Volta e meia, naquele local acontece uma tragédia do gênero..... Meu Deus, quando isto vai acabar?
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Atores iniciaram uma campanha nas redes sociais com a hashtag #sosgatosmaracana
RIO - Artistas protetores e alguns voluntários de ONGs defensoras de animais denunciam maus tratos e até a matança de gatos dentro do Maracanã, na Zona Norte do Rio. Segundo relatos, pelo menos três felinos foram encontrados mortos no complexo esportivo desde a última sexta-feira. Em um dos casos, o animal - uma fêmea prenha - estava sem olhos, sem língua, sem diafragma, completamente sem órgãos. Ela foi levada para o Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman, em São Cristóvão, onde foi feita uma necropsia. O laudo exclui a possibilidade de o óbito ter sido causado por outro animal.
Devido ao caso assustador, a atriz Betty Gofman iniciou uma campanha nas redes sociais com a hashtag #sosgatosmaracana. A ação foi engrossada pelos atores Evandro Mesquita, Paula Burlamaqui, Heloísa Périssé e Maria Clara Gueiros. — Estou chocada. Uma pessoa capaz de matar um bicho, com requinte de crueldade, pode matar uma pessoa também. Tem um monstro agindo dentro do Maracanã. Isso é muito cruel e tem que acabar. Eu peço socorro — suplica Betty Gofman.
Christiane Neri, responsável pela ONG Centro de Reabilitação Pata Amiga, lembrou que as mortes de felinos dentro do Maracanã são recorrentes e que há um inquérito aberto na Delegacia de Proteção do Meio Ambiente desde 2016, quando 14 ossadas, entre cães e gatos, foram encontradas dentro das instalações do complexo esportivo. — Houve mortes de gatos no ano passado, e a polícia esteve no Maracanã. Porém, infelizmente quem estava cometendo os crimes não foi identificado. Nas dependências do Complexo do Maracanã vivem mais de 100 felinos, são umas quatro colonias. E, agora começaram novamente a aparecerem gatos mortos. O que causa ainda mais revolta é o estado em que os corpos são encontrados. Alguns com sinais de espancamentos, outros sem órgãos ou com as patinhas quebradas — relatou Christiane.
A defensora dos animais também afirma que os voluntários estão sendo impedidos de entrarem no complexo para alimentar e cuidar dos gatos. — É assustador o que está acontecendo e mais assustador ainda saber que quem está cometendo tamanha crueldade pode estar lá, neste momento, tirando mais vidas de maneira cruel. Queremos que o consórcio que administra o Maracanã se responsabilize pelos gatinhos e tome providências, pois isso acontece dentro do estádio e é responsabilidade deles. Infelizmente, não existem leis que prendam quem mata animais. Por isso, temos que cobrar das autoridades e pressionar por mudanças.
A veterinária Andréa Lambert, da ONG Associação Nacional de Implementação dos Direitos dos Animais, faz coro e diz que o que acontece no Maracanã também acontece em outros lugares da cidade. — Enquanto não tiver política efetiva e não houver punição, o problema não vai ser resolvido. Se as leis não forem cumpridas, as pessoas continuarão maltratando os animais, certas da impunidade. Só com punição, a gente pode tentar coibir os maus tratos — alerta a veterinária.
A Subsecretaria de Bem Estar Animal informou que está investigando a denúncia e afirmou que já entrou em contato com a diretoria do Maracanã para tomar as medidas cabíveis.
GATOS MORTOS APARECEM NO LOCAL DESDE 2010
Animais tem sido em encontrados mortos no complexo do Maracanã desde 2010. O último caso aconteceu em março do ano passado, quando equipes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e da Secretaria de Promoção e Defesa dos Animais do município fizeram uma diligência no local e encontraram as ossadas. Na ocasião, as carcaças, algumas retorcidas, estavam na área do parque aquático Júlio Delamare e do Estádio Célio de Barros, ambos sob responsabilidade do governo do estado do Rio. A polícia também recolheu dois cães ainda vivos e muito magros, que estavam atrás do vestiário dos atletas.
Outra que entrou na campanha foi a atriz Maria Clara Gueiros - Divulgação
Na época, Luiz Carlos Ramos Filho, titular da secretaria e responsável pela diligência relatou que, ao chegar ao estádio, o grupo foi impedido de entrar e só conseguiu fazer a inspeção com ajuda da polícia.
Em 2013, protetores de animais denunciaram a morte, num período de dois anos, de mais gatos, vítimas de atropelamentos ou atingidos pelos escombros das obras do complexo esportivo. Em 2010, uma advogada e voluntária no Campo de Santana denunciou a matança de cerca de dez gatos a pauladas. A pena por maus tratos de animais, silvestres ou domésticos, pode chegar a três meses a um ano de prisão.
CONCESSIONÁRIA NEGA MORTES NAS DEPENDÊNCIAS DO COMPLEXO
Em nota, a Concessionária Maracanã S.A., liderada pela construtora Odebrecht, que administra o complexo do Maracanã, negou a ocorrência de mortes ou maus tratos a gatos em suas dependências, e disse que no entorno do estádio há dependências que não estão sob sua responsbilidade.
"A Concessionária Maracanã S.A. não registrou nenhuma ocorrência de maus tratos a gatos dentro das dependências do estádio e irá apurar a denúncia relatada, com vistorias em todos os locais sob sua responsabilidade. A Concessionária reafirma seu compromisso de manter e zelar pelo Maracanã, com absoluto respeito às pessoas e aos animais. A Concessionária também esclarece que no entorno do estádio existem instalações que não são áreas de sua atuação", diz o texto.
POLÊMICA NO JÓQUEI
Em janeiro deste ano, moradores da Gávea e do Jardim Botânico iniciaram uma mobilização nas redes sociais para defender os gatos que vivem no terreno do Jockey Club. Eles denunciavam que funcionários estavam impedindo os animais de receberem alimentos e cuidados: a estratégia seria obrigá-los a migrar para um gatil que foi construído na altura da Avenida Bartolomeu Mitre. Na época, cuidadores voluntários dos bichanos alegaram que o local era perigoso, porque fica perto de uma movimentada passagem de veículos, o que aumentaria os riscos de atropelamento do animais.
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