Com a procura cada vez maior por bichos como cobras para animais de estimação, já há clínicas veterinárias especializadas e até mercado de ratos congelados para alimentar jiboias mantidas como pets.
Uma determinação do Ibama, que poderá ser publicada ainda no fim deste ano, deverá reduzir em até 85% o número de animais silvestres que têm a comercialização permitida no Brasil. A lista pet, como é
chamada entre criadores e especialistas, poderá proibir, por exemplo, a criação de répteis e anfíbios como animais de estimação, o que vem causando polêmica entre especialistas.
Para o mestre em Gestão da Flora e da Fauna pela Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, Luiz Amaral, a medida fere a constituição brasileira:
- Há um decreto de 2002 e um artifo de lei de 1967 sobre o assunto, que preveem os criadouros legais.
Além disso, com a publicação da lista, muitos criadouros, hoje regulares, poderão ser obrigados a fechar as portas. É o caso do Jiboias Brasil, um dos três cativeiros autorizados para a procriação de cobras brasileiras. O responsável pela empresa explica que, mesmo agora, com a comercialização dos animais permitida, há anos já não são emitidas autorizações para esse tipo de negócio. Tiago de Oliveira Lima, que no ano passado vendeu cerca de cem animais, prevê o dobro da produção para 2014, mas não crê que vá atender à demanda:
- A produção é muito menor do que a demanda. Hoje, o que você produzir tem venda garantida.
Hoje, quem deseja adquirir um animal silvestre como bicho de estimação, deve procurar um criadouro certificado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Além disso, a coordenadora de fauna do Ibama, Maria Isabel Gomes, orienta que os compradores exijam a documentação de origem do pet:
- Tem vários estabelecimentos no país autorizados pelos órgãos ambientais competentes. Por exemplo, nos criadouros de jiboias, há uma marcação para comprovar a origem do bicho.
Foi o que fez o gerente de Tecnologia da Informação Fernando Braidotti para atender a um desejo do filho, que, aos 7 anos, quis uma cobra de estimação.
- Ele assistiu a um programa de TV e ficou maravilhado. Eu comprei de um criadouro no Pará, que despachou o bicho de avião.
Hoje, ele divide a atenção entre a jiboia Kratos e as corujas Athos e Aramis. As aves recebem doses limitadas de comida para manter o peso e se exercitam no parque Villa-Lobos todos os fins de semana.
Já o empresário Sergio Petito se apegou tanto aos bichos que mudou a mobília da sala para alojar as dezesseis cobras de estimação, sem falar dos ratos, criados na varanda do apartamento para alimentá-las. Além dos móveis, Petito mudou de profissão e hoje é sócio da Voz Ativa, empresa especializada em educação ambiental, para compartilhar informações sobre a criação de animais silvestres.
- A exoticidade dos bichos traz curiosidade. É um animal tão diferente, que todo mundo acha que é um animal bravo, mas ele é tranquilo, diz o criador.
A criação de animais silvestres como pets cresceu tanto nos últimos anos que alguns veterinários já investem em clínicas especializadas em bichos incomuns. Sócio da Exotic Pets, na zona Sul de São Paulo, Alessandro Bijjeni diz que a procura pelo serviço tem aumentado a cada dia:
- O mercado já vem mudando há alguns anos. Hoje, muita gente tem dificuldade de ter um cão em casa, porque, por exemplo, ele late quando fica sozinho. Nesse sentido, os animais silvestres são mais fáceis.
Ele ressalta que a maioria dos pacientes atendidos hoje tem comprovação de origem, mas que já medicou até um jacaré de estimação:
- Ele tinha entre 2,30 e 2,40 metros e era um animal de estimação.
Embora o caso exista, é importante lembrar que hoje não é permitido manter um jacaré como bicho de estimação. Para o empresário Sérgio Petito, que considera a legislação brasileira atrasada no que diz respeito aos animais, a burocracia e a lentidão nos processos chegam a incentivar a prática criminosa. De acordo com ele, após todo o processo regular, o preço do animal fica muito alto. Uma jiboia legalizada, por exemplo, chega a custar R$ 3 mil.
- O animal ilegal tem um preço baixo e uma facilidade grande de aquisição. Já um criadouro oficial tem um gasto. Por exemplo, um tratamento mínimo de uma pneumonia numa serpente para pneumonia custa R$ 300. Tem gente que diz que com este valor pode comprar outra.
A pena para quem for flagrado com um animal silvestre sem o comprovante de origem varia de seis meses a um ano de prisão, além de multa que pode chegar a até cinco mil reais por animal, caso esteja na lista de espécies em extinção do Ibama.
Confira a galeria de fotos.
Fonte: CBN
Animal silvestre não é pet. Eles devem viver livres na natureza e quem disser o contrário, alegando "amor", não ama nem a si mesmo.
ResponderExcluirPara mim, lugar de animal silvestre é no habitat. Fora disso, apenas em centros de recuperação e/ou reintrodução na natureza.
ResponderExcluirSilvan
Demorô!!!
ResponderExcluirMas esse Ibama é uma esculhambação mesmo!!! Juntaram um monte de políticos que não foram eleitos, mais um monte de cabos eleitorais pós-campanha e colocaram lá. Só pode ser isso!!! Nem eles não se entendem. Uma hora é uma coisa, na outra hora é outra coisa. Por isso, é essa GANDAIA neste país, Ninguém respeita lei nenhuma, nem as nossas "autoridades". Na minha cidade, que é bem pequena, tem somente um comércio pet que vende animais, tipo coelhos, pássaros e outros animais que vivem em gaiolas e no momento não me lembro o nome (coitados!). É uma tristeza vê-los nas gaiolas, na rua, pegando frio, vento, pessoas achando "bonitinho" e tentam pegá-los pela tela, etc. Os coitados vivem apavorados. Mas os donos têm "licença". Se houver uma lei, essa pouca vergonha vai terminar. Não adianta, só com leis federais vamos conseguir alguma coisa mais significativa em termos de proteção e defesa dos animais. Por enquanto uma portaria, no futuro uma lei, com certeza.
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