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01/08/2017

Camundongo humanizado e hepatite C: quando a máxima tecnologia não amplia horizontes.

Não é só para a hepatite C que estes neuróticos pesquisadores estão perdendo tempo. Aliás, não é perder tempo, é forma de ganhar dinheiro com suas maluquices. Quando vai chegar a hora que a justiça vai derrubar o poder médico científico e revelar os porões da experimentação animal? Os caras pedem financiamento para modificar geneticamente camundongos e aí diz que conseguiu o mesmo efeito do organismo humano... Bah!!!!! não é mais fácil trabalharem com o próprio modelo humano? não, né? isto não dá dinheiro ou prestígio.... Com a tecnologia que temos hoje em dia, manter pesquisas com qualquer animal, é sinal de INCOMPETÊNCIA.... E não provoca porque senão falo mais...... A matéria está muito esclarecedora.... pena que a maioria não gosta de ler.... 
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Encontrar a cura universal, e proporcionar acesso a tratamento, para a hepatite C é uma necessidade global, mas infelizmente muitos grupos de pesquisa ainda perdem tempo, dinheiro e recursos insistindo no uso de camundongos para se estudar uma doença para a qual nem sequer são suscetíveis. Enquanto isso, milhões de pessoas morrem de hepatite C todos os anos.

Modificar células de tumor de fígado de forma que elas fiquem brilhantes sob determinadas condições pode parecer um truque interessante. Sim é mesmo, até sabermos que a faceta nada tem que ver como diagnóstico, detecção ou tratamento de câncer em humanos. Ao invés disso, estas células humanas modificadas já possuem destino: serão injetadas em camundongos para que produzam um enorme tumor dentro do animal. Pesquisadores querem poder localizar exatamente aonde estão as células tumorais de forma que possam calcular seu tamanho exato conforme a massa de células vai crescendo até que uma hora decidem que o experimentou chegou ao fim e o animal é sacrificado.
Essas fotos mostram fileiras de camundongos que tiveram seu pelo raspado na parte lateral, no local do tumor. No topo das imagens você pode ver que suas caras estão enfiadas dentro de tubos plásticos por onde recebem anestésicos em forma de gás. Os tumores estão coloridos de forma fictícia aqui na figura e aparecem em azul, verde e vermelho mas ficam amarelo quando submetidos a equipamentos de imagem espcíficos. Esses camundongos são submetidos a este tipo de procedimento a cada 2-3 dias após serem injetados com células de tumor de modo que os pesquisadores monitorem o crescimento, em volume, dos tumores. E tudo isso não tem trazido nenhum benefício para a busca da cura de hepatite C em humanos. Imagem adaptada com permissão de BMJ Publishing Group Limited. [Gut, Levander et al., 0, 1-11, 2017] under Creative Commons license CC BY-NC 4.0

Curiosamente, o crescimento descontrolado do tumor nem é o ponto de interesse deste tipo de estudo. Na realidade, o camundongo é parte de uma pesquisa muito maior, e muito cara, que objetiva a criação de um pequeno modelo animal para infecção de hepatite C, para ser usado para se testar possíveis tratamentos.

Hepatites C é um vírus (HCV) que ataca o fígado. Trata-se de um problema global de saúde publica muito sério. Estimou-se que 71 milhões de pessoas viviam com hepatite C crônica em 2015 enquanto mais 1.75 milhões de novas infecções ocorreram naquele ano, com uma taxa de mortalidade semelhante aquela do vírus HIV, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em humanos, a infecção por hepatite C geralmente acontece através do sangue como uso de seringas contaminadas ou contato com derivados de sangue contaminados. A forma crônica da doença persiste por anos e resulta em câncer de fígado (o que explica as células injetadas no camundongo), e também em cirrose que acaba por ser fatal.

No entanto, os pesquisadores não podem simplesmente injetar o camundongo com uma agulha contaminada com HCV para produzir um pequeno modelo animal para ser usado em testes porque camundongos não são normalmente suscetíveis ao HCV. Assim como com tantas outras tentativas de se criar modelos animais para doenças humanas, várias alterações genéticas são necessárias para que o camundongo se torne suscetível ao vírus.

Na tentativa de se criar modelos para infecção com HVC (que até hoje não foi capaz de replica a doença da forma como ela ocorre em seres humanos), cientistas alteram os genes do camundongo para que recebam genes humanos que são aqueles que permitem a entrada do vírus no fígado, criando desta forma o que seria um camundongo humanizado. Os cientistas também precisam desabilitar a imunidade natural que o animal tem, de modo que possam ser infectados pelo vírus. Essa necessidade pode levar a remoção de um ou mais genes do camundongo. O camundongo resultante é um animal imunodeficiente que pode então ser cruzado com outros camundongos que carregam outras características engenhadas como por exemplo um sistema de detecção que permite estabelecer a extensão da infecção ou então animais que tenham os genes que levam a uma doença hepática fatal.

Mesmo com toda a complexidade destes modelos de camundongos para a infecção de HCV, nenhum deles consegue totalmente imitar a doença da forma como esta ocorre em humanos. Nós devemos, e podemos, fazer de forma muito melhor.

Para tal, precisamos voltar para o próprio vírus. O vírus da hepatite C desenvolveu muitas estratégias astutas para não ser detectado no corpo humano, de modo que a compreensão mais clara do que são essas estratégias e como algumas pessoas naturalmente se livram da infecção em poucos meses, pode ser o caminho para se identificar os pontos fracos do vírus. O uso de sistemas de cultura de células onde o vírus se propaga já mostrou que partículas virais podem ser produzidas em cultura. Isso é importante porque o HCV tem uma taxa de mutação alta, onde sua superfície se altera com rapidez, o que prejudica o desenvolvimento de uma vacina. Uma análise cuidadosa das partículas virais poderia ser capaz de identificar as diferenças nas linhagens e auxiliar na identificação de possíveis alvos para neutralização e eliminação do vírus.

Algumas das características que tornam o tratamento da infecção por HCV um grande desafio, que são sua rápida taxa de mutação e capacidade de se esconder no corpo do hospedeiro por anos, não podem ser abordadas através da infeção de animais, independente do número de genes humanos que se adicione aos animais. Aplicar meios de se prevenir a doença é uma estratégia mais direta e efetiva. Por exemplo, pode-se aprimorar as técnicas de higiene e descarte de agulhas usadas no ambiente médico, pode-se rastrear derivados do sangue antes de se realizar transfusões e transplantes, pode se melhorar os cuidados da saúde em países que precisam de mais suporte e diminuir os riscos de contaminação entre usuários de drogas intravenosas. Na Austrália e Nova Zelândia, a disponibilização de agulhas por parte das autoridades de saúde já preveniu 21.000 cases de infecção de hepatite C na população de usuários de drogas!

Um projeto recente no Reino Unido está usando técnicas avançadas de genética para sequenciar o material genético tanto do vírus como do paciente, para identificar quão diferente são as respostas de cada indivíduo a diferentes tipos de HCV. Os dados já coletados de mais de 10 mil indivíduos podem ser usados para desenvolver modelos que podem levar ao desenvolvimento de melhores tratamentos. É importante olhar tanto para o vírus como para o paciente, já que cada infecção é muito pessoal. Enquanto um indivíduo pode se livrar fácil do vírus, outros desenvolvem uma doença crônica que pode ser fatal. Estas diferenças estão em nossos genes e em como os mesmos estão regulados em cada indivíduo. Um estudo mais recente também mostrou que a suscetibilidade a infecção por HCV depende do estado de maturação da célula atingida e este novo conhecimento pode ser utilizado para que possamos entende outras questões que parecem determinantes quanto a forma como a infecção irá se desenvolver.

A análise de como e porque a infecção se estabelece e persiste em um número de pessoas pode ser mais eficaz na redução da doença do que a persistente realização de alterações genéticas em animais.

FONTE: estadao

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