Fonte: Jornal O Globo
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Determinação da superintendência do órgão em Minas foi descumprida 4 meses antes do acidente
Área da barragem de Germano, a maior da mineradora Samarco: Ibama chegou a determinar embargo de Fundão, que anularia licenças ambientais - Márcia Foletto / Agência O Globo
BRASÍLIA - Cerca de quatro meses antes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), o Ibama determinou o embargo do empreendimento e tornou inválido um documento que
permitiu a construção da barragem, como demonstram novos documentos obtidos pelo GLOBO. A informação foi confirmada nesta quinta-feira pela direção do Ibama, em Brasília, e por fontes do órgão federal em Minas Gerais.
permitiu a construção da barragem, como demonstram novos documentos obtidos pelo GLOBO. A informação foi confirmada nesta quinta-feira pela direção do Ibama, em Brasília, e por fontes do órgão federal em Minas Gerais.
A invalidação da chamada anuência, a cargo do Ibama, poderia levar à anulação das licenças de instalação e de funcionamento do empreendimento, que foram concedidas por órgãos ambientais do governo mineiro.
O GLOBO revelou no último dia 20 que a mineradora Samarco - que pertence à Vale e à BHP Billiton - desrespeitou duas exigências na construção da barragem em Mariana e acabou multada em 2010 (em R$ 20 mil), e em 2011 (em R$ 120 mil). A empresa deixou de reflorestar uma área de 263 hectares de Mata Atlântica e desmatou além do permitido pelo Ibama. O órgão federal foi responsável por dar anuência para o desmatamento, conjugada às licenças de instalação e operação da barragem.
Um analista ambiental e uma procuradora federal chegaram a pedir, em maio de 2014, a invalidação da anuência e o consequente embargo do empreendimento, como informou O GLOBO. Os novos documentos mostram que o Ibama em Minas Gerais chegou a determinar a "invalidação da anuência nº 060/2006 e embargo do empreendimento", em decisão administrativa de primeira instância, em 9 de julho deste ano.
A autoridade responsável por avaliar autos de infração seguiu os pareceres da área técnica do Ibama e da Procuradoria Federal Especializada, que atua junto ao Ibama em Minas. "Assegurados o contraditório e a ampla defesa, autoria e materialidade restaram devidamente configuradas, conforme auto de infração e relatório de fiscalização. O enquadramento legal e a dosimetria foram adequadamente tratados nos referidos instrumentos, à luz da conduta praticada", cita a autoridade julgadora na decisão em relação à multa de R$ 20 mil, que originou o pedido de embargo.
A burocracia impediu que o embargo da barragem e a invalidação da anuência fossem efetivados. Para isso ter ocorrido, a Samarco deveria ter sido notificada antes, com possibilidade de recorrer ao superintendente do Ibama em Minas contra a decisão da autoridade julgadora. A multa foi enviada para cobrança somente em 29 de setembro último. O processo registra uma última movimentação em 28 de outubro. Não há registro de pagamento no processo. O andamento dos autos no site do Ibama diz que o débito está "quitado".
A barragem rompeu-se no último dia 5. Um mar de lama com rejeitos de exploração do minério de ferro destruiu o distrito de Bento Rodrigues, matou moradores, deixou milhares de pessoas sem água limpa, contaminou o Rio Doce em Minas e Espírito Santo e chegou ao oceano.
A anuência para a Samarco desmatar quase 300 hectares de Mata Atlântica - o equivalente a quase 300 campos de futebol - foi concedida em 2006 e renovada pelo Ibama em 2011. Fontes do órgão federal entendem que a invalidação dessa autorização teria reflexo direto nas licenças concedidas pelos órgãos ambientais de Minas. "Vícios" nessa anuência, com descumprimento de condicionantes ambientais, prejudicariam as licenças.
Quando a decisão de multar e propor o embargo do empreendimento foi tomada, praticamente toda a área já havia sido desmatada. A barragem foi ampliada.
O Ibama em Minas não se pronuncia a respeito. Numa nota enviada ao GLOBO semana passada, o superintendente local, Marco Túlio Simões Coelho, disse que "o embargo apontado em um dos autos de infração emitidos pelo Ibama só teria efeito para a área em que ocorreu a supressão de vegetação". Todos os documentos referentes à anuência apontam que quase 300 hectares foram desmatados para a construção da barragem. "O eventual embargo das atividades da mineradora só poderia ter ocorrido caso o órgão licenciador tivesse identificado alguma irregularidade no empreendimento", completa a nota.
Que informação valiosa e esclarecedora !!!!!
ResponderExcluirEssa matéria do Globo , pelo que eu saiba nunca foi divulgada. O "silêncio " e inércia governamental só pode ser entendido pela população , quando a lama dos bastidores vierem a tona.. Seu blog é lido por pessoas de todas as regiões do pais e portanto por favor, vá postando as matérias desse jornal do Rio de Janeiro o qual parece ser mais revelador.
Obrigada e um abraço.
Onde se entrelaçam dinheiro X politicagem X lucro a todo e qualquer custo X vidas tratadas como nada, pode contar que o correto, o assertivo e o exigido pelo bom senso se perdem.
ResponderExcluirTodos estão contaminados e acredito que a vida daquelas pessoas não será muito longa. Quanto ao meio ambiente, cientistas acreditam que será necessário um século e meio para que a natureza local se recupere, pois até a atmosfera foi prejudicada. Veja em: “O biólogo da Estação Biologia Marinha Ruschi, André Ruschi, explica como o rompimento de barragens na cidade de Mariana (MG) pode afetar o mundo” https://youtu.be/YRjgza23-dA.
ResponderExcluir... O ser humano é realmente um parasita da terra.
Gandhi “Existem recursos suficientes neste planeta para atender às necessidades de todos, mas não o bastante para satisfazer o desejo de posse de cada um. ”
ResponderExcluir"As florestas precedem os homens, os desertos os sucedem." - Jean Jacques Cousteau
Estas são verdades ditas há tanto tempo, mas que se são tão reais e presentes nos dias de hoje. A política foi apresentada ao povo, para o bem do povo; mas infelizmente isso também se perdeu no tempo. Agora o que vemos são os interesses imediatistas e individuais da maioria dos que foram eleitos. As próximas eleições pedem mudanças urgentes, ou pouco restará do planeta para ser usufruído.