04/01/2017

Criação de renas na Finlândia está ameaçada

Será que assim os caras vão pensar mais em parar de comer carne? humanos estragam tudo mesmo.....
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A tradição milenar dos criadores de renas na Finlândia está ameaçada pela queda da produção de carne no país e por animais predadores

Amanhece nos arredores de Salla, uma cidade na Lapônia, ao norte do Círculo Polar Ártico na Finlândia, um lugar tão distante que seu slogan é “Salla: No meio do nada”. Os últimos raios de luz da noite polar desapareceram. O silêncio é total.

Mas em sua casa Raisa Korpela acordou há algum tempo. Enquanto as três filhas bocejavam na cozinha, Raisa recolheu os gorros e as luvas espalhados pela sala. Ela leu mais uma vez o dever de casa das meninas, preparou o café e fez sanduíches de queijo com pão de centeio para o café da manhã. Em seguida, seu marido, Aarne Aatsinki, entrou na casa carregando um saco com órgãos de uma das renas mortas há pouco tempo: a língua, coração e intestinos boiavam no sangue vermelho brilhante.

“Eu não sei onde a rena termina e ele começa”, disse Raisa referindo-se ao homem com quem vive há 23 anos. Os membros da família de Aatsinki são criadores de renas há séculos, em uma relação quase simbiótica entre os seres humanos e o Rangifer tarandus, um mamífero da família dos cervídeos que vive na tundra ártica. As imagens mais antigas gravadas nas pedras na Europa são de renas. Em 1751 a “Constituição dos Lapões”, ou dos sami como é chamado o povo autóctone da região do Ártico, negociada pelos países nórdicos, deu aos sami o direito de cruzar as fronteiras com seus rebanhos de renas. Só no século XIX, depois que a Rússia incorporou a Finlândia, que até então pertencia à Suécia, como grão-ducado autônomo do império russo, as fronteiras da Suécia e da Finlândia fecharam-se para os lapões. Mas nessa ocasião os finlandeses já haviam assimilado os costumes da população sami e usavam as renas como fonte de leite, carne, como meio de transporte e chamarizes para a caça de outros animais.

Mas esse longo relacionamento está chegando ao fim. Aatsinki está tendo dificuldade em sustentar a família com a criação de renas. O criador médio assiste a uma perda do poder de consumo há mais de dez anos e sua renda equivale a menos de um terço do rendimento médio de um agricultor finlandês. Aatsinki e Raisa têm trabalhos paralelos e preocupam-se com a possibilidade dos filhos não seguirem a tradição milenar da família.

A criação de renas representa menos de 1% da produção de carne da Finlândia. Mas os restaurantes sofisticados de Helsinque gostam de preparar pratos com carne de rena. O restaurante Chef & Sommelier citado no Guia Michelin serve carne seca de rena com alcachofra de Jerusalém. Ari Ruoho, chef do Nokka, disse que seu tartar de carne de rena tem um gosto semelhante ao do sashimi de atum e acompanha bem o vinho tinto leve e frutado italiano. Ruoho acrescentou que a carne abatida nos meses do outono tem o gosto de cogumelos, que as renas comem a fim de armazenar gordura para o inverno.

Mas a produção de carne está diminuindo. Na Finlândia, 71.580 renas foram mortas no período de 2013-14 com fins comerciais, em comparação com 127.999 nos anos de 1994 e 1995. Segundo os criadores, os carcajus, animais predadores das regiões frias do norte da Europa e da Ásia protegidos desde 1995 pelos regulamentos de caça finlandeses, atacam as renas. Como se soubessem que estão protegidos, um número crescente de carcajus tem cruzado a fronteira da Rússia com a Finlândia ameaçando o futuro da fonte de renda da população sami.

3 comentários:

  1. Nunca tinha ouvido falar com carcaju ... fui ver uns vídeos e achei ele bem agressivo mesmo. É menor que um lobo mas encara o lobo e até leva a melhor.
    Caramba!

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  2. concordo c a veronica santos.

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  3. É, mas o problema não é o carcaju, é o ser humano que sempre encontra um jeito de mudar o comportamento da natureza.

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