Esta matéria foi vinculada na imprensa há uns 6 meses, mas, como ela é atemporal achei que devia registar aqui. Estou repetindo o parágrafo final só para afirmar que todos sabem da realidade, mas, parece que tem uma onda invisível que induz a todos a ignorarem para onde nosso planeta caminha....
“Não podemos continuar a fragmentar e destruir os habitats naturais e depois culpar os animais pelas consequências adversas em forma de doenças”, remata a cientista do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas.
“Não podemos continuar a fragmentar e destruir os habitats naturais e depois culpar os animais pelas consequências adversas em forma de doenças”, remata a cientista do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas.
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Carnívoros e primatas podem transmitir mais doenças aos humanos do que roedores e morcegos. Países desenvolvidos como o Canadá, os EUA ou a Rússia estão entre as regiões onde poderá haver mais surtos.
Um novo estudo científico antecipa o grupo de espécies de animais que mais poderá transmitir doenças aos humanos e as localizações mais propícias ao aparecimento desses surtos. Zoonoses é o nome dado às doenças infecciosas
dos animais que são geralmente transmissíveis ao ser humano. Esta investigação mostra que os animais carnívoros são portadores de mais patologias do que os ratos e morcegos e, quanto mais para norte, maior é o número de espécies transmissoras.
São mais de 150 as doenças com origem nos animais. O vírus Zika, o Ébola, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), também conhecida como a doença "das vacas loucas", o vírus H5N1, conhecido como "a gripe das aves", a tuberculose e a toxoplasmose são alguns exemplos. As espécies transmissoras são reservatórios naturais dessas doenças e, a qualquer momento, uma epidemia pode desenvolver-se e afetar os humanos.
A investigadora de ecologia de doenças infecciosas emergentes Barbara Han, afirmou ao jornal El País que "é possível prever o aparecimento de uma nova zoonose”.
“Realmente é difícil, mas não impossível. Como comunidade científica, estamos a dar pequenos passos a cada dia”, acrescenta.
O mapa elaborado por Han, do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas, e por dois ecologistas da Universidade da Geórgia (EUA) está ainda incompleto. Por agora, só constam os mamíferos, deixando de fora outros transmissores como aves e peixes.
Os 27 tipos de mamíferos terrestres foram estudados ao pormenor e das milhares de espécies identificou-se dezenas de zoonoses provocadas por vírus, bactéricas, fungos, protozoários e helmintes (vermes).
Mais doenças no hemisfério norte
Na distribuição geográficas dos hóspedes (possíveis transmissores) e das zoonoses, alguns mitos foram desmontados. Se esperava que as regiões do sul (conhecidas por terem uma maior biodiversidade) fossem mais propícias a estas doenças, desengane-se. Ao contrário do número de espécies, o número de doenças diminui à medida que a latitude também se reduz (de norte para sul).
“Fiquei surpresa em comprovar que as regiões com grande quantidade de doenças zoonóticas não possuem a concentração de biodiversidade esperada”, diz Han.
A investigação concluiu que as regiões com temperaturas mais amenas acolhem mais animais portadores de zoonoses. A região subártica é a que concentra o maior número de patologias. Com estes dados, é possível colocar países desenvolvidos como o Canadá, os EUA ou a Rússia em alerta máximo, contrariando a ideia do senso comum de que as zonas equatoriais de África e América são as mais afetadas.
“Compreender as implicações desse padrão à luz do aquecimento global é uma linha de investigação que devemos seguir o quanto antes”, adverte a investigadora.
Carnívoros no topo da tabela
A investigação, publicada na Trends in Parasitology, derruba mais mitos. Muitos pensam que os roedores são um tipo de mamífero especialmente transmissor de doenças de várias origens. Porém, embora até 244 espécies de roedores possam transmitir uma doença aos humanos, como por exemplo a raiva, essas 244 espécies representam apenas 10,7% do total de roedores. O mesmo se aplica aos Chiroptera, vulgarmente conhecidos por morcegos, a espécie transmissora da epidemia de Ébola. Somente 9,8% das 1.100 espécies de morcego podem transmitir alguma infecção aos humanos, e essa percentagem poderia reduzir-se se a sua carne não fosse consumida em algumas regiões de África.
Os mamíferos com mais zoonoses são os carnívoros, mesmo não sendo um tipo de mamífero cujo número de espécies seja muito elevado (apenas 285 espécies). Quase metade (139) são hóspedes de, pelo menos, uma doença infecciosa. Os grandes felinos, canídeos, raposas e o guaxinim podem transmitir até 85 zoonoses diferentes. Em segundo lugar aparecem os ungulados (herbívoros como o cavalo, a zebra e o rinoceronte). Os primatas são também um grupo preocupante, com 77 espécies zoonóticas de um total de 365.
“Os animais não são o problema, nós somos”, sublinha Barbara Han.
O aumento do surto de zoonoses nos últimos séculos tem uma razão central: a expansão humana. A domesticação de várias espécies, como os ungulados, provocou a primeira onda de zoonoses entre humanos. A peste é o exemplo de uma epidemia muito alastrada devido à circulação intensa dos povos, na conquista de novos territórios e no desenvolvimento de atividades comerciais.
O futuro trará uma relação mais intensa entre os humanos e os animais, que se juntará às alterações climáticas. Este “casamento” indesejado determinará o aparecimento de novas zoonoses.
“Não podemos continuar a fragmentar e destruir os habitats naturais e depois culpar os animais pelas consequências adversas em forma de doenças”, remata a cientista do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas.
Um novo estudo científico antecipa o grupo de espécies de animais que mais poderá transmitir doenças aos humanos e as localizações mais propícias ao aparecimento desses surtos. Zoonoses é o nome dado às doenças infecciosas
dos animais que são geralmente transmissíveis ao ser humano. Esta investigação mostra que os animais carnívoros são portadores de mais patologias do que os ratos e morcegos e, quanto mais para norte, maior é o número de espécies transmissoras.
São mais de 150 as doenças com origem nos animais. O vírus Zika, o Ébola, a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), também conhecida como a doença "das vacas loucas", o vírus H5N1, conhecido como "a gripe das aves", a tuberculose e a toxoplasmose são alguns exemplos. As espécies transmissoras são reservatórios naturais dessas doenças e, a qualquer momento, uma epidemia pode desenvolver-se e afetar os humanos.
A investigadora de ecologia de doenças infecciosas emergentes Barbara Han, afirmou ao jornal El País que "é possível prever o aparecimento de uma nova zoonose”.
“Realmente é difícil, mas não impossível. Como comunidade científica, estamos a dar pequenos passos a cada dia”, acrescenta.
O mapa elaborado por Han, do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas, e por dois ecologistas da Universidade da Geórgia (EUA) está ainda incompleto. Por agora, só constam os mamíferos, deixando de fora outros transmissores como aves e peixes.
Os 27 tipos de mamíferos terrestres foram estudados ao pormenor e das milhares de espécies identificou-se dezenas de zoonoses provocadas por vírus, bactéricas, fungos, protozoários e helmintes (vermes).
Mais doenças no hemisfério norte
Na distribuição geográficas dos hóspedes (possíveis transmissores) e das zoonoses, alguns mitos foram desmontados. Se esperava que as regiões do sul (conhecidas por terem uma maior biodiversidade) fossem mais propícias a estas doenças, desengane-se. Ao contrário do número de espécies, o número de doenças diminui à medida que a latitude também se reduz (de norte para sul).
“Fiquei surpresa em comprovar que as regiões com grande quantidade de doenças zoonóticas não possuem a concentração de biodiversidade esperada”, diz Han.
A investigação concluiu que as regiões com temperaturas mais amenas acolhem mais animais portadores de zoonoses. A região subártica é a que concentra o maior número de patologias. Com estes dados, é possível colocar países desenvolvidos como o Canadá, os EUA ou a Rússia em alerta máximo, contrariando a ideia do senso comum de que as zonas equatoriais de África e América são as mais afetadas.
“Compreender as implicações desse padrão à luz do aquecimento global é uma linha de investigação que devemos seguir o quanto antes”, adverte a investigadora.
Carnívoros no topo da tabela
A investigação, publicada na Trends in Parasitology, derruba mais mitos. Muitos pensam que os roedores são um tipo de mamífero especialmente transmissor de doenças de várias origens. Porém, embora até 244 espécies de roedores possam transmitir uma doença aos humanos, como por exemplo a raiva, essas 244 espécies representam apenas 10,7% do total de roedores. O mesmo se aplica aos Chiroptera, vulgarmente conhecidos por morcegos, a espécie transmissora da epidemia de Ébola. Somente 9,8% das 1.100 espécies de morcego podem transmitir alguma infecção aos humanos, e essa percentagem poderia reduzir-se se a sua carne não fosse consumida em algumas regiões de África.
Os mamíferos com mais zoonoses são os carnívoros, mesmo não sendo um tipo de mamífero cujo número de espécies seja muito elevado (apenas 285 espécies). Quase metade (139) são hóspedes de, pelo menos, uma doença infecciosa. Os grandes felinos, canídeos, raposas e o guaxinim podem transmitir até 85 zoonoses diferentes. Em segundo lugar aparecem os ungulados (herbívoros como o cavalo, a zebra e o rinoceronte). Os primatas são também um grupo preocupante, com 77 espécies zoonóticas de um total de 365.
“Os animais não são o problema, nós somos”, sublinha Barbara Han.
O aumento do surto de zoonoses nos últimos séculos tem uma razão central: a expansão humana. A domesticação de várias espécies, como os ungulados, provocou a primeira onda de zoonoses entre humanos. A peste é o exemplo de uma epidemia muito alastrada devido à circulação intensa dos povos, na conquista de novos territórios e no desenvolvimento de atividades comerciais.
O futuro trará uma relação mais intensa entre os humanos e os animais, que se juntará às alterações climáticas. Este “casamento” indesejado determinará o aparecimento de novas zoonoses.
“Não podemos continuar a fragmentar e destruir os habitats naturais e depois culpar os animais pelas consequências adversas em forma de doenças”, remata a cientista do Instituto Cary de Estudos em Ecossistemas.
Barbara Han tem razão: “Os animais não são o problema, nós somos”.
ResponderExcluirNem é preciso dizer mais nada.