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Em tempos em que a tentativa de implementação do "politicamente correto" nos corredores da Assembleia da República se direcciona para a regressão da forma como os humanos lidam com os animais, eis que a UNESCO classifica como Património Cultural Imaterial da Humanidade a Falcoaria Portuguesa.
Desta forma, uma das mais carismáticas agências da Nações Unidas eleva a Falcoaria Portuguesa com uma distinção que visa a protecção e o reconhecimento do património cultural imaterial,
abrangendo as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras.
abrangendo as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras.
Quando aqueles que conhecem o mundo real como aquele que visualizam do conforto das suas cadeiras nos gabinetes de Lisboa, e que pouco ou nada sabem do mundo real, advogam que as tradições que relacionam os humanos com os animais estão sem dúvida destinadas a desaparecer, eis que surge o contraditório que espelha a realidade da interacção entre o homem e os animais com base na sua funcionalidade.
A Falcoaria Portuguesa, agora protegida pela UNESCO, é uma arte de caça singular, ecológica, tendo no passado sido praticada pelos mais diversos patamares da nossa sociedade, da nobreza ao povo, passando pelo clero, durante séculos. A prática evoluiu com o tempo e as comunidades que a praticavam evoluíram em interacção com ela. Foram-se adaptando, foram-se recriando. Construiu-se um património vastíssimo enriquecido por contributos de todo o mundo, numa harmoniosa mescla multicultural em que o mote sempre foi a paixão pelas aves de presa e pela forma como estas caçam.
A Falcoaria em Portugal remonta aos tempos da primeira Dinastia, em que hoje temos referências à mesma em arcas tumulares, tratados (um dos quais celebra 400 anos por este ano), azulejos e mesmo em edifícios. Mas além disso temos referências à nossa Falcoaria nas práticas dos poucos falcoeiros que teimam em levantar -se de madrugada para rumar ao campo e viver mais um lance de caça tal como estre ocorre em plena natureza, numa peregrinação quase religiosa. A prática desses falcoeiros representa uma linha ininterrupta entre o passado e o presente.
À Falcoaria interessa sempre o bem-estar da ave de presa e a vivência da beleza do lance de caça. Os seus valores são tão antigos com o nosso País mas completamente actuais e em linha com o futuro.
Esperemos agora que os fundamentalismos que regem algumas iniciativas legislativas, já apresentadas este ano na Assembleia da República, que incluíam no seu vasto reportório de ataques ao mundo rural ataques directos e indirectos à Falcoaria, com a tentativa de implementação de condicionantes que pretendiam pôr em causa esta prática ou mesmo o bem-estar das próprias aves de presa.
Legislar cegamente, cortando a direito, apenas com base em suposições com pouco fundo científico pode, na realidade, pôr em causa práticas únicas, inócuas para animais e ecossistemas e com elevado valor identitário. Pode inclusive, pôr em causa o próprio bem-estar animal ao estabelecer regras desproporcionais como, por exemplo, no tamanho das instalações ou no uso de determinado tipo de equipamento ou modo de treino.
A Falcoaria, e as outras actividades tradicionais, têm e devem ter um lugar na sociedade moderna. Não precisam de excesso legislativo, na realidade precisam de equilíbrio na legislação, simplificação de determinados processos e promoção responsável junto da sociedade, promovendo práticas que na realidade aproximam verdadeiramente o Homem da Natureza e dos seus processos naturais que, tal como a predação e a caça, fazem parte integrante dessa Natureza.
Não devemos nunca esquecer que nos tempos modernos, para além da sua primordial função de caça, as técnicas de falcoaria têm papéis fundamentais na nossa sociedade, seja com a função de protecção a aeroportos, salvaguardando a segurança de passageiros e aviões, a protecção de aterros sanitários e culturas agrícolas, a interacção em programas de conservação da vida selvagem e em acções de interacção social, como é o caso da águia Vitória.
Parabéns à Associação Portuguesa de Falcoaria, ao município de Salvaterra de Magos, Universidade de Évora e Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERT-AR) pela defesa das tradições Portuguesas e da relação da sociedade com os animais.
FONTE: sabado.pt
Patrimônio Cultural? Carácoles. Q bola fora da UNESCO.
ResponderExcluirA cultura não existe desassociada de seu espaço e tempo. Repetir hábitos só pq foram herdados de gerações anteriores sem considerar o seu contexto é mera encenação teatral.
Pode até ter tido os seus motivos para existir mas hj a prática é desnecessária e não reflete a evolução da humanidade.
concordo c a veronica santos
ResponderExcluirBastou eu ler a frase "tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade" para já ter certeza de que se trata de caçadores primitivos, gente de mentalidade retrógrada que se nega a evoluir.
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