Vocês sabem que durante o carnaval houve uma greve de garis aqui no Rio de Janeiro que durou uma semana. A cidade ainda não voltou ao normal apesar do fim da tal greve ter acontecido faz 3 dias... vai demorar porque foi um estrago grande pela cidade inteira.... Mas, o jornalista André Trigueiro questionou algo que soou como um alerta do que nos aguarda num futuro bem próximo.....
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A paralisação dos garis no Rio de Janeiro expõe várias questões importantes. Será que apenas eles têm a nobre função de zelar pela limpeza pública?
É atávica e ancestral a rejeição que temos ao lixo e aos excrementos.
Uma herança do reino animal, onde o instinto de sobrevivência parece soar um alarme toda vez que nos aproximamos de algo que ameaça nossa saúde e integridade.
É natural que seja assim.
Ainda que tantos seres humanos ainda vivam perigosamente em áreas
saturadas de lixo e esgoto – não por opção, que fique claro – esta é uma aberração que afronta a civilização e deveria constranger os governantes.
A paralisação dos garis no Rio de Janeiro durante o carnaval expõe várias questões que extrapolam a tumultuada negociação por melhores salários de uma categoria historicamente mal remunerada e alvo de preconceitos em todo o país.
Pode-se dizer que o não recolhimento dos resíduos por alguns poucos dias na segunda maior cidade do Brasil inspira várias reflexões importantes e oportunas para todos nós.
Será que apenas os garis têm a nobre função de zelar pela limpeza pública? De que maneira tanto lixo foi parar nas ruas? Qual a nossa responsabilidade nessa história?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada em 2010 e com plena implementação prevista para este ano, estabelece que essa responsabilidade é compartilhada, ou seja, começa com a indústria que gera o produto (no caso do carnaval, boa parte dos resíduos encontrada nas ruas foi de material de propaganda, embalagens e latinhas dos patrocinadores do evento), alcança o varejista que comercializa o produto, o consumidor que faz uso do produto e a Prefeitura (a quem cabe institucionalmente a função de organizar as rotinas da coleta/transporte e destinação final do lixo). Em resumo: o gari é fundamental, mas não está sozinho nessa história.
Já reparou que greve de gari costuma durar menos do que as paralisações de médicos, professores e outras categorias profissionais? A razão é simples: ninguém suporta tanto lixo acumulado nas ruas. O nível de impaciência é proporcional ao desconforto causado pelos fortes odores, pelo volume de moscas, baratas e ratos, e materiais de diferentes tamanhos e consistências espalhados pelo vento ou pela chuva.
Infelizmente, é forçoso reconhecer que só quando os garis cruzam os braços a cidade se dá conta compulsoriamente do espetacular volume de lixo que gera todos os dias. Tangibiliza-se o que parecia invisível. Valoriza-se o que parecia desimportante. Enquanto o lixo é coletado e levado para longe, todos nos refugiamos nos efeitos inebriantes de uma cidade onde a montanha de resíduos (no caso do Rio de Janeiro são aproximadamente 10 mil toneladas de lixo por dia) não é uma questão relevante. Quando interrompe-se a coleta (pelo motivo que for) aquele alarme ancestral soa alto o suficiente para gerar imensa repulsa. Para uma cidade como o Rio de Janeiro onde tantos ainda jogam lixo displicentemente nas ruas, onde o desperdício de materiais é acintoso, onde a taxa de coleta seletiva é medíocre, onde o consumismo é voraz, a percepção do resultado de tudo isso é (ou deveria ser) pedagógica.
André Trigueiro
FONTE: Mundo Sustentável
Lamentavelmente esse é o ônus deste infeliz planeta por abrigar a espécie mais inconsciente e inútil que já existiu por aqui. Bichos não produzem lixo!
ResponderExcluir''Se as abelhas se extinguissem, a vida na Terra, extinguir-se-ia em 50 anos. Se o homem se extinguisse, em 500 anos, a vida na terra floresceria.'' (desconheço a autoria)
Como moro em casa eu consegui reter o lixo gerado no meu quintal e fiquei espantada com a quantidade de lixo que um casal que trabalha fora pode gerar !! Conversei com o meu marido e vamos começar a separar o lixo "seco" como embalagens do molhado (restos de comida por exemplo).
ResponderExcluirMas as montanhas de lixo das ruas estavam cheias de lixo reciclável como latinhas, garrafas e papelão e os "catadores" também não apareceram, pelo menos nas ruas do meu bairro este tipo de lixo ficou na rua por dias. Deve ser por causa do período de Carnaval ....
A Eletropaulo tem um projeto de troca de materiais recicláveis por desconto na conta de luz ... A LightRio também poderia oferecer esta vantagem aos consumidores
http://www.cempre.org.br/informamais_detalhe.php?id=NjI=