26/05/2014

Acúmulo de animais, um transtorno invisível - PR

O tema é bastante delicado. Agora se vão ajudar, acho uma maravilha!!!! Este pessoal, se apoiado, é tudo que os animais precisam.....
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Maria Cristina Gomes começou a recolher cães
da rua há dez anos: “Não tenho medo, pego até sarna deles”
Curitiba vai mapear pessoas que recolhem cães e gatos da rua, e vivem em condições precárias. Objetivo é subsidiar políticas públicas

O acúmulo de animais em casa, mais que um gesto de compaixão com cães e gatos abandonados, é um transtorno mental que desafia as autoridades públicas. A maior parte das pessoas que sofre desse mal é invisível aos olhos das políticas de saúde dos municípios. O problema afeta inclusive os animais, que acabam vivendo em espaços pequenos, com água e comida escassas.

Em Curitiba, uma iniciativa da prefeitura
planeja mudar esse panorama de abandono. A Rede de Proteção Animal deu início a um levantamento inédito que pretende localizar e traçar o perfil dos acumuladores na capital. A partir dos resultados do estudo, o município quer desenvolver um plano de ação que garanta o bem-estar do acumulador e dos animais. Com financiamento da Fundação Araucária, a pesquisa é a primeira do tipo no país. Os dados serão levantados a partir de denúncias feitas ao telefone 156 e à Rede de Proteção Animal. Até agora, cerca de 130 casos foram catalogados pelo grupo.

Coordenador do levantamento, Alexander Biondo estima que existam pelo menos 150 acumuladores em Curitiba. Para ser diagnosticado com transtorno, não basta ter uma quantidade determinada de animais em casa. A definição do problema não depende do números de bichos, mas de um padrão de comportamento. “É um transtorno compulsivo que entrou neste ano para a lista de doenças mentais. É uma doença que se caracteriza pela perda, em que a pessoa se marginaliza e até projeta a personalidade nos animais”, diz Biondo, que é diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

De acordo com ele, muitas vezes o acumulador não tem condições de tratar os animais adequadamente, mas também não percebe o mal que causa. Outra característica que o diferencia dos protetores de animais, por exemplo, é o apego excessivo, que impede as doações. “O acumulador não põe para adoção, ele põe empecilhos. A pessoa pode ter um animal e ser acumuladora, mas o perfil que imaginamos encontrar nesse estudo é de pessoas com cinco a dez cães para cima.”

Depois de identificadas, elas serão visitadas por um grupo de biólogos, veterinários e psicólogos da Se­cretaria Municipal de Saú­de, Universidade Federal do Paraná e Faculdade Dom Bosco para entender melhor cada um dos casos. A previsão é concluir o mapeamento em dois anos.

Moradora do Uberaba tem 110 cachorros
Quando perdeu o filho, há 10 anos, a dona de casa Maria Cristina Gomes, 52 anos, começou a acolher cachorros da rua. A primeira foi “Neguinha”, já adulta. Depois, veio Sansão, um filhotinho. Logo, a pequena casa no bairro Uberaba se tornou referência para pessoas que desejam adotar ou dar um lar a cães doentes ou abandonados. “Quem tem cachorro doente vem se consultar aqui. Nem vai mais no veterinário”, diz.

Ela conta que já acolheu e recuperou incontáveis caninos. “Calculo que hoje tenho uns 110”, afirma. Alguns chegam à casa dela quase sem vida, maltratados, com sarna ou pulgas. “Não tenho medo, pego sarna deles. Hoje mesmo chegaram três, um cheio de sarna. Ontem doei um pequeno e hoje um pitbull, mas é difícil adoção. Mais entra do que sai.”

Para dar conta de alimentar os mais de 100 “filhos” – que comem 30 quilos de ração por dia –, ela pede a ajuda de vizinhos, amantes de bichos e até da panificadora próxima, que doa sacos de pães. “Tem dia que não ganho nada, então, acabo gastando uns R$ 180 por mês”, calcula ela, que é pensionista da Paraná Previdência.

Os animais, garante Ma­ria Cristina, estão melhor ali do que abandonados na rua. Mesmo assim, reclama que a prefeitura já foi até a casa dela com a Guarda Municipal por causa do mau cheiro. “Até concordo com os vizinhos. Limpo toda hora, mas não tem jeito.”

Ajuda
Nos próximos meses, Ma­ria Cristina teme ficar sem lugar para morar com os cachorros. “A proprietária quer a casa e eu preciso de um lugar pra morar. Não quero de graça, pago o aluguel, mas precisa ser aqui perto, porque cuido da minha mãe doente.”

FONTE: gazetadopovo

12 comentários:

  1. Esta medida e importante. Em inúmeros casos, os animais acabam ficando em situações piores do que se estivem nas ruas.

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  2. Eu mesma tenho muitos animais, mas não sou acumuladora. O que ocorre é que trata-se de animais deficientes, idosos ou simplesmente doentes e acidentados aos quais não posso dar as costas e fingir que não estou vendo. As pessoas usam as desculpas mais idiotas para abandoná-los ou para não resgatá-los, mas não sou como eles e nem quero ser!
    Se medidas como essa fossem tomadas por todo país, não haveriam tantas boquinhas necessitadas e pessoas se descabelando como eu.

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  3. O que essa gente precisa é de apoio! Elas e os animais! E não uma POLÍTICA HIGIENISTA QUE SÓ PENSA EM MATAR ! Por que não apoiar quem cuida e dá amor??!! É um dever da sociedade, de todos nós!

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  4. Algumas pessoas estão sobrecarregadas de cachorros porque muitas estão omissas e “nem aí” pra abandonar na porta alheia a vida que lhes compete alimentar, medicar e proteger, sem refletir que um dia poderão estar velhos e doentes expulsos do próprio lar pelos mais jovens e sadios que "tão nem aí" também.

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  5. A senhora da reportagem é uma acumuladora ou uma protetora independente ? Ela menciona todas as dificuldades de uma protetora, inclusive a dificuldade nas adoções, pois menciona que "entra mais do que sai...."

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  6. "Outra característica que o diferencia dos protetores de animais, por exemplo, é o apego excessivo, que impede as doações. O acumulador não põe para adoção, ele põe empecilhos."

    Essa senhora diz que permite adoção então não seria acumuladora e sim um pessoa que está praticamente sozinha em uma empreitada hercúlea (e ainda tem a mãe para cuidar).

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  7. Se não fossem os malditos irresponsáveis que abandonam os animais nas ruas, muitas vezes em condições extraordinariamente precárias, nós não precisaríamos ter que acomodar tantos em casa. Não vejo como acúmulo, mas falta de opção: ou você põe pra dentro ou ele fica na rua, à mercê de maus tratos. Até acredito em certos "empecilhos": se alguém vier a minha casa querendo um gato porque o vizinho envenenou o que ele tinha, não deixo levar. Quem envenena um, envenena outro. Se a pessoa não mostrar que vai cuidar direito, não vai deixar ir pra rua nem ficar comendo ratos no quintal, eu prefiro que fique comigo. Uma boquinha a mais, bem cuidada, é melhor que um animal a menos (envenenado, atropelado, espancado, queimado...) no mundo.

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  8. Acho interessante - e necessária - a iniciativa desse mapeamento. Porém, me preocupa muito alguns fatores, que no meu entendimento, já demonstram equívoco de visão sobre o assunto: 1° - o termo empregado "acúmulo" serviria bem para pessoas com transtorno mental grave que acumulam objetos, geralmente parecidos com os depósitos de material reciclável. Mas animal não é objeto. Então esse termo "acumulador" considero pejorativo, e induz a sociedade a pré-julgar os protetores sem conhecer os reais motivos. 2° - classificar essa compaixão como "transtorno mental" é demasiado simplista e, na minha visão, denota desconhecimento da realidade. As pessoas, em geral, não se importam com o sofrimento de um animal. Daí vão querer "tratar" os "acumuladores"? 3º - não consigo enxergar esse gesto de amor pelo animais como "compulsão", mas sim como um desprendimento que vai na contramão dessa literatura de autoajuda que está na moda, muito utilizada no mercado publicitário, que diz que a gente tem que primeiro pensar em si próprio e o resto que se lasque. Acho que essa visão de "autoajuda" só estimula o egoísmo. O chamado "acumulador" é justamente o oposto, o avesso disso: ele é um corajoso lutador que enfrenta todas as críticas e se doa pela causa. É um abnegado e não um compulsivo. Compulsivo porque enxerga o animal atropelado e não tem para onde levá-lo, senão para seu "depósito de lixo" ? Além disso, precisa se levar em consideração, que a dificuldade em doar um animal, é que muitas vezes o adotante é um irresponsável que quer dar um brinquedinho para os filhos e que, ao perceber que esse "brinquedinho" faz xixi coco, late e fica doente, simplesmente o joga fora. Aí o "acumulador" pensa: ruim por ruim, então que fique comigo mesmo. Porque a posse responsável é difícil de ser concretizada e acompanhada. Do contrário, é só um ato de empurrar o animal para se livrar dele.Tratar um protetor, um cachorreiro como doente mental compulsivo acumulador, para mim é sinônimo de que ele tem em sua casa um depósito de lixo... então eu pergunto: esses psicólogos vão "tratá-lo" como ? E qual será o resultado desse "tratamento" ?
    Mas volto ao início: acho pertinente e necessário esse mapeamento e uma AJUDA, porém, com muito cuidado sobre a VISÃO que se tem sobre esse assunto para obter resultados condizentes com o propósito fundamental, que é o amparo aos animais abandonados e maltratados. O protetor tem que ser ajudado sim, mas por profissionais engajados e conscientes na questão. O protetor não pode ser visto como um masoquista que não pensa em si próprio e que não enxerga que seus animais sofrem pela falta de estrutura e recursos necessários. O protetor que não consegue recursos para oferecer uma vida digna aos animais compreende o problema. Por isso ele luta com todas as suas forças para conseguir o bem-estar dos animais. E para isso precisa da ajuda da sociedade.
    Por isso muito bacana essa iniciativa, achei uma ótima ideia, muito válida. Mas, creio que se não houver uma reflexão cuidadosa e um debate sem preconceito sobre a visão e os termos empregados, corre o risco de prejudicar essa ação tão inovadora, mesmo que bem-intencionada. Obrigada.

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  9. Protetor sobrecarregado é totalmente diferente de acumulador que não deixa doar, não limpa o ambiente, não toma banho, enfim, acumulador é gente suja, que não aceita melhorar, só fazem empilhar os animais, mas não sabem cuidar nem de si mesmas!

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  10. È fácil criticar, quem mais critica e o que menos faz , tira a bunda da cadeira e vai ajudar alguém

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  11. Discordo da generalização: nem toda pessoa com vários animais, que não possa cuidar devidamente quanto à alimentação é um acumulador; ela é, antes de tudo, pobre. Quanto a doar os animais isso é difícil e perigoso, pois a maioria adota e, posteriormente, abandona. É difícil saber em quem confiar então, na dúvida, melhor não doar - quem ama tem medo pelos amados "filhinhos".

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