13/01/2015

Mais que bem estar animal, acúmulo de cães em casas é um problema social

Como sempre, a discussão de uma situação delicada. A questão não é acumular os animais e sim mante-los sem higiene. Este é que é o verdadeiro problema. Pode-se ter 1000 animais, desde que em condições de mante-los com saúde e higiene.... Tem gente que tem um gato ou um cão e são imundos.....
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Um recente caso no centro de Petrópolis, onde uma moradora mantém mais de 30 cachorros em condições precárias de higiene em sua residência, chamou a atenção para um problema grave e pouco conhecido: os acumuladores de animais. O acúmulo de animais, também chamado de colecionismo, é um tipo de transtorno não determinado pelo número em si, mas pelas condições gerais sob as quais vivem os bichos e os seus donos. Ou seja: só porque seu vizinho tem muitos animais, isso não quer dizer que ele seja um acumulador. A patologia ainda é pouco conhecida dos profissionais da saúde e da população.

Muito mais que uma questão de bem-estar dos animais, o colecionismo é um
problema social. A maior parte dos pacientes desconhece que sofre do problema e nega o tratamento. A abordagem é difícil. Há pouco mais de uma semana, um outro caso chamou a atenção da cidade: um imóvel pegou fogo no bairro Carangola. No local vivia uma idosa com uma grande quantidade de animais. Ela foi resgatada bem pelos bombeiros e levada para a casa de familiares. Alguns animais, no entanto, acabaram morrendo. Muitos conseguiram fugir. Os moradores do bairro dizem que há anos vinham tentando uma solução para o problema, porém, sem sucesso.

Além da dificuldade de aceitação do paciente, a questão esbarra na lei. O governo municipal não pode, por si só, tomar a decisão de retirar os animais dos seus donos. A burocracia jurídica acaba postergando, muitas vezes por anos, a solução para o caso. Essa foi a situação de um imóvel no Centro onde, por questões físicas e financeiras, a proprietária se viu impossibilitada de continuar cuidando dos seus animais. Após anos de tentativas, finalmente a Justiça concedeu autorização para que fosse feita uma intervenção na casa. O local passou por uma limpeza, feita por equipes da Comdep, e agora os animais passam por tratamento. Os donos estão tendo acompanhamento multidisciplinar, que inclui assistentes sociais, psicólogo e profissionais de saúde.

Problema requer tratamento e terapia
Ainda não há um número exato de quantas situações semelhantes existem em Petrópolis mas, segundo a Prefeitura, há diversos casos pontuais. Segundo a psicóloga Fabíola de Araújo Sant’Ana, o colecionismo é uma compulsão como várias outras. “As pessoas podem apresentar diversos tipos de compulsões como por sexo, por compras e pela acumulação de animais”, explica.

A especialista esclarece que a maior parte dos pacientes vive uma realidade semelhante: há uma grande carência afetiva. “Geralmente são pessoas muito solitárias. Elas tentam utilizar os bichos como uma forma de preencher esse vazio. Esses pacientes não acumulam os animais ou os mantêm em más condições de higiene por mal. Para eles, é uma condição normal. São pessoas que têm um apego enorme pelos bichos. Diferente de alguém que mima o seu animal, muitos os veem de forma humanizada”, completa Fabíola.

As reclamações mais comuns de quem mora por perto dos acumuladores se referem a barulho, no caso de cães, e cheiro, quando são gatos. Ainda não há dados nacionais sobre a acumulação de animais, conhecida em inglês como animal hoarding. O perfil padrão dos acumuladores, segundo estudos americanos, aponta para mulheres com mais de 60 anos que moram sozinhas. Gatos são os mais acumulados, seguidos de cães e pássaros. Outro traço comum — que dificulta o combate à situação — é que, geralmente, os acumuladores negam o problema e a ajuda profissional.

Fabíola Sant’Ana explica que o tratamento deste transtorno deve, sim, ser multidisciplinar. A psicoterapia ajuda o paciente a restabelecer vínculos com outras pessoas, enquanto o tratamento psiquiátrico pode ajudar nos casos onde há depressão. “É um problema inconsciente. São pessoas muito solitárias e isso pode mascarar uma depressão. Nesses casos, o tratamento com antidepressivos é fundamental”, conclui.

3 comentários:

  1. Isto é barela. Tenho uns 50 caes e não sou acumuladora. Simplesmente amo meus anamais.

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  2. É complicado. Se as pessoas tivessem responsabilidade pela posse de seus animais, estes não estariam nas ruas necessitando serem resgatados e cuidados por outros. Mas, se a pessoa tem condição de cuidar o problema é dela. Alimentação, limpeza, cuidados veterinários são essenciais e têm que ser proporcionados aos animais. Agora, se o poder público nada faz pelos animais não vejo motivo para perturbar quem está fazendo.

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  3. Acredito q existam as duas situações: aquelas que abrigam por desespero de ver na rua e depois tem dificuldades de manter por questões de saúde ou de falta de ajuda de outras pessoas e aquelas que acabam acumulando por questões psicológicas.
    Os dois casos requerem ajuda tanto para os animais quanto para as pessoas.
    Eu diria que a primeira atuação nestes casos deve ser voltada para os animais, para garantir que sejam castrados, vacinados, vermifugados e encaminhados para outro tipo de tratamento de saúde. E isso poderia ser a primeira abordagem para o governo municipal e não tentar "tomar os animais na força".

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