29/04/2014

Congresso no RS e Dia Mundial do Animal de Laboratório em PT

Estou publicando duas matérias que nos oferece bastante informações sobre a quantas andam as questões sobre a experimentação animal no Brasil e Portugal. Vale a pena ficar a par.
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Fepagro participa de Congresso sobre ciências em animais de laboratório
Integrantes da Comissão de Ética no Uso de Animais da Fepagro participaram do evento - Foto: Solange Brum/Fepagro

Integrantes da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Fepagro Saúde Animal participaram do 13º Congresso Brasileiro e 2º Encontro Latino-americano de Ciências em Animais de Laboratório, realizado na PUC-RS de 14 a 16 de abril. O tema do evento foi “Integração, Legislação e Conhecimento”.

O Congresso reuniu 350 participantes do Brasil e de países da América Latina, que trocaram
experiências sobre a formação de uma política das ciências em animais de laboratório. “Muitos países têm leis bem antigas sobre o uso de animais em experimentos, mas a nossa é muito recente. Estamos engatinhando ainda”, conta a pesquisadora Luisa Braga, presidente da comissão organizadora.

O debate sobre a ética no uso científico de animais permeou todo o evento. “É irreversível o pensamento e o exercício da pesquisa em relação às questões de bem-estar animal, o seu uso e necessidade”, frisa o presidente da CEUA da Fepagro Saúde Animal, Fernando Karam.

De acordo com o pesquisador Lucas Brunelli de Moraes, o evento proporcionou o compartilhamento de informações e dificuldades enfrentadas pelas Comissões de Ética de várias instituições. “Observei que existe um movimento muito importante para a regulamentação dos biotérios, para a formação de profissionais capacitados na área específica e  para a adequação de diversas instituições para assegurarem o bem-estar dos animais”,comenta.

Já a gerente de Garantia da Qualidade da Fepagro Saúde Animal, Alexandra Medeiros da Silveira, considerou que as palestras e discussões realizadas durante o Congresso foram bastante proveitosas, destacando as apresentações de países como Canadá, Estados Unidos, Colômbia e Inglaterra. “Devemos estar atentos à legislação e as obrigações éticas quanto ao uso de animais de forma racional e comprometida com o seu bem-estar nas pesquisas desenvolvidas por nossa instituição”, avalia.

Durante o Congresso, foi realizado o Fórum das Comissões de Ética no Uso de Animais do Brasil, possibilitando o diálogo entre diferentes instituições que têm passado pela implantação de suas CEUAs. “Observamos que todo esse processo e o seu reconhecimento pelos próprios colegas aconteceram em situações muito parecidas. A Comissão exerce um papel educativo, de orientação e de parceria com o pesquisador e sua instituição”, explica Karam.

Fonte: FEPAGRO

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Ciência: "Acabar com os testes em animais era o sonho de qualquer cientista"

Por Diogo Azeredo e Rita Gordo - jpn@c2com.up.pt 
Publicado: 24.04.2014 | 10:07 (GMT)
Marcadores: Ciência , Mundo
Já há sistemas artificiais de teste que usam, inclusive, "mini" órgãos humanos. Representam um grande passo para a ciência mas não significam o fim da experimentação animal. No Dia Mundial do Animal de Laboratório, o JPN foi conhecer a realidade dos laboratórios portugueses.

No Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), no Porto, os manuais da faculdade são trocados pelas luvas e batas. A aposta está no desenvolvimento de modelos in vitro que simulam o comportamento do corpo humano. O objetivo? Criar alternativas aos testes com animais que permitam avaliar a reação a novos fármacos e experimentar diferentes terapias.

"Está um bocado no início", explica Joana Costa. A aluna do Mestrado em Bioengenharia chegou há pouco tempo para se juntar à equipa que trabalha com o modelo celular do intestino. Sara Carneiro também é nova no laboratório. Longe de ter a tese concluída, começa a escrever umas páginas na história da biomedicina.

João Coentro e Tiago Santos são os outros dois pupilos que dão voltas à cabeça para melhorar o modelo tridimensional do estômago. Tiago é pós-doutorado no INEB e aponta como principais desafios a "falta de dinheiro para a ciência e a "complexidade do modelo comparativamente a outros algo semelhantes que já se fazem". Dificuldades que não deixam de tornar o estudo mais "aliciante", segundos os dois jovens.

Portugueses não são atores principais mas já ensaiam há algum tempo

"Uma indústria pequenina" onde já há trabalhos semelhantes ao que o projeto Athena (ver caixa), do Los Amos Laboratory, propõe. "Estamos a dar os primeiros passos no sentido de desenvolver este tipo de sistemas. O que este estudo [o Athena] tem de muito inovador é que prevê que através de uma espécie de sistema vascular artificial seja possível interligar vários órgãos criados em laboratório. Esta é a grande novidade e é fantástico", afirma Pedro Granja, coordenador dos jovens cientistas e investigador do INEB.

Catarina Brito é investigadora no Instituto de Biologia Experimental Tecnológica (iBET), em Lisboa, e lamenta que só se dê destaque ao que é feito lá fora. "Parece que é o único esforço, mas nestes últimos anos têm havido muitos esforços neste sentido. Nos outros o que se está a fazer é uma miniaturização ainda maior. Não é um órgão completo como me parece que vai ser feito, mas unidades mais pequenas".

No INEB, os ensaios científicos no intestino começaram há cinco anos. Dois anos depois, o estômago foi escolhido para mais um teste de construção artificial através de células humanas. Mais a sul, no iBET, já há 20 anos que se desenvolvem modelos neurais. Para além destes, hoje são também criados em laboratório modelos hepáticos, cardíacos, modelos de cancro do pulmão e da mama.

Programas, no entanto, com uma dimensão muito diferente do que se faz nos Estados Unidos. Os orçamentos são mais pequenos, mas, ainda assim, os investigadores concentram grandes esforços para aperfeiçoar estes modelos de órgãos em miniatura.

"Há países em que há milhões e milhões para a investigação"

Para imitar o estômago humano o INEB dispõe de 200 mil euros. Um valor que contrastaOuvir com os 14 milhões de euros que vão financiar a construção de um fígado, um rim, um pulmão e um coração lá fora - que de artificiais devem ter pouco. Isto porque é importante que este sistema alternativo com marca norte-americana "produza uma resposta mais próxima daquela que seria expectável" num organismo real, explica Pedro.

Todos os anos a indústria farmacêutica gasta muitos milhões de euros para criar novos medicamentos. Os testes e ensaios apresentam resultados no médio/longo prazo mas as faturas a pagar chegam bem mais cedo.

Os avanços na construção de sistemas alternativos podem reduzir a experimentação animal, permitindo "desenvolver muito mais rapidamente substâncias que possam ser úteis para melhorar a nossa saúde e, claro, a um custo muito mais baixo que é bom para todos", esclarece o investigador.

"Ninguém pode fazer ensaios em animais como bem lhe apetece"
Os animais já não são tantas vezes submetidos a testes mas estes continuam a ser obrigatórios. "Não se pode testar em humanos sem primeiro testar em animais", afirma Pedro Granja. O que acontece é que só se recorre à experimentação animal "depois de os fármacos e compostos serem testados em células".

O mesmo não se passa em relação aos cosméticos. "Tem a ver com o objetivo. Se estivermos a falar de medicamentos em que tem que se estudar muito bem a absorção pelo organismo, temos sempre de ter um organismo completo a lidar com o fármaco primeiro", considera Catarina Brito, investigadora do iBET.

A maioria dos estudos já envolve sistemas celulares, mas o caminho para impedir que os animais continuem a ser cobaias ainda é longo e vai ser preciso aproximar muito os modelos artificiais do ser humano.

"Acabar com os testes em animais era o sonho de qualquer cientista porque ninguém gosta de fazer experimentação animal. Conseguimos algumas pistas mas há situações em que esta passagem para os humanos é impossível", confessa Pedro Granja.

Quantos aos riscos dos testes, garante que são muito mais controlados e explica que o processo passa por várias etapas. "Ninguém pode fazer ensaios em animais como bem lhe apetece. É preciso pedir autorizações a uma comissão de ética local, da universidade e nacional".

A regulamentação exige ainda que o animal esteja em boas condições de saúde e que não seja exposto a sofrimento. Pedro Granja e Catarina Brito asseguram que há sempre anestesia e que quando a incerteza é grande, "não se pode avançar". Ainda assim, a investigadora considera que o sofrimento é relativo. "Os animais estão em laboratório, estão em jaula. Depende da definição do que é um animal em sofrimento. Ter um animal num pequeno apartamento também é um sofrimento", remata.

Fonte: Jornalismo Ponto Net

2 comentários:

  1. As coisas parecem ter avançado com relativo grau de eficiência nos últimos anos. Foi graças aos orgãos que falam/ gritam em nome daqueles que não têm voz. Gostei da forma como esses pesquisadores colocam a questão e como falam sobre os animaizinhos, demonstrando muito maior cuidado do que a maioria dos nossos "cientistas".

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  2. A maioria dos cientistas pensa em quanto vão embolsar, por isso, não respeitam os animais e tratam-nos como vimos aqui no Instituto Royal. Felizmente, existem mentes que pensam em nossos animais e fazem o que podem para poupá-los de tanta barbárie. Que esse projeto prospere e salve nossos pequenos.

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