31/12/2016

Dr. João Telhado: A fobia de fogos e o medo de fogos são duas coisas separadas

Não é que eu queira ser metida a besta, mas, tenho um amigo de longa data que é considerado, nada mais nada menos, o maior especialista em comportamento animal no Brasil. Ele se chama João Telhado e para conhecer seu Curriculo Lattes, CLIQUE AQUI . É só para ter uma ideia do que falo. Prof. Telhado não é fraco não!!!!! kakakaka.....   E daí, ontem me mandou estas informações preciosas que divido com todos nossos leitores.... Deus lhe abençoe, amigo Telhado!!!!
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"No medo, como é possível fazer um gradiente de intensidade (ou seja eu posso variar a intensidade do estímulo provocando muito ou pouco medo) a dessensibilização (estimulo crescente e gradual) e o contracondicionamento (colocar o animal num estado incompatível com o medo = relaxado, ou seja associar os fogos a sensações agradáveis - brincar, petisco, comida) funcionam bem.

Já para a fobia, que é uma resposta tipo tudo ou nada, a dessensibilização e o contracondicionamento são contraindicados, sendo a imersão ou inundação (do inglês flooding) a técnica que dá melhores
resultados (exposição ao estímulos até que não haja resposta - exaustão da adrenal)                        

Contudo a imersão apresenta dificuldades quando se tenta aplicar aos animais (em humanos é usada a realidade virtual, etc.).Quando se usa a imersão em animais, estes devem ser medicados para diminuir a resposta ( lançamos mão de panicoliticos - alprazolam 0,05 m/kg até de 6 em 6 horas ; ansiolíticos/antidepressivos - fluoxetina 2 mg/kg, 12/12 hs, tradozona 10 mg/kg, 12/12 hs; e betabloqueadores - propranolol com dose inicial de 3 mg/kg, de 8 em 8 horas)                        
O alprazolam tem a vantagem de causar amnésia e impedir a formação de novas memórias.                        
Outras recomendações:
Brinque com o animal na hora dos fogos, de forma que exija grande movimentação ( o medo provoca a reação de fugir ou lutar, brincando de correr substituímos a resposta medrosa por uma agradável);
Tampões nos ouvidos, música ambiente, e isolamento em uma "toca" (lugar pequeno e escuro) também podem ajudar (de preferência o dono deve ficar junto fazendo alguma atividade que o cão possa associar com segurança - comer, rir, cantar, dormitar, brincar).                        

A fobia e o medo de fogos não tem a ver com a sensibilidade auditiva (é MITO) basta lembrar que existem milhares de cães que não têm medo/fobia e temos raças indicadas para a caça e para a guerra, e que não são surdos.Tem relação com aprendizado e com período sensível para medos (8 a 10 semanas de vida).

Acontecimentos traumáticos durante este período podem provocar medos e fobia que ficam para o resto da vida. Temos que concordar que a primeira vez que um cão ouve os rojões deve ser traumático não só pelo som,  pelo cheiro e até mesmo pela vibração. O trauma pode ser agravado por situações ansiogênicas - estar sozinho, matilha enlouquecida (donos torcendo por um time após o gol do time, etc.., réveillon que durante o dia há uma movimentação e uma excitação/ansiedade crescente ao longo do dia com loucura à meia noite).                        

Não se deve tentar acalmar o animal com carinho ou colo pois isso pode levar à associação entre medo e atenção do dono, o que é uma recompensa/reforço muito grandes e o cão pode aprender a fingir que tem medo para ganhar a atenção do dono (são grandes atores)."

5 comentários:

  1. Obrigada, Dr.João Telhado pela matéria trazida a baila pelo Fala Bicho, em "O grito do bicho".

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  2. Obrigado. Intuitivamente eu já usava essas técnicas, mas tem 2 aqui que têm fobia. Elas tremem e as técnicas não funcionam. Uma delas ficou fóbica depois de velha (tem 15 anos e ficou surda) mas sente as vibrações e morre de medo.

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  3. concordo c os 2 comentaristas!!!!!!!

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  4. Na década de noventa, minha mãe recolheu da rua para também não morrer atropelada, uma cadela que pertencia ao idiota do vizinho enfrente. Ela estava cheia de feridas e moscas, se chamava Neguinha, mas eu troquei o nome para Elizabeth, afinal vida nova, nome novo e de rainha!
    Pois bem, fiz tudo por ela, mas não consegui ajudá-la a vencer o pavor que tinha de trovão e fogos de artifício. Todo fim de ano, dias de jogos ou tempestades, eu enfiava algodão nos ouvidos dela, a colocava dentro do guarda roupas, fechava tudo e ficava sentada numa cadeira ao lado enquanto lia. Aos nove anos, ela teve um AVC e precisou ser sacrificada.

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  5. Ainda acho que a melhor solução é construir abrigo antiaéreo no quintal de casa, sabe?

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