Bionda |
O assunto é preocupante mesmo porque o aumento de criadores de cães é grande
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Olá, eu sou a Bionda!
Sou uma senhora cega e doente de 10 anos de idade. Queria poder contar aqui que vivo desde pequena em um lar amoroso, onde me tratam com os cuidados e carinhos que todo animal merece. No entanto, minha vida foi bem diferente. Eu nasci em uma fábrica de filhotes. O que é isso? Conhecido popularmente como “criação de cães” ou “canil”, é na realidade um local de pesadelo para os animais, onde não somos vistos como vidas, e sim como produtos. Você já viu como funciona uma fábrica, uma linha de produção? Pois é.
Minha mãe era uma “matriz”, ou seja, uma cadela reprodutora. Sua vida consistia em dar à luz novos filhos a cada cio. Desde o primeiro cio, aos sete meses, minha mãe engravidava; dois meses depois (tempo médio da gestação canina), paria; e seis meses depois, em mais um cio, engravidava novamente; e assim sucessivamente até o fim precoce de sua vida.
Em uma dessas gestações em série, eu nasci. Já em meu primeiro cio (começa sempre no primeiro, com todas), começou minha vez de ser explorada. Sucedi minha mãe nessa infeliz “função”. E ela? Foi assassinada (os humanos chamam de “sacrificar”) quando já estava velha e doente, sem condições para parir mais e, portanto, dar lucro para os “criadores” (como se autodenominam nossos algozes).
Agora, anos depois, aqui estou eu velha (em condições normais, shih tzus podem viver de 15 a 20 anos; em fábricas de filhotes, a média é sete anos, se ainda estiver reproduzindo – eu consegui chegar aos 10), cega e doente, como minha mãe. Eu tenho brucelose, uma doença infecciosa bacteriana que não tem cura. Como a contraí? Por causa das péssimas condições de higiene e o grande número de cães juntos no mesmo ambiente onde eu vivia. E não somos apenas nós, as matrizes, que sofremos. Os machos reprodutores e os filhotes também, pois todos ficamos amontoados em gaiolas, sujos (só sendo limpos na hora de ir para as pet shops para serem comercializados ou de serem fotografados para os anúncios nos sites de venda) e desnutridos. Os filhotes são vendidos com 30 dias de vida, para que os compradores pensem que eles vão ficar menores, e os pobrezinhos ainda nem foram desmamados com essa idade.
Assim como minha mãe, meu destino estava selado também em seu desfecho, e eu estava prestes a me encontrar com ela, pois a brucelose afeta a parte reprodutiva - fêmeas abortam e machos ficam estéreis -, representando assim prejuízo para os “criadores”, que não têm interesse em sustentar um animal “inútil” como eu (leia-se: que não irá gerar mais renda para eles, por meio da venda dos filhotes). E como estou aqui para contar esta história? Porque fui resgatada por protetores de animais, que conversaram com o pessoal da Associação Natureza em Forma, que abriu um espaço para que eu, Belinha e Zulu (dois dos meus inúmeros filhos) fôssemos colocados para adoção. Assim como eu, eles têm brucelose e estavam condenados à morte. Agora esperamos uma família que nos veja como cachorros, como “animais especiais” (expressão usada pelos humanos para designar animais doentes, deficientes ou idosos, que precisam de cuidados especiais, ainda que eu ache o termo redundante, afinal, todos os animais são especiais), como vidas, não como shih tzus. E que nos adote para que enfim tenhamos a vida que todo animal merece, com amor e respeito.
E por que peço esse outro olhar sobre nós? Porque se todo esse mal acontece a cachorros (gatos também, vale lembrar!) em criadouros de todo o mundo, é porque, assim como os “criadores”, há pessoas que enxergam os animais como mercadorias, objetos a serem comercializados – mesmo conceito equivocado que faz outros tantos humanos abandonarem animais, por considerá-los descartáveis. Muitos não compram por maldade, apenas desconhecem a cruel realidade das fábricas de filhotes (“criações de cachorros” e “criações de gatos”) e a alegria de adotar quem precisa. Mas há aqueles que compram animais porque querem uma determinada raça, muitas vezes por estar na “moda”! Ou querem nos exibir em competições de beleza. Ou simplesmente dão extremo valor a um pedaço de papel que chamam de “pedigree”. Acontece que nossas vidas não têm preço, não somos mercadorias nem símbolo de status!! É assim que queremos que nos vejam na hora de nos adotar.
A Natureza em Forma tem um lema: “Penso, logo adoto”. A maioria dos amigos que fiz por aqui, que também aguardam ser adotados, é de SRD – sem raça definida, vulgo vira-lata. Já ouvi deles cada história! Nós, cães de raça vindos de canis, vivemos os horrores do confinamento e exploração, mas o pessoal que veio das ruas também passou por péssimos bocados, diversos tipos de violência e acidentes. Então qual o sentido de comprar animais, e financiar os maus-tratos que expus neste texto, quando você pode dar uma chance a tantos outros que precisam ser salvos de uma vida tão difícil? E mesmo que você conheça um criador que só faça a cadela parir no máximo três vezes em sua vida e trate todos muito bem, qual o sentido de comprar um amigo? Você compra seus amigos humanos? Você compra amor? Pois é. Ou a raça que é realmente importante (de cães, gatos e humanos)? E se você quiser cruzar sua cadela ou cachorro para ficar com seus descendentes, pergunto: é mesmo necessário? Com tudo o que contei acima? Por que não dar uma chance àqueles que já estão vivos, que não pediram para nascer, mas estão por aí sofrendo? E mais: algumas pessoas acreditam que a cadela precisa parir pelo menos uma vez na vida por questões de saúde ou comportamentais. Isso não é verdade, muito pelo contrário: a castração pode prevenir inúmeras doenças (inclusive câncer), prolongar a vida do animal e ainda diminuir casos de abandono (como daqueles humanos que cruzam seus cães, ficam com um filhote, vendem alguns outros e abandonam os que sobram).
E com tudo isso em mente, venha nos conhecer! Estamos aqui na rua General Jardim, 234/240 – República (centro de São Paulo).
Lambeijos!
Sou uma senhora cega e doente de 10 anos de idade. Queria poder contar aqui que vivo desde pequena em um lar amoroso, onde me tratam com os cuidados e carinhos que todo animal merece. No entanto, minha vida foi bem diferente. Eu nasci em uma fábrica de filhotes. O que é isso? Conhecido popularmente como “criação de cães” ou “canil”, é na realidade um local de pesadelo para os animais, onde não somos vistos como vidas, e sim como produtos. Você já viu como funciona uma fábrica, uma linha de produção? Pois é.
Minha mãe era uma “matriz”, ou seja, uma cadela reprodutora. Sua vida consistia em dar à luz novos filhos a cada cio. Desde o primeiro cio, aos sete meses, minha mãe engravidava; dois meses depois (tempo médio da gestação canina), paria; e seis meses depois, em mais um cio, engravidava novamente; e assim sucessivamente até o fim precoce de sua vida.
Em uma dessas gestações em série, eu nasci. Já em meu primeiro cio (começa sempre no primeiro, com todas), começou minha vez de ser explorada. Sucedi minha mãe nessa infeliz “função”. E ela? Foi assassinada (os humanos chamam de “sacrificar”) quando já estava velha e doente, sem condições para parir mais e, portanto, dar lucro para os “criadores” (como se autodenominam nossos algozes).
Agora, anos depois, aqui estou eu velha (em condições normais, shih tzus podem viver de 15 a 20 anos; em fábricas de filhotes, a média é sete anos, se ainda estiver reproduzindo – eu consegui chegar aos 10), cega e doente, como minha mãe. Eu tenho brucelose, uma doença infecciosa bacteriana que não tem cura. Como a contraí? Por causa das péssimas condições de higiene e o grande número de cães juntos no mesmo ambiente onde eu vivia. E não somos apenas nós, as matrizes, que sofremos. Os machos reprodutores e os filhotes também, pois todos ficamos amontoados em gaiolas, sujos (só sendo limpos na hora de ir para as pet shops para serem comercializados ou de serem fotografados para os anúncios nos sites de venda) e desnutridos. Os filhotes são vendidos com 30 dias de vida, para que os compradores pensem que eles vão ficar menores, e os pobrezinhos ainda nem foram desmamados com essa idade.
Assim como minha mãe, meu destino estava selado também em seu desfecho, e eu estava prestes a me encontrar com ela, pois a brucelose afeta a parte reprodutiva - fêmeas abortam e machos ficam estéreis -, representando assim prejuízo para os “criadores”, que não têm interesse em sustentar um animal “inútil” como eu (leia-se: que não irá gerar mais renda para eles, por meio da venda dos filhotes). E como estou aqui para contar esta história? Porque fui resgatada por protetores de animais, que conversaram com o pessoal da Associação Natureza em Forma, que abriu um espaço para que eu, Belinha e Zulu (dois dos meus inúmeros filhos) fôssemos colocados para adoção. Assim como eu, eles têm brucelose e estavam condenados à morte. Agora esperamos uma família que nos veja como cachorros, como “animais especiais” (expressão usada pelos humanos para designar animais doentes, deficientes ou idosos, que precisam de cuidados especiais, ainda que eu ache o termo redundante, afinal, todos os animais são especiais), como vidas, não como shih tzus. E que nos adote para que enfim tenhamos a vida que todo animal merece, com amor e respeito.
Não foi possível tirar uma foto do canil onde eu estava, então coloco esta baixada da internet
para ilustrar como é uma fábrica de filhotes - e tem piores!
E por que peço esse outro olhar sobre nós? Porque se todo esse mal acontece a cachorros (gatos também, vale lembrar!) em criadouros de todo o mundo, é porque, assim como os “criadores”, há pessoas que enxergam os animais como mercadorias, objetos a serem comercializados – mesmo conceito equivocado que faz outros tantos humanos abandonarem animais, por considerá-los descartáveis. Muitos não compram por maldade, apenas desconhecem a cruel realidade das fábricas de filhotes (“criações de cachorros” e “criações de gatos”) e a alegria de adotar quem precisa. Mas há aqueles que compram animais porque querem uma determinada raça, muitas vezes por estar na “moda”! Ou querem nos exibir em competições de beleza. Ou simplesmente dão extremo valor a um pedaço de papel que chamam de “pedigree”. Acontece que nossas vidas não têm preço, não somos mercadorias nem símbolo de status!! É assim que queremos que nos vejam na hora de nos adotar.
Essa aqui é a Belinha, de três aninhos... |
Penso, logo adoto! Pense nisso tudo que contei aqui, com base em minha (dura) experiência e no que ouvi dos veterinários da ONG, e leia também algumas matérias publicadas aqui mesmo no blogue sobre o comércio de vidas. Por fim, pense na seguinte analogia: uma mulher humana presa em uma cadeia lotada (canis são prisões para cachorros) desde que nasceu, sendo forçada a parir de nove em nove meses (gestações resultantes de sexo forçado também), desde o início de sua vida fértil, por volta dos 12 anos de idade. Quando ela dá à luz, alguém vem tirar seu filho com um mês de idade, ainda lactente, para ser vendido. E essa mulher vai parindo sucessivamente, até não poder mais. E quando chega esse momento, ela é assassinada. É isso o que acontece com os cães e gatos de raça cujas vidas são colocadas à venda. Nunca compre animais. Adote sempre. Penso, logo adoto!
E com tudo isso em mente, venha nos conhecer! Estamos aqui na rua General Jardim, 234/240 – República (centro de São Paulo).
Lambeijos!
FONTE: centrodeadocao
Cada dia que passa, está mais difícil fazer as pessoas pararem pra pensar antes de comprar um animal. A maioria das que conheço, preferiram pagar caro por um cão de raça de criadouro e o resultado foi: animais que já nasceram fracos e suscetíveis a várias doenças.
ResponderExcluirNão adianta dizer que com o dinheiro que ela vai deixar na mão de um cafetão, ela gastaria menos com vacinação e cuidados de um animal adotado. Pra eles animal de raça é status, mesmo que ele(a) seja um grandessíssimo zé ruela que não tem nem onde cair morto.