ela e Clody Dunin, me mostraram um lado que jamais imaginaria conhecer da proteção animal. Minha escola foi a SUIPA e lá, como linha de frente, não tinhamos tempo de focar em outra coisa que não receber os animais domésticos em abandono ou feridos, embora, Marília Pinheiro, não deixasse de lutar por baleias, meio ambiente, touradas e rinhas.
Lya Cavalcante fez parte da história da proteção animal no Brasil quando acabou no Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, com as carroças de lixo puxadas por burros.... Revolucionou a veterinária quando, do próprio bolso, introduziu a eutanásia com anestesia que antes era feita em câmeras de gás e até elétrica...
Lya fez muita história e queria que avaliassem o que era falar de proteção animal na época dela (anos 50 e 60)... não era mole não.... a maioria dos que me lêem nem eram nascidos..... as situações eram infinitamente mais bárbaras do que é hoje...
Bem, como falei aqui, em 2009, a ultima vez que vi Lya, foi em seu aniversário no mesmo ano que se foi. Não fui ao enterro dela. Fugi de ver um caixão com aquele corpo franzino que tanto amava os animais. Queria lembrar da figura do jeito que vocês estão vendo nas fotos.
Sei que muita gente vai achar babaquice da minha parte estar usando este espaço para falar de quem já se foi, mas, sou da qualidade de farinha que não encaroça o leite, sabem como é? Respeito e agradeço os que me ensinam, independente da idade que for... aliás, sentimentos que considero raros, atualmente.
Noutro dia, li de uma "novata" da proteção (que não aceitou minha sugestão de não sair enfiando os pés pelas mãos, pois, existe um caminho já trilhado para se chegar algum lugar), o seguinte:
"Quanto aos demais, talvez seja a hora de se aposentar. DE VEZ!"
Os "demais" seria eu.
Bem, defino "novata" como aquela pessoa com altissima capacidade de trabalho que chega à militância achando que salvará o mundo. Passa um pouquinho de tempo, some. E aí, nós, "os antigos" ficamos corrigindo as besteiras feitas pelas criaturinhas bem intencionadas e momentâneas... é, aquelas que trocam todo ativismo por um namorado, um novo emprego, e otras cositas más...
Tenho tantos casos p´ra contar.... abandonam os animais, desligam o telefone, fingem que nunca estiveram envolvidas com a causa .... somem dizendo que vão se afastar por motivos de saúde.... hã hã....
A nossa causa poderia estar bem mais avançada se não fosse a arrogância e falta de inteligência dos que chegam... poderiam pegar a trilha até onde foi aberta. Por que começar de onde começamos e que nos fez quebrar a cabeça?
Estas novatas começam achando que descobriram a roda e agem como se tivessem lido uma cartilha de instruções da qual nunca conseguimos ter uma cópia. Aliás, a história desta cartilha, Angela Caruso, recentemente, me falou desta matáfora. Costumo dizer que é o famoso "achismo"... Esta galera sabe tudo e acha tudo.... Eu só sei que, depois de mais de 40 anos na militância, continuo sem saber nada e sem achar nada...... kakakakaka....
Pois é, embora esteja rindo, a coisa é triste mesmo... por isso sinto falta de Lya... das suas reflexões desaforadas... ah, Lya... ah, Lya ... olhe por mim, mestra.... sinto muito sua falta!!!!
Jonh (marido da Regina) Regina, Lya e euzinha, feliz da vida!!!!!