Acho que este tipo de programa ajuda sim a recuperar os presos. Aqui no Rio, há muitos anos atrás, promovi um curso de ajudante de veterinário. Pena que o presídio estava para acabar (como acabou) e não daria para promover o curso lá em Bangu. Não tinha possibilidade. Pena.
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O detento André Suzart Barbosa dos Santos, 25 anos, teve a oportunidade de reviver o tempo de quando trabalhava como caseiro na manhã desta segunda-feira (29). Poderia ser apenas uma visita comum ao Zoológico de Salvador, mas foi mais uma oportunidade de vislumbrar mais um caminho para seguir quando tiver a liberdade total.
André faz parte do grupo de 18 detentos da Colônia Lafayete Coutinho, que compõem a primeira turma do curso de tratador de animal, promovido pela Secretaria de Administração Penitenciária
(Seap), em parceria com o Inema, que é responsável pelo zoológico. A iniciativa faz parte do processo de ressocialização da secretaria.
Com o auxílio do instrutor, ele pode manejar uma cobra e outros animais silvestres com segurança. “É um modo de ressocialização para ajudar minha família também. Na rua, eu já tinha tomado conta de sítio e visto esses animais”, disse. Ele foi preso por tráfico de drogas e assalto e aguarda a prisão domiciliar. “Eu já estava trabalhando de novo quando fui preso”, afirmou.
Transferido de São Paulo, Natanael Pereira Lino, 32, acredita que esse é o momento de focar em outras áreas para não correr o risco de voltar ao mundo do crime quando estiver em liberdade. “Se o sistema prisional não oferece nada a você, você fica ali, preso, ocioso, sem ter o que fazer. Então, ter os cursos faz com que você ocupe a mente, dá uma renovação, uma esperança de um futuro melhor”, disse.
A unidade prisional Lafayete Coutinho abriga condenados ao cumprimento de pena em regime semiaberto. Ao todo, são 474 detentos. Quem cumpre pena nessa unidade, pode sair para trabalhar e voltar para dormir no presídio.
Triagem
Segundo a coordenadora de ressocialização da Seap, Silvana Mattos, antes do curso foi feita uma triagem entre os detentos, para identificar aqueles que tinham o perfil para se qualificar nessa área. “Não adianta pegar qualquer aluno e colocar num curso de tratador de animais. O intuito da secretaria é que eles saiam formados mesmo para poder exercer a atividade e ajudar a eles mesmos e à família”, explicou.
Ao todo, foram 22 selecionados, mas apenas 18 concluíram o curso. A pretensão é que outras turmas possam ser formadas dentro da unidade e que essa qualificação possa se estender às outras unidades do sistema prisional. A ideia é que o próximo local a receber o curso seja o Conjunto Penal de Lauro de Freitas, que também tem regime semiaberto.
“Nossa proposta é que tenham outras turmas, estamos em contato com o Inema para que isso aconteça. Esse pensamento de que o preso tem que ficar enjaulado, como um castigo está se mudando. Não adianta apenas ele ficar preso, tem que ser ressocializado”, afirmou o superintendente de ressocialização da Seap, Luís Antônio Fonseca.
Ao todo são 14 mil presos no sistema em todo estado. Destes, 1.380 fazem trabalho não-remunerado, 721 têm remuneração e mais de 30% participam de cursos. A cada três dias trabalhados, o preso têm redução de um dia na pena. Já para cada dia estudado, é reduzido um dia.
Ainda segundo Silvana, a ideia de qualificar os detentos também visa preencher as vagas previstas no decreto 14.764/2013, que prevê uma reserva de 5% das vagas para presidiários em empresas que tenham contrato com o governo. O decreto ainda está em fase de normatização e não entrou em vigor.
Prática
Antes das aulas práticas, os detentos tiveram dois dias de aulas teóricas de manejo de animais silvestres, dentro da própria Colônia. Nesta segunda, foi a hora de ver e colocar em prática. “É o primeiro contato, essa coisa de eles verem, conhecerem e saberem como lidar com aquele animal da melhor forma possível. Essa é a ideia da sensibilização deles”, explicou o médico veterinário Vinicius Dantas.
Para o ex-policial militar Raimundo Oliveira de Jesus, 39, condenado por homicídio, o curso é mais uma possibilidade na tentativa de uma nova profissão. "Os cursos nos dão a oportunidade de melhorar, de ter outras possibilidades de vida”, disse. Ele já fez cursos de informática e também frequentou o colégio que funciona dentro da Penitenciária Lemos de Brito.
Diversificar o currículo mesmo dentro do sistema prisional é o que busca o detento Lázaro Joselino Amorim Pereira, 31. Antes de ser preso, ele estudava Educação Física mas teve que abandonar a faculdade pela metade. Dentro do sistema prisional, já fez curso de torneiro industrial e atua como uma espécie de monitor em cursos profissionalizantes.
“É uma oportunidade de conseguir um emprego novo, ter novas áreas de trabalho, conhecer coisas novas. Antes eu não trabalhava, só estudava”, contou o detento. Para ele, também é o momento de conhecer novas pessoas. “É o jeito de se profissionalizar e se ressocializar, aprendendo novos métodos e conhecendo novas pessoas. Eu gostei muito do curso, para mim é muito interessante”, explicou.
Fonte: Correio 24hs
É uma ótima iniciativa! É preciso ressocializar e esse é um trabalho importante.
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