12/10/2016

Pesquisa enfoca invasão de javalis no território nacional

Isto é que tem que ser feito, ou seja, ter uma visão correta da situação.... Mas, os caçadores estão pressionando cada vez mais. Vejam algumas matérias que selecionei ao final só para analisarem a patifaria....
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A invasão dos javalis em regiões brasileiras começa a ser preocupante para muitos proprietários de terras. No início dos anos de 1990, existiu uma pressão muito grande de comercialização do animal no país. Os produtores importaram matrizes, mas o negócio não deu certo, e o animal foi liberado para a natureza.

“Muitos javalis escaparam porque o animal é
agressivo. Muitos outros foram liberados intencionalmente para a natureza, após IBAMA proibir a criação no país no final dos anos 90”, explica Felipe Pedrosa, aluno de doutorado da Unesp de Rio Claro, que desenvolve a tese Ecologia da invasão do javali e a suas consequências para a conservação da biodiversidade.

O objetivo do estudo é verificar se a espécie, o javali, pode ser um substituto funcional para antas, queixadas e cateto. “Quero saber se o javali pode substituir a função ecológica que foi perdida pela extinção local das antas, queixadas e catetos”, diz o doutorando.

Para tanto, ele irá testar se a espécie é um substituto ecológico para as funções de dispersão de sementes, herbivoria, pisoteamento e de revolvimento do solo em fragmentos florestais. Ele iniciou os experimentos em 2014, e em março deste ano foram montadas 15 parcelas de exclusão – espaço reservados da mata onde os animais podem ou não podem entrar – na Estação Ecológica de Angatuba.

“Quando os animais comem e pisoteiam as plântulas (nome que se dá ao estágio inicial das plantas) ou revolvem o solo na parcela, têm um efeito sobre aquelas plantas que acabaram de germinar e estão nascendo. Basicamente, são elas que irão repor as futuras árvores. O experimento de Angatuba visa avaliar este efeito”, diz.

Para o estudo, os pesquisadores cercaram as parcelas de forma a impedir o acesso dos porcos e, de tempos em tempos, eles contam e identificam estas plantas dentro daquele espaço. Foram feitas parcelas abertas (onde os animais circulam livremente) e parcelas fechadas (nas quais eles não entram). “Nós acreditamos que daqui há uns dois anos, se tivermos um efeito marcante, haverá uma diferença entre o número de plântulas e a composição de espécies entre as parcelas fechadas e as abertas, evidenciando o efeito dos porcos sobre a vegetação”.

Pedrosa conta que um dos objetivos da pesquisa também é avaliar a dispersão de sementes realizada pelo Javaporco. Mesmo com a pesquisa em andamento, ele já tem alguns dados relevantes. “Sei que os javalis estão comendo frutos e engolindo as sementes desses frutos. Temos já 19 espécies de plantas em que o javaporco está dispersando suas sementes.

Um dado importante da pesquisa é que no Estado de São Paulo, 86% da dieta do animal se constitui de cana e milho, o restante é material vegetal, folha (como o capim) e fruto. Menos de 2% é carne (de vertebrados, como aves, e invertebrados , como insetos). “O consumo de insetos não é intencional. Ele está revirando o solo, comendo frutos, cana e acaba comendo os insetos que estão ali”, explica o pesquisador.
Já na região Sul, nos pampas gaúchos, onde o animal está muito presente, segundo o doutorando, há uma particularidade. “Os javalis estão comendo as ovelhas nas propriedades rurais. O prejuízo econômico está sendo enorme para os criadores. As estimativas de perdas são de 200 mil a 2 milhões de reais”, diz.

“O impacto econômico é muito grande principalmente com o pequeno produtor, que é mais sensível. Os javalis podem acabar com uma plantação em uma única noite”, ressalta. Além do Sudeste e do Sul o javali está também muito presente no Centro-Oeste. No Nordeste, suas aparições são pontuais. O aluno publicou um artigo, em 2015, na revista Natureza e Conservação, em que mostra a distribuição atual desta espécie no Brasil.

Pedrosa também é co-autor de um artigo publicado na revista Plos One, intitulado: Diet Overlap and Foraging Activity between Feral Pigs and Native Peccaries in the Pantanal, em novembro de 2015. O estudo investiga a competição e coexistência entre o invasor porco monteiro (que é a mesma espécie do javali) e os nativos queixada e cateto no Pantanal. Os autores do trabalho demonstraram que na presença do invasor, os porcos nativos são forçados a alterar o período de atividade.

O trabalho acadêmico investigará, ainda, a ecologia dessa espécie sob o ponto de vista dos isótopos estáveis de carbono e nitrogênio. Foram enviadas 390 amostras de pelos e recursos ao Centro de Isótopos Estáveis de Botucatu e a análise dos resultados e preparação do manuscrito será elaborada em breve. O artigo também será assinado pelo seu orientador, o professor Mauro Galetti, do departamento de ecologia da Unesp de Rio Claro.

O pesquisador também participou nos dia 30 e 31 de agosto do Seminário de Nivelamento de Informações e Conhecimentos sobre a Invasão de Javalis no Território Nacional, promovido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ibama e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), evento que teve como intuito a formulação de uma política pública para o Plano Nacional de Controle do Javali no Brasil. “Minha participação foi mostrar a distribuição atual dos javalis e javaporcos no Brasil e falar sobre suas causas e consequências”. A pesquisa está sendo desenvolvida com o apoio da Fapesp.

Javaporco
O javaporco é uma mistura do javali com o porco doméstico. O javali é um ancestral do porco doméstico. Todos são da mesma espécie biológica. O javali é nativo da Europa e da Ásia e ele foi introduzido no Brasil, para fins comerciais.

Com a chegada no Brasil dos javali, os criadores de porco viram que o animal não era um negócio lucrativo e na tentativa de salvar o negócio cruzaram o javali com o porco doméstico. Do cruzamento surgiu o javaporco: que é um animal exótico, tão agressivo quanto o javali, e tão grande quanto o porco doméstico.

Contatos do pesquisador
Felipe Pedrosa
Programa de Pós Graduação em Ecologia e Biodiversidade
Unesp – Rio Claro
fepedrosa.eco@gmail.com
19 98420-5761
19 3526-9624
https://www.researchgate.net/profile/Felipe_Pedrosa

FONTE: acontecebotucatu

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2 comentários:

  1. só falam, falam, de invasões de javalis, e invasão de humanos, ou melhor desumanos, desalmaldos nos habitats dos ñ humanos, isto ninguem nem alguem ve.

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  2. Enquanto o trabalho acadêmico não termina sua investigação, a guerra continua. Javalis destruindo plantações e outros animais e caçadores os abatendo por diversão.

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