01/08/2017

Protetores entram até na Justiça para acompanhar vida de animais adotados

Não acho que isto seja burocracia. Isto é zelo pelos animais. É muito difícil para uma protetora recolher um animal, recuperá-lo e colocá-lo para adoção. Há um grande envolvimento e o mínimo que ela espera é que o animal seja bem tratado. Quando eu trabalhava com adoções (há milênios atrás), eu só doava para pessoas que moravam numa área ao redor da minha casa. Daí tinha controle total. Para arranjar adoção, eu recuperava o bicho e saia com ele todo bonitão e batia de porta em porta de casas de ruas ao meu redor. Como sempre trabalhei fora, tinha que ser assim, pois, rapidinho corria para vê-los sempre. Depois que tinha confiança, daí parava de ir ao local e só ligava de vez em quando.
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Está cada vez mais burocrático o processo de adoção de cães e gatos; protetores dizem que muitos voltam a ser maltratados

O processo de adoção de animais resgatado está cada vez mais difícil e burocrático. Na hora de entregar o bichinho, tem até contrato prevendo a devolução do animal caso não sejam cumpridas uma série de exigências e compromissos. O motivo? Muitos dos animais tirados das ruas acabam voltando para uma situação de abandono, doenças e até morte, por conta da negligência dos novos "donos".

A bióloga e protetora Marluce da Costa, 25 anos, chegou a recorrer à Justiça para ter o direito de acompanhar a vida da gatinha Gracinha, resgatada por ela e doada para outro tutor, há cerca de dois meses. "Eu sempre faço um termo assinado em que a pessoa fica obrigada a me dar notícias. Não precisa ser todo dia, mas de vez em quando", explica. "Na primeira vez, o dono me recebeu na casa dele, eu vi que estava tudo certinho. Depois, ele começou a se recusar".

Greice com um dos animais que resgatou. (Foto: Acervo Pessoal)
Marluce procurou a Defensoria Pública e, numa audiência conciliatória, foi acordado que o atual tutor de Gracinha tinha que receber Marluce ao menos uma vez por mês, para ela ver as condições da gatinha. Mas, neste mês, a protetora já não conseguiu contato e promete entrar na Justiça para resolver a questão judicialmente.

Parece exagero, mas a revisora de textos e protetora Greice Maciel, de 32 anos, diz que já cansou de passar por situações em que os animais voltam a sofrer maus-tratos e precisam ser salvos novamente. "Já aconteceu muitos casos de eu ter que tomar o animal de volta porque a pessoa não cumpriu o contrato. A gente tem tanto trabalho para recuperar esses animais, temos gastos, fazemos sacríficos. É como se fossem meus, o amor que desenvolvo", analisa.

Em um dos casos recentes, a cadela Meg Luísa foi tirada das ruas, muito magra e debilitada. Depois de intenso tratamento, ganhou um novo lar. A nova dona sempre dava notícias para Greice, até que começou a evitar contato. Desconfiada, a protetora foi até o local e encontrou Meg Luísa magra novamente, com cegueira num olho e infecção no útero. "A dona simplesmente abandonou o tratamento que a Meg tinha que fazer".


Essa é a Meg Luísa, a cadela que foi adotada e sofreu maus tratos de novo.
Na foto, ela está com os novos donos, que prometem cuidar bem.
Greice tomou o animal de volta e, com a ajuda de outros protetores, ela foi tratada novamente. Recuperada, ganhou novamente um novo lar, em Três Lagoas. Dessa vez, Greice acha que vai dar tudo certo.

No contrato que ela criou para adoção de animais, existem várias obrigações, como não negligenciar o tratamento veterinário, dar todas as vacinas, ter quintal aberto, portão fechado, colocar plaquinha de identificação na coleira, se preciso castrar o bichinho, entre outros. "Eu sempre faço uma entrevista, procuro saber porque a pessoa quer adotar um animal".

A protetora e jornalista Michelle Rossi já sofreu muito por conta de animais que morreram logo após a adoção. "Mesmo assinando contrato, depois da adoção muita gente fecha as portas pra gente, e depois os animais morrem. É muito doloroso você resgatar um animal, devolver a vida a ele, e de repente ele morre, por negligência", aponta. "Eu considero vital acompanhar de perto, pelo menos nos primeiros momentos", avalia.

"Muita gente não entende todas as responsabilidade que envolvem cuidar de um animal", finaliza Greice, disposta a fazer de tudo para garantir uma vida digna para os animais, nem que pra isso seja necessário resolver a questão judicialmente.

Fonte: Campo Grande News

4 comentários:

  1. Eu super concordo com a reportagem.
    O começo é sempre bonito e gostoso, mas a tendencia é se apaixonar
    e querer cada vez mais e não simplesmente largar ou abandonar novamente.
    Eu faria a mesma coisa.
    Quem ama cuida em qualquer situação, não existe desculpa
    O custo beneficio de tudo isso é muito amor e alegria para o resto do vida.

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  2. Concordo plenamente com o acompanhamento pós adoção. Já houve caso em que eu peguei uma gatinha de volta porque estava sendo maltratada. Outro de um cãozinho que a família doou uma segunda família, e não queria conversar com o novo dono para que ele assinasse um novo termo de adoção com a gente. Eu disse que não tinha feito nenhum contrato com o segundo dono, já que o termo de adoção foi assinado por ele e no contrato constava que não podia doar para terceiros. Ameacei inclusive a chamar a polícia, caso ele não me levasse lá onde o animal se encontrava, para eu avaliar se o mesmo tinha condições de ficar com ele. Mas ele me levou e ficou tudo acertado, graças à Deus.

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  3. Concordo em ter direito de acompanhar como estão adotado e adotante. Anos atrás quando estava na ativa tive uma surpresa triste e que gerou muita briga. Fui pedir notícias do cãozinho e tive como resposta que não estava mais lá pois latia e incomodava o marido. Não sabia que cão late? Tentei em vão descobrir para onde tinha ido. Depois de muita discussão recebi como resposta:Não era emprestado. Era meu então faço o que quiser.Sofri, pois só pude imaginar o pior. Abandonaram em qualquer lugar.

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  4. Esse é um dos motivos em que pessoas acumulam animais, pois depois de tanta dedicação, amor e cuidados é difícil se desfazer do amiguinho e pior ainda é depois saber que ele está sendo maltratado, que morreu ou que sumiu.

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