Uma matança silenciosa prossegue no Limpopo, na fronteira entre Moçambique e a África do Sul, em resultado da caça furtiva ao rinoceronte: centenas de moçambicanos terão sido mortos pelos guardas sul-africanos e o animal está quase extinto.
Depois ter enterrado o seu irmão, morto no parque Kruger, emboscado pelos 'rangers' sul-africanos,
Lucas Carlos não encontra palavras para descrever o que aconteceu.
Lucas Carlos não encontra palavras para descrever o que aconteceu.
«Recebi a informação de que foi baleado e tentei procurar como é que podia ir lá», buscar o cadáver, «porque diziam que iam deitar o corpo fora», disse, a custo, garantindo desconhecer que o seu irmão se dedicava à caça furtiva.
«Não sabia, ele nunca falou nisso», afiança Carlos, um moçambicano desempregado, com 23 anos, que vive em Magude, um distrito no sul de Moçambique de fronteira com a vedação do Parque Kruger e conhecido ponto de encontro dos caçadores furtivos que estão a extinguir o rinoceronte.
Depois de terem praticamente morto a espécie no moçambicano Parque Nacional do Limpopo (PNL), os caçadores passaram para o vizinho Kruger e os seus efeitos fizeram disparar os alertas na África do Sul, que criou uma força especial para pôr por cobro à «invasão», com o lema: «Disparar para matar».
Segundo uma contagem feita pelo diário O País, de Maputo, nos últimos três anos terão sido mortos 300 moçambicanos pelos guardas do Kruger, números que não foram contestados pelas diversas fontes contactadas pela Lusa.
«São os jovens que estão a morrer», diz a administradora do distrito, Cristina de Jesus, que fala em «15 mortos e vários presos», de Magude, ocorridos no Kruger entre janeiro e julho deste ano. «O mandante paga 300 mil meticais (cerca de 8 mil euros) e ele não vai lá. Se fosse bom, ele ia, mas os mandantes nunca aparecem», queixa-se Cristina de Jesus.
A situação arrefeceu as relações entre os dois países, governados por partidos "irmãos", Frelimo, em Moçambique, ANC, na África do Sul, com Pretória a acusar Maputo de «nada fazer» para deter a caça furtiva, e o governo moçambicano a protestar contra a «extrema violência» com que são tratados os seus cidadãos.
Os sul-africanos «têm a perceção de que não estamos à altura, em termos de controlo», reconhece António Abacar, o diretor do PNL.
Naquele espaço, que, com o Kruger e o Gonarezhou, no Zimbabué, constitui o gigantesco Parque Transfronteiriço do Limpopo, ainda residem populações, o que facilita a caça furtiva, reconhece Abacar.
«É difícil controlar quem o faz o quê, ao nível das comunidades dentro do parque e suspeitamos que os maiores focos da caça furtiva provêm dessas comunidades», diz.
Em Mavoze, uma das aldeias do PNL, perante um rigoroso manto de silêncio, são visíveis sinais da caça furtiva: automóveis, motas e antenas parabólicas. «Aqui moram mais de mil pessoas, mas só quatro ou cinco têm emprego», diz um residente, falando sob anonimato.
Os caçadores furtivos «andam por aí», diz o sul-africano Fritz Jacobs, gerente do único acampamento privado do PNL. «Se por acaso os encontrarmos, afastamo-nos», acrescenta.
A ausência de legislação que criminalize a caça furtiva agrava o fenómeno que é estimulado pela corrupção e pela fraca fiscalização.
A imprensa de Moçambique tem referido nomes de agentes da polícia e da Guarda Fronteira mortos ou presos pelos sul-africanos em plena caça furtiva - outros, alugam as armas pesadas com capacidade para abater um rinoceronte.
O negócio é altamente lucrativo e o medo instala-se. A administradora de Magude recebe frequentes ameaças no telemóvel e o padre mexicano Jesus Macias, da Missão de São Jerónimo, admite que a caça furtiva é tema na «palavra da Igreja, mas sem se mencionar essas palavras».
Com uma recompensa no horizonte de 10 a 20 mil euros, os caçadores formam equipas de três homens - um, para abater; outro, para desmanchar o animal; e o terceiro para carregar os mantimentos - e percorrem, enormes distâncias, caminhando pelo interior do mato e evitando as estradas de terra batida e os raros acampamentos.
Se escaparem com vida ficam ricos, a troco de um corno que passa, clandestino, de mão em mão até chegar aos lucrativos mercados da China ou do Vietname, que o consideram um forte estimulante sexual.
Fonte: Lusa
A situação arrefeceu as relações entre os dois países, governados por partidos "irmãos", Frelimo, em Moçambique, ANC, na África do Sul, com Pretória a acusar Maputo de «nada fazer» para deter a caça furtiva, e o governo moçambicano a protestar contra a «extrema violência» com que são tratados os seus cidadãos.
Os sul-africanos «têm a perceção de que não estamos à altura, em termos de controlo», reconhece António Abacar, o diretor do PNL.
Naquele espaço, que, com o Kruger e o Gonarezhou, no Zimbabué, constitui o gigantesco Parque Transfronteiriço do Limpopo, ainda residem populações, o que facilita a caça furtiva, reconhece Abacar.
«É difícil controlar quem o faz o quê, ao nível das comunidades dentro do parque e suspeitamos que os maiores focos da caça furtiva provêm dessas comunidades», diz.
Em Mavoze, uma das aldeias do PNL, perante um rigoroso manto de silêncio, são visíveis sinais da caça furtiva: automóveis, motas e antenas parabólicas. «Aqui moram mais de mil pessoas, mas só quatro ou cinco têm emprego», diz um residente, falando sob anonimato.
Os caçadores furtivos «andam por aí», diz o sul-africano Fritz Jacobs, gerente do único acampamento privado do PNL. «Se por acaso os encontrarmos, afastamo-nos», acrescenta.
A ausência de legislação que criminalize a caça furtiva agrava o fenómeno que é estimulado pela corrupção e pela fraca fiscalização.
A imprensa de Moçambique tem referido nomes de agentes da polícia e da Guarda Fronteira mortos ou presos pelos sul-africanos em plena caça furtiva - outros, alugam as armas pesadas com capacidade para abater um rinoceronte.
O negócio é altamente lucrativo e o medo instala-se. A administradora de Magude recebe frequentes ameaças no telemóvel e o padre mexicano Jesus Macias, da Missão de São Jerónimo, admite que a caça furtiva é tema na «palavra da Igreja, mas sem se mencionar essas palavras».
Com uma recompensa no horizonte de 10 a 20 mil euros, os caçadores formam equipas de três homens - um, para abater; outro, para desmanchar o animal; e o terceiro para carregar os mantimentos - e percorrem, enormes distâncias, caminhando pelo interior do mato e evitando as estradas de terra batida e os raros acampamentos.
Se escaparem com vida ficam ricos, a troco de um corno que passa, clandestino, de mão em mão até chegar aos lucrativos mercados da China ou do Vietname, que o consideram um forte estimulante sexual.
Fonte: Lusa
Gostei da parte "mata homens"...
ResponderExcluirDininha
KKKKKKKKKKKKK, eu também. Pena que matem animais irracionais também.
ExcluirSerá que chineses e vietcongues não conhecem o Viagra? Por que aquele bando de brochas não deixam os animais em paz?
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