29/04/2015

No Tocantins, resgate à cultura indígena tem cabeças de boi assadas


Agora, fala sério: onde é mesmo a China? no continente asiático? né não..... é aqui mesmo.... Olha isto.... que horror!!!!! Nossa leitora VIP, a Márcia, mandou esta matéria. Ela está injuriada....
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É difícil não levar um susto quando Sebastião Célio, 50, abre a geladeira de sua chácara em Tocantínia, cidade a 70 km de Palmas, no Estado do Tocantins. Ao lado de itens bem comuns, como tomates e uma garrafa de refrigerante, uma enorme cabeça de boi encara os comensais que buscam apenas um lanchinho.

De olhos esbugalhados e maxilar forte, a cabeça resfriada ocupa um bom espaço, e ocuparia ainda
mais não fossem seus chifres relativamente moderados em relação aos de outros indivíduos de sua espécie. A cabeça de boi ali dentro já viu dias melhores.

Mas nem tudo é desesperança e sofrimento. A peça é a grande estrela da Festa do Berarubu, festival realizado anualmente ali mesmo, na chácara de Sebastião.]
“Berarubu” significa, em tupi, “forno subterrâneo”, mas também serve de sinônimo para qualquer alimento preparado deste modo.

No caso da festa realizada em Tocantínia, a cabeça será enterrada em um buraco de cerca de 60 centímetros de profundidade, e lá ficará, coberta por brasas, por cerca de 12 horas para só então ser desenterrada e consumida.

Criada por Sebastião há 17 anos, a festa tornou-se uma tradição na região. Gratuita (pagam-se apenas as bebidas), ela reúne de 350 a 400 pessoas anualmente, que se refestelam nas cerca de 15 cabeças preparadas para a festança. Em cada buraco cabem até três peças.

Apesar de parecer baixa aos olhos de um leigo, a relação cabeças por convidados tem a chancela do único cozinheiro que a festa já conheceu, o policial militar Antônio Ferreira Dias, conhecido como Sargento Dias quando está em serviço, mas que também atende pelo apelido bem mais simpático de Tõe de Barba.

“Não parece, mas tem muita carne aí dentro”, garante Tõe. Ele apoia uma cabeça em cima de uma mesa de plástico e, com uma faca, tira todo seu couro, arranca seus olhos e corta fora o focinho. Na sequência, ele se arma de uma machadinha e arranca os chifres do animal com golpes secos.
O próximo passo é enfiar uma mangueira na boca do bovino e enxaguar até que a água saia limpa. “Se enterrar com sangue o cheiro fica forte”, diz Tõe.

RECEITA SIMPLES
Embalada em uma folha de bananeira, a peça é colocada dentro de um latão de tinta e enterrada. E se você acha que faltou alguma coisa nessa receita, não é descuido do texto. Não vai mesmo nenhum tempero, nem um tantinho assim de sal. “Não faz a menor falta, a carne tem sabor muito forte, não precisa de nada”, diz Tõe. “E assim ainda mantemos a tradição”.

A tradição que o cozinheiro se refere é a do preparo realizado pelos índios xerente, naturais do cerrado de Tocantins. A reserva que os abriga começa a cerca de 50 metros da casa de Sebastião. Apesar de habitarem o país desde antes da chegada dos portugueses, contudo, o preparo da cabeça de boi tem uma história recente nos costumes da etnia.

Ao longo do século 20, a convivência tensa com fazendeiros e moradores da região e a situação econômica difícil dos indígenas fez que cabeças de boi fossem consumidas mais por necessidade do que propriamente por gosto. Normalmente descartadas pelos matadouros, eram doadas aos indígenas, que então as preparavam à moda do berarubu.

Nas últimas décadas após experimentarem uma melhora na situação econômica e terem reservas homologadas pelo governo, os xerentes foram, pouco a pouco, abandonando o preparo da cabeça de boi. “Os índios não fazem mais essa receita com tanta regularidade”, conta Sebastião, natural da região. “Aqui em Tocantins, acho que nós somos os únicos a continuarem essa tradição”.

A preocupação com a preservação do Berarubu levou até Tocantínia o projeto ”Fartura Gastronomia”, que organiza festivais e pesquisa expressões culinárias Brasil afora, tendo visitado nos últimos três anos 20 Estados brasileiros. O próximo festival, em junho, será o primeiro em Fortaleza.

Em Tocantínia, as cabeças continuam sendo doadas pelos matadouros da região, embora Sebastião afirme que, nos últimos anos, alguns deles vêm querendo cobrar pela peça. “Mas no final, ninguém ali consegue aproveitar a carne”, diz.

A maior preocupação de Tõe e de Sebastião é que elas ainda venham com a língua.”É o filé do prato”, comenta o cozinheiro, que ainda ressalva que há quem prefira a bochecha. “Só não encaro o miolo. Não que ele seja ruim, mas me lembra muito quiabo”. Coragem tem limite.


2 comentários:

  1. Como disse uma leitora da Folha "bois não são nacionais". Então, essa é mais uma daquelas "tradições" fajutas - como os rodeios - que alguns espertalhões, que querem explorar os pobres animais criam com o beneplácito da estupidez alheia e, como no caso dos rodeios, com as bençãos da igreja católica que só visa dinheiro. O que esse "Sr." deseja é continuar vendendo sua bebida, lucrando, em detrimento do sofrimento dos indefesos. N.O.J.O!

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  2. É muita ignorancia pra um povo só
    putizzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzkiuspariudissssssssssssssssss !!!!

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