03/07/2014

Transferência dos gatos da Prefeitura do Rio será feita durante jogo da Copa

O bicho tá pegando!!!!! Mas, daqui vou  dar um depoimento: o Secretário de Proteção Animal está cumprindo ordens, pois, é o Prefeito que assim decidiu por pressão de outras secretarias. O que estou achando totalmente errado é a transferência ser feita em dia de jogo de futebol..... Vejam a matéria feita pelo Sidney Resende e a Cronica da Cora Ronai no Jornal O Globo. Vai ter manifestação hoje na porta da prefeitura. Confira no banner:



1 - Mais de 150 gatos abandonados serão despejados e levados para colônias superlotadas

A Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais do RJ (SEPDA) e o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vão despejar, nesta sexta-feira, mais de 150 gatos que vivem nos arredores do prédio onde funciona
o Centro de Administração São Sebastião (CASS), o centro administrativo da prefeitura.


Os animais serão levados para o Gatil São Francisco de Assis e, talvez, para a Fazenda Modelo, locais que já estão superlotados por conta da quantidade de animais abandonados pela cidade.

A Associação Nacional de Implementação dos Direitos dos Animais (ANIDA) mostrou preocupação pelo fato de que a retirada será feita em dia de jogo do Brasil na Copa, e os animais podem não receber a assistência necessária. Além disso, alegam que a remoção é inútil, já que, em pouco tempo, outros gatos estarão no local novamente.

A colônia do CASS foi criada há mais de 15 anos devido ao grande número de gatos abandonados. No local, os gatos são alimentados com ração premium, castrados e tratados em clínicas veterinárias, em casos de doença. As despesas são pagas por voluntários.

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2 - CRÔNICA DE VÁRIAS MORTES ANUNCIADAS

E, mais uma vez, os gatinhos do CASS (Centro de Administração São Sebastião), o centro administrativo da prefeitura, estão ameaçados. As protetoras locais foram informadas de que os cerca de 150 bichinhos serão transferidos amanhã, dia de jogo do Brasil, quando o mundo inteiro estará de olho na televisão -- momento ideal, portanto, para levar a cabo este ato covarde e arbitrário. A própria legalidade da remoção é questionável, já que os gatos do CASS se enquadram perfeitamente na definição de animais comunitários, sendo bem alimentados e bem cuidados, apesar da contínua sabotagem da administração.

Diz a Lei: "Fica considerado como animal comunitário aquele que, apesar de não ter proprietário definido e único, estabeleceu com membros da população do local onde vive vínculos de afeto, dependência e manutenção." Ver a prefeitura ir frontalmente contra uma lei municipal não é o que se possa chamar de exemplo de cidadania.

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A colônia do CASS existe há mais de 15 anos. Ela começou como começam todas as colônias urbanas: com o abandono irresponsável de animais. Cresceu a princípio desordenadamente, mas logo foi adotada por funcionários da prefeitura, que passaram a cuidar dos bichinhos com atenção e amor. Hoje eles são alimentados com ração premium, são castrados e tratados em clínicas veterinárias quando adoecem. As despesas saem do bolso dos protetores e protetoras, que fazem o trabalho que o estado deveria fazer.
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No papel, a ação da prefeitura parece inofensiva. Na prática, é um ato de enorme violência, a começar pela captura dos animais, que são feridos, têm membros quebrados e frequentemente morrem atropelados ao fugir de ações deste tipo. Mais grave ainda, porém, é a destruição do equilíbrio em que vivem. Numa colônia antiga como a do CASS, há animais que nasceram e cresceram no mesmo lugar, obedecendo a uma "cultura" de hierarquias formada por grupos e famílias que aprenderam, ao longo dos anos, a dividir o espaço entre si.

Tudo isso já seria bastante grave se os gatinhos fossem levados para um espaço adequado; mas não é o que vai acontecer. Seu destino é o Gatil São Francisco de Assis, que não tem espaço sequer para os animais que para lá foram transferidos originariamente do Campo de Santana. Elogiei este gatil na época em que foi inaugurado, mas me arrependi do elogio poucos meses depois, quando os gatos tiveram que ser abrigados na Fazenda Modelo (que de modelo não tem nada) por causa da queima de fogos durante o desfile das escolas de samba: pelo menos cinquenta não voltaram desse retiro forçado.

Nenhum abrigo público do Rio de Janeiro tem um mínimo de condições para oferecer uma vida digna aos animais. No papel eles podem ser muito bons e muito bonitos, mas na vida real são meros depósitos de bichos, com falta de veterinários, sem equipes especializadas e com as famosas "escalas vermelhas", em que os animais sadios adoecem e os doentes morrem.

"Escala vermelha", aprendi recentemente, são aqueles fins de semana e feriados em que todo mundo falta. Precisa chegar às oito? Ora, tanto faz, chega-se ao meio-dia. É para sair às cinco? Sai-se às duas, que ninguém é de ferro. E daí se os bichos ficarem sem comer? E que diferença faz se os doentes não tomarem os remédios? São apenas gatos... Há pouco tempo uma protetora encontrou um dos siameses do gatil agonizando numa gaiola da Fazenda Modelo, esquálido, espetado num frasco de soro vazio. Este será o destino dos gatinhos do CASS, que a prefeitura quer tirar das mãos das pessoas que os alimentam regularmente, chova ou faça sol, e que não deixam de medicá-los, quando precisam.

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Recebi um pedido de socorro das protetoras, desesperadas com a decisão da prefeitura. Ele veio com fotos de 31 gatinhos, identificados pelos respectivos nomes -- mas há muitas outras fotos, e cada um dos animais não só é conhecido pelo nome, como pela sua história. Nos abrigos os nomes se perdem junto com a história, e os bichos deixam de ser indivíduos para se tornarem estorvos, criaturas inconvenientes das quais a prefeitura só quer distância.

O pior é que a remoção de colônias já se provou inútil em todas as partes do mundo. A forma de lidar com animais de rua é controlando a sua população através de castração, adoção e campanhas educativas para coibir o abandono. Hoje se retiram 150 animais; amanhã serão abandonados outros tantos.

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O problema dos bichos abandonados não vai ser resolvido, no Rio, enquanto a prefeitura não tiver um plano a longo prazo. Não se resolve uma questão grave como o abandono, por exemplo, com a remoção de animais para depósitos insalubres onde deixam de ofender a sensibilidade de quem não gosta de peludos.

A Sepda, Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, não é sequer uma secretaria de verdade; não tem orçamento, depende de favores daqui e dali e do humor do prefeito e de seus assessores. Faz castrações de animais, é verdade, mas em número muito inferior ao que seria necessário, e não tem cacife para combater as más intenções da subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses, que só enxerga nos animais uma ameaça à saúde pública. Mais um pouco, e vamos ver carrocinhas circulando novamente pela cidade.

Para dizer a verdade, com o desprezo que a nossa atual administração devota aos bichos, não sei como isso ainda não aconteceu.

(O Globo, Segundo Caderno, 3.7.2014)

12 comentários:

  1. O problema é que há funcionários desocupados que estão promovendo uma verdadeira campanha especista, utilizando o próprio e-mail institucional para incitar os outros contra os gatos, inclusive espalhando mentiras a respeito de insalubridade. O que eles querem é que joguem os animais longe das vistas deles, para que eles se esqueçam de moram num país miserável e sem educação, onde não se respeita ninguém; estão se lixando para o que vai acontecer com animais. Mas esse é comportamento normal de quem vive combinando churrascos e até usa a repartição para promover festinhas ou almoços em torno de cadáveres de outros animais sacrificados.

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    1. Gostei muito do seu comentário.

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  2. Este é, sem dúvida, o país do retrocesso. Nos países civilizados as pessoas estão se tornando veganas a cada dia que passa, os animais estão sendo vistos de um modo diferente, tudo parece, finalmente, estar melhorando para eles, mas não aqui. No país do futebol, dos glúteos e seios siliconados, do carnaval e da corrupção desenfreada nada muda - pelo menos para melhor. Onde estão as leis? Elas precisam sair do papel e serem cumpridas e isso cabe aos protetores fazer. Vamos deixar esse lixo de futebol de lado e nos movimentar pelos gatinhos.

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  3. Pessoas que cuidam dos gatinhos estejam lá e não permitem que tirem um gato se quer de lá,lutem pelo seus ideais.

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  4. Bah! O ser humano é bicho absurdo!!! Absurdo de tudo!
    Iraí

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  5. Gente, o Prefeito ficou de repensar a decisão dele, entrem em contato com o Gabinete, ele está no Centro Administrativo São Sebastião hoje. Peçam pelos gatos, que se encontram em boas condições de saúde e não oferecem riscos a nenhum Servidor do CASS.
    O e-mail do Prefeito é 2016eduardopaes@gmail.com

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  6. Pessoal do Rio estejam presentes para que isso não aconteça.

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  7. E a Sepda? não fala nada?

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  8. Porque tanta maldade? Porque desrespeitar a lei do animal comunitário? Deixem os gatos em paz e vão procurar coisas mais importantes para fazer do que tirar os gatos de um local em que já estão acostumados, são bem tratados e alimentados.
    Eu já não gostava deste prefeito, faço campanha contra ele por ser ruim em muitas coisas. Foi péssimo para a educação, nunca deu valor aos professores e às escolas. Agora quer maltratar os gatos que não fazem mal a ninguém? Por que este prefeitinho não procura coisas mais úteis que realmente tem que ser feitas.
    Concordo com o primeiro comentário do "Anônimo" das 13.45h.
    Mandei o meu comentário para onde pediram para "pressionar" o prefeito.

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  9. Pois é, espero que o PROTESTO não seja apenas virtual, que os protetores da cidade estejam lá, NA HORA DO JOGO, pra proteger os pobres gatinhos. E quem sabe até recolher, porque mais cedo ou mais tarde serão mortos por esses VAGABUNDOS desses funcionários da prefeitura, com certeza não querem os bichos lá porque atrapalham a VAGABUNDAGEM e as festanças. Está na hora da proteção mostrar a sua cara. Será???

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  10. Já tem foto de gata morta porque quebrou o pescoço ao ser "capturada" pelos competentíssimos funcionários da SEPDA. Motivo para comemoração dos funcionários que provocaram essa reação truculenta e irracional.

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  11. Protetores vão pra fazenda modelo ajudar e fazem mutirão. A fatura é política. tudo mudando tudo ficando melhor. Engano.Quando a proteção vai aprender? são usadas e ainda riem. taí o resultado. e agora? quando será o próximo mutirão???? estou indignada.

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