Olha, eu espero que entendam o motivo de estar publicando um artigo escrito por por um chef de cozinha. Ele fala algumas verdades que deveríamos encarar. A proteção animal insiste na proibição do consumo do foie gras sem saber distinguir o que é consumo e o que é produção. Não sabem nem quantos criadores existem no Brasil. Proibir a criação até pode a nível municipal e estadual, mas, consumir é atribuição federal na qual só os Ministérios da Agricultura e Saúde podem decidir. Para quem não sabe, temos, apenas, 3 produtores no país (legalizados e que eu descobri). Então, o que adianta fazer Petições se logo em seguida será considerado inconstitucional as tentativas de projetos do legislativo municipal para a proibição de produção e consumo deste produto? (Recife e Belo Horizonte) Gente, ver a proteção animal tão alienada me dá uma gastura danada e me satisfaz muito mais ver um cozinheiro botar o dedo na ferida e sua disposição até de mudar costumes.....
------------------------
Quando fui convidado para escrever um blog aqui no Gshow, me recomendaram começar com um texto sobre mim: quem sou, de onde venho, o que faço. Mas a verdade é que vou fazer um suspense e deixar vocês me conhecerem aos poucos. Vou começar falando de um assunto que me deixa indignado sempre que aparece: o foie gras.
Por que a polêmica do foie gras?
O foie gras é, basicamente, um patê de origem francesa, feito de fígado de ganso ou pato bem gordo. Patos e gansos passam por uma engorda natural
durante o inverno, armazenando gordura. Quando os egípcios descobriram isso, começaram a manipular a engorda dos animais para obterem o foie gras o ano todo. Esse processo, que já tem cinco mil anos, é conhecido como gavage e utilizado até hoje.
Como vocês podem imaginar, na época, a descoberta do processo não despertou a fúria de muitas pessoas - o respeito à vida dos animais não era lá uma grande preocupação daquele povo. Mas, hoje, o cenário é outro: temos mais conhecimento, mais informação e uma maior sensibilidade com relação à vida dos animais e, por isso, esse método de produção é polêmico no mundo todo (já foi proibido na Alemanha, Itália, Israel e Grã-Bretanha).
E é claro que, ao ficar sabendo do processo, ficamos sensibilizados. Não vou descrever tim tim por tim tim, mas é um fato: a vida dos patos e gansos que viram foie gras não é nada feliz, livre ou bela.
E o que o Tiago acha de tudo isso?
A polêmica já tem alguns anos em volta do mundo, mas chegou ao Brasil com a proibição da produção, venda e consumo no município de São Paulo, que aconteceu em junho do ano passado (mas a lei foi rapidamente suspendida, por ser considerada inconstitucional). Na época, dois dos meus restaurantes foram criticados por servir a iguaria francesa.
Como eu disse, eu tenho consciência: eu sei que a vida dos patos e gansos não é nada bela. Mas, como chef de cozinha, eu sei também que a vida das vacas não é nada bela, a dos bois não é nada bela, dos frangos, dos pintinhos, dos perus, dos peixes. Nem mesmo os vegetais estão livres de crueldade, sendo deformados e reformados com químicos e agrotóxicos para ganharem cores e formatos mais "bonitos"! Para se ter uma ideia, no processo de produção de carne de aves, os pintinhos machos são descartados em larga escala, já que não produzem ovos. A eliminação é feita por maceração ou sufocamento no primeiro dia de vida. Eles são jogados vivos - sem insensibilização - em máquinas trituradoras ou em sacos plásticos para que morram por sufocamento.
E eis que a nossa dieta é, em geral, constituída à base de ovos, aves, carne bovina e suína. E o foie gras, que se tornou o vilão da produção alimentícia? O consumo da iguaria no Brasil é ínfimo, restrito aos que têm alto poder aquisitivo e nada representativo no cenário sócio-econômico.
E a minha questão, então, é justamente essa: não é um pouco hipócrita proibir um item tão pouco representativo na nossa estrutura alimentar, sob o pretexto de uma preocupação ambiental? Será que isso não é um movimento que, na verdade, está mais preocupado com a imagem do governo e menos com os animais de fato? Ou será que são todos míopes e não veem os problemas mais relevantes?
Digo isso porque, na minha humilde opinião, se o pessoal que faz as leis realmente está preocupado com os animais, proibir o foie gras vai salvar algumas vidas, é claro, e elas são sim muito valiosas. Mas que tal fazer um projeto que reveja a cadeia de produção de carnes? Que tal criar incentivos que diminuam os preços dos alimentos orgânicos para que a população possa tomar decisões éticas que não esvaziem os cofres da família? Não adianta querer proibir o foie gras e achar que o dever está cumprido. Especialmente porque já sabemos como proibições funcionam: quem quer (e pode pagar) sempre acha uma saída. O caminho é rever os padrões, as técnicas de produção e baratear as opções orgânicas.
É como disse a Paola Carosella, do Arturito, no Twitter: "Você sabe se o peru do seu sanduichinho teve uma vida e um abatimento nobre? Vamos abolir o foie gras, ficar com a consciência tranquila, e seguir comendo franguinho que não sabemos como foi criado nem como foi abatido".
Se queremos tomar uma atitude de respeito à vida do animal, precisamos começar a discutir a indústria de alimentos como um todo. O vilão não é o foie gras.
Por que a polêmica do foie gras?
O foie gras é, basicamente, um patê de origem francesa, feito de fígado de ganso ou pato bem gordo. Patos e gansos passam por uma engorda natural
durante o inverno, armazenando gordura. Quando os egípcios descobriram isso, começaram a manipular a engorda dos animais para obterem o foie gras o ano todo. Esse processo, que já tem cinco mil anos, é conhecido como gavage e utilizado até hoje.
Como vocês podem imaginar, na época, a descoberta do processo não despertou a fúria de muitas pessoas - o respeito à vida dos animais não era lá uma grande preocupação daquele povo. Mas, hoje, o cenário é outro: temos mais conhecimento, mais informação e uma maior sensibilidade com relação à vida dos animais e, por isso, esse método de produção é polêmico no mundo todo (já foi proibido na Alemanha, Itália, Israel e Grã-Bretanha).
E é claro que, ao ficar sabendo do processo, ficamos sensibilizados. Não vou descrever tim tim por tim tim, mas é um fato: a vida dos patos e gansos que viram foie gras não é nada feliz, livre ou bela.
E o que o Tiago acha de tudo isso?
A polêmica já tem alguns anos em volta do mundo, mas chegou ao Brasil com a proibição da produção, venda e consumo no município de São Paulo, que aconteceu em junho do ano passado (mas a lei foi rapidamente suspendida, por ser considerada inconstitucional). Na época, dois dos meus restaurantes foram criticados por servir a iguaria francesa.
Como eu disse, eu tenho consciência: eu sei que a vida dos patos e gansos não é nada bela. Mas, como chef de cozinha, eu sei também que a vida das vacas não é nada bela, a dos bois não é nada bela, dos frangos, dos pintinhos, dos perus, dos peixes. Nem mesmo os vegetais estão livres de crueldade, sendo deformados e reformados com químicos e agrotóxicos para ganharem cores e formatos mais "bonitos"! Para se ter uma ideia, no processo de produção de carne de aves, os pintinhos machos são descartados em larga escala, já que não produzem ovos. A eliminação é feita por maceração ou sufocamento no primeiro dia de vida. Eles são jogados vivos - sem insensibilização - em máquinas trituradoras ou em sacos plásticos para que morram por sufocamento.
E eis que a nossa dieta é, em geral, constituída à base de ovos, aves, carne bovina e suína. E o foie gras, que se tornou o vilão da produção alimentícia? O consumo da iguaria no Brasil é ínfimo, restrito aos que têm alto poder aquisitivo e nada representativo no cenário sócio-econômico.
E a minha questão, então, é justamente essa: não é um pouco hipócrita proibir um item tão pouco representativo na nossa estrutura alimentar, sob o pretexto de uma preocupação ambiental? Será que isso não é um movimento que, na verdade, está mais preocupado com a imagem do governo e menos com os animais de fato? Ou será que são todos míopes e não veem os problemas mais relevantes?
Digo isso porque, na minha humilde opinião, se o pessoal que faz as leis realmente está preocupado com os animais, proibir o foie gras vai salvar algumas vidas, é claro, e elas são sim muito valiosas. Mas que tal fazer um projeto que reveja a cadeia de produção de carnes? Que tal criar incentivos que diminuam os preços dos alimentos orgânicos para que a população possa tomar decisões éticas que não esvaziem os cofres da família? Não adianta querer proibir o foie gras e achar que o dever está cumprido. Especialmente porque já sabemos como proibições funcionam: quem quer (e pode pagar) sempre acha uma saída. O caminho é rever os padrões, as técnicas de produção e baratear as opções orgânicas.
É como disse a Paola Carosella, do Arturito, no Twitter: "Você sabe se o peru do seu sanduichinho teve uma vida e um abatimento nobre? Vamos abolir o foie gras, ficar com a consciência tranquila, e seguir comendo franguinho que não sabemos como foi criado nem como foi abatido".
Se queremos tomar uma atitude de respeito à vida do animal, precisamos começar a discutir a indústria de alimentos como um todo. O vilão não é o foie gras.
critica mas não sai da sua vidinha boa explorando os animais, todos, eles, sabe bem o que eles passam mas a graninha que entra no bolso é mais importante né? porque não monta um restaurante vegano e sensibiliza as pessoas? hipócrita
ResponderExcluirFaz todo sentido. Temos que deixar de ser hipócritas!
ResponderExcluirAcredito que os animais só deixarão de ser explorados, quando não restar mais nenhum.
ResponderExcluirUma crueldade não justifica a outra , devemos dar um fim a todas elas! Além do mais o foie gras é nojento pois é um fígado doente e tomado por gordura , nem um pouco saudável .
ResponderExcluirNadja .
Marilene Caruso
ResponderExcluirO vilão é o homem. Assassinar os animais, torturar, provocar a dor, sofrimento desde o primeiro dia de vida até o seu assassinato - até quando isso será visto como uma coisa normal? Para impedir essa boçalidade não é preciso esperar nada. Basta parar de ser conivente com essa produção de crueldade deixando primeiramente de consumir derivados animais. Dizer que é preciso "começar a discutir a indústria de alimentos como um todo" para tomar uma atitude em relação à estupidez humana com que trata os outros seres é típico de quem não está nem um pouco preocupado com tudo o que disse, mas, antes, está a justificar a sua própria boçalidade que alimenta a sua ganância. Não vai abrir mão do lucro do seu restaurante que serve, sim, tanto quanto os demais, um prato feito com muita dor para satisfazer o paladar da burguesia. Mude de ramo e abra uma restaurante vegano se está assim tão preocupado com os outros animais. Faça algo de útil no mundo. O hipócrita é assim: tergiversa para enganar os outros. O que ele quer é continuar lucrando no seu restaurante para a elite que pode pagar essa nojenta iguaria que é sim originada de um sofrimento pavoroso. A única verdade nisso tudo é que de fato no Brasil " o consumo da iguaria é ínfimo, restrito aos que têm alto poder aquisitivo", pois é ínfima a parcela da população que pode pagar o preço desse produto de origem perversa. O hipócrita não quer abrir mão do seu lucro vendendo esse produto que representa muita crueldade, tanto quanto triturar os pintinhos. E isso é inquestionável seja o consumo ínfimo ou grande.O método é perverso. Triturar pintinhos é perverso. É tão cruel quanto dizer que "proibir um item (o foie gras)tão pouco representativo na nossa estrutura alimentar, sob o pretexto de uma preocupação ambiental". Não se trata de preocupação ambiental, para início de conversa. Trata-se de compaixão. Só há uma saída: deixar de ser cúmplice e de ser hipócrita.