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11/05/2017

Após um século, três micos-leões aparecem na cidade - RJ

Como explicar isto? milagre, talvez? pior é saber que eles não terão chances de sobreviver, segundo alguns biólogos...
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RIO — Poderia ser uma miragem, mas foi uma aparição rara, já constatada por pesquisadores. Após mais de um século sem dar sinal de vida na cidade, três micos-leões-dourados, que estão ameaçados de extinção, foram vistos em solo carioca, mais precisamente na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica, na Taquara, em Jacarepaguá, conforme informou nesta terça-feira a coluna de Ancelmo Gois, no GLOBO. 

Segundo estudiosos da fundação, o desafio agora é capturar um animal para tentar descobrir a origem do trio — eles podem ter sido trazidos de outra região e soltos na área, ou serem remanescentes de uma população local. 
— Vamos fazer testes genéticos para descobrir a origem desses animais. Uma das hipóteses é que eles tenham sido transportados, em cativeiro, da região da Bacia do Rio São João, que engloba cidades como Silva Jardim e Casimiro de Abreu, e tenham fugido, ou sido soltos aqui no Rio. 

Outra explicação, menos provável, é que eles sejam remanescentes de populações antigas e tenham ficado escondidos na mata esse tempo todo — afirma Ricardo Moratelli, biólogo e coordenador da equipe de gestão ambiental da fauna do campus Mata Atlântica da Fiocruz.

Um mico-leão-dourado foi avistado no dia 19 de abril pelos biólogos Iuri Veríssimo e Monique Medeiros na área da estação. Ele estava ao lado de um grupo de saguis-de-tufo-branco. Moradores da região já haviam relatado ter visto três macacos da espécie no local.
— Esse registro é importante porque a área em que a espécie foi encontrada, o Maciço da Pedra Branca, que abriga a estação da Fiocruz, é a segunda maior floresta urbana do mundo, a maior das Américas. Na região, há cerca de 50 quilômetros quadrados de florestas de baixada (de até 300 metros de altitude) bem preservadas, que são o hábitat preferido do mico-leão-dourado — diz Moratelli.

Segundo ele, registros do período colonial até o início do século XIX indicam que a espécie podia ser encontrada ao longo de quase toda faixa litorânea do Estado do Rio de Janeiro, incluindo a capital, e foi se extinguindo pela perda de habitat. Até a década de 1940, a espécie ainda ocorria em Araruama e Maricá, mas logo depois ficou restrita a uma pequena região na bacia do Rio São João.

Hoje, há cerca de 3.200 animais na natureza, numa área fragmentada de florestas na APA da Bacia do Rio São João/Mico-Leão-Dourado e que inclui as reservas biológicas de Poço das Antas e União, além de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). A maior concentração está Poço das Antas, em Silva Jardim, com 450 animais.

O mico existe também em Cabo Frio, Búzios, Rio Bonito, Macaé, Casimiro de Abreu, Araruama e Cachoeiras de Macacu. O registro mais próximo da capital ocorreu em 2006, no Parque Municipal da Taquara, em Caxias.

ANIMAIS TÊM POUCAS CHANCES DE SOBREVIVER SOZINHOS
Primatologistas acham que os três micos-leões-dourados avistados em Jacarepaguá têm pouca chance de permanecerem vivos na cidade. Segundo o secretário-executivo da Associação Mico Leão Dourado, Luís Paulo Ferraz, por estarem isolados, os animais têm pouca ou nenhuma chance de sobrevivência.
— A viabilidade de um pequeno grupo isolado é quase nula. Dá muita tristeza — observou Ferraz.
Os micos-leões-dourados costumam andar em grupos de oito animais, segundo pesquisadores da espécie.

Os estudiosos consideram improvável que os micos-leões-dourados tenham chegado pelas próprias pernas a Jacarepaguá devido à distância de suas áreas de ocorrência. O médico veterinário Carlos Eduardo Verona, com experiência em primatas do município do Rio, considera mais viável que eles tenham sido trazidos de outra localidade. Os animais também podem ter fugido de algum criadouro.

Embora existam poucos animais atualmente no Rio, os micos-leões-dourados já foram abundantes no Estado do Rio. O primeiro a registrar o encanto com a lourice exuberante do mico-leão-dourado (Leontopitechus rosalia) foi o italiano Antonio Pigafetta. O cronista da expedição de volta ao mundo de Fernão de Magalhães se deparou com os micos em dezembro de 1519, no litoral brasileiro, e os descreveu como “lindos gatos de aspecto simiesco semelhantes a pequenos leões".

Fonte: EXTRA

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