20/11/2014

Na Tailândia, o consumo de carne canina poderá ser proibido

A polícia parece decidida.... os jornais do mundo inteiro estão noticiando...
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Carne de cachorro sendo preparada para consumo Foto: Aaron Joel Santos / The New York Times
Em busca dos responsáveis a polícia nacional montou operações surpresa nas florestas onde os cães são abatidos

A comunidade consumidora de carne canina de Baan Klang, na Tailândia, uma pequena minoria de agricultores e boias-frias, há tempos sabe que seus hábitos culinários revoltam muita gente em outras regiões do país, principalmente as classes média e alta, que amam seus cachorros. Hoje, porém, já se sente ameaçada. 

O governo militar, que tomou o poder de um governo eleito, em maio, está elaborando uma
lei para proibir o comércio da carne – decisão que, segundo os defensores dos direitos animais, seria uma forma de melhorar sua imagem perante o mundo.

A polícia nacional, pressionada por alguns desses mesmos ativistas, começou a repressão há dois anos, prendendo os envolvidos no negócio que não têm licença para abate nem transporte dos animais. Além disso, montou operações-surpresa nas florestas onde os cães são abatidos e prenderam o que descrevem como "chefões do setor", que exportam caminhões lotados de animais para o Vietnã e a China, onde o consumo da carne canina é comum. 

Entre os 70 milhões de habitantes da Tailândia, o número de amantes de cachorros é muito maior que o de consumidores de sua carne – e os moradores desse vilarejo pitoresco dizem estar de ambos os lados. 

— A gente come só cachorro bravo, aqueles que mordem as pessoas e matam as galinhas, afirma Praprut Thanthongdee, produtor de arroz de 45 anos que come carne canina desde garoto. 

Enquanto falava com o repórter, acariciava seu animal de estimação, Money, um vira-lata branco e preto que serve de cão de guarda, companhia nos arrozais, caçador de cobras venenosas e assistente de pastor dos búfalos. 

O consumo de carne canina não é, em absoluto, uma tradição popular na culinária tailandesa, se resumindo a bolsões isolados, principalmente na região nordeste. A prática existe há décadas, principalmente entre as comunidades vietnamitas, mas só há alguns anos ganhou destaque na imprensa nacional. 

A mulher de Praprut, Jantima Thathongdee, foi presa em julho e condenada a dois anos, com direito a sursis, por criar uma pequena feira de comércio de carne de cachorro. E também foi multada em US$150, quantia enorme para uma família que possui apenas três búfalos e alguns hectares de arrozais – e ficou indignada com o que considera uma repressão às tradições. 

— A carne de cachorro é uma delícia, é que nem a de porco, mas sem a gordura. Não dizem que esse país oferece liberdade? Pois eu deveria ser livre para comer o que quisesse, reclama Praprut. 

O policial que prendeu Jantima diz que encara seu trabalho como uma cruzada pessoal em respeito e compaixão ao animal. 

— Quanto mais gente prendemos, mais cães resgatamos. Não suporto vê-los sendo mortos para virarem comida, confessa o tenente Lamai Sakonpitak, apaixonado por cachorros que mantém quatro em casa. 

Seu parceiro também é amante dos peludos, mas sabe que as autoridades não podem acabar com o comércio da noite para o dia. 

— Não dá para cortar a árvore toda; é preciso ir tirando um galho por vez, filosofa o tenente Chaleaw Chaihung. 

A meia hora de carro de Baan Klang, no vilarejo de Tha Rae, camelôs vendem carne defumada de cachorro abertamente no acostamento da estrada. Lamai explica que o comércio de carne canina, concentrado na província de Sakon Nakhon, existe há décadas, mas assumiu proporções comerciais apenas nos últimos vinte anos. 

Os dois policiais já pararam caminhões que levavam mais de mil animais para o Laos e o Vietnã. Lá, além da carne, a pele – mais fina e delicada que o couro do boi – é tratada para ser usada em baterias e luvas. O trabalho da polícia conta com o apoio de grupos civis que querem ver o consumo da carne canina erradicado e cuja participação na coibição ao comércio tem sido essencial. 

Bhurita Wattanasak, agricultora que vive na periferia de Chiang Mai, dirige o que chama de "divisão de repressão" da Watchdog Thailand, que encoraja denúncias do público, anônimas ou não, repassadas para a polícia. 

— Levou uns dois ou três anos para as autoridades perceberem que o assunto era muito sério", ela conta. 

Bhurita diz que resolveu se envolver com o trabalho da organização depois de ter visto as imagens dos cães sendo transportados nos caminhões. 

— Vi muita gente como eu chorando por se sentir impotente, sem ter meios de fazer nada, afirma. 

Recentemente, membros da Watchdog Thailand se reuniram com militares integrantes da junta para pedir a aprovação de uma lei pelos direitos animais, baseada na legislação criada pelo governo anterior, que define como crime o abate de cães para consumo. 

— Eles pediram para fazermos as mudanças, incluirmos o que fosse necessário e reenviarmos para análise, explica Bhurita. 

Os estrangeiros têm uma participação importante na campanha de erradicação do comércio: celebridades britânicas como Ricky Gervais e Judi Dench aparecem em um vídeo, postado na Internet em outubro, condenando a prática. Em grande parte, a Watchdog e a organização a que pertence, a Soi Dog – "soi" significa "viela" em tailandês – funcionam graças a doações feitas nos EUA e Europa. 

Um dos principais objetivos do grupo ativista, fundado por holandeses e ingleses que moram na Tailândia, é castrar as legiões de cachorros de rua do país. John Dalley, um dos fundadores, conta que um argumento que sempre ouve é o de que o consumo da carne canina deveria ser incentivado porque, além de ser tradição em certas culturas asiáticas, poderia diminuir o número da população de vira-latas. 

— Não tem nada a ver com diferenças culturais. É uma atividade horrenda e cruel do início ao fim. Os animais ficam confinados em gaiolas e não é raro que, ainda vivos, sejam jogados nos panelões de água fervente. 

A polícia de Sakon Nakhon admite que geralmente os cães são tratados de forma cruel. Já os abatedores dizem que eles são mortos da maneira mais humana possível, da mesma forma que outros animais cuja carne é consumida amplamente. Um deles permitiu que um fotógrafo visitante testemunhasse o abate de um dos cães, que recebeu um golpe na cabeça e, logo em seguida, foi desmembrado. 

A morte pareceu ter ocorrido em questão de segundos. O homem, que se recusou a dar o nome por considerar o momento atual muito "perigoso", afirma que só mata cães problemáticos ou indesejados. Essa também é uma desculpa comum entre os consumidores da carne canina – a de que muitos animais são abandonados nos templos budistas, engrossando o problema dos animais sem dono na Tailândia. 

— O cachorro é o melhor amigo do homem, claro, mas alguns deles merecem ser mortos, afirma o sogro de Praprut, Kawai Thanthongdee, de 66 anos, que come carne de cachorro desde que era pequeno.

FONTE: zh-clicrbs

7 comentários:

  1. A Tailândia, a China, o Vietnã e outros países análogos deveriam ser varridos do mapa e terem a terra salgada para não brotarem mais nada. É a praga humana e suas "culturas" e "tradições". Por assim sendo, q voltem os circos dos horrores com suas aberrações humanas, a escravidão de humanos tidos como "inferiores", e outras "tradições", já q segundo os infelizes da reportagem acham q liberdade é comer o q quiser e q alguns animais merecem morrer ( a começar pelos próprios de tais afirmações). Eu não aguento tanta asneira em tão poucas linhas. Arghhhhhh!!!!! A espécie humana tem de ser dizimada e fazerem outra, pois essa q aí está, com certeza, não deu certo.
    Rita de Cássia - Curitiba/PR

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  2. Beleza!!! Ta começando ficar bom... Quando acabarem com essa corja nojenta que assassina animais o mundo fica melhor. Adorei a notícia!
    Deveriam jogar em água fervente que pratica tal crueldade com os cães, não fariam falta nenhuma.

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  3. Concordo, tenente Chaleaw Chaihung, “não dá para cortar a árvore toda, é preciso ir tirando um galho por vez” mas se a raiz não for arrancada totalmente, novos galhos renascerão fortalecidos após a poda, com milhares de sementes em seus frutos do mal.

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  4. Realmente concordo com a Rita de Cassia. Certos lugares no mundo deveriam ser dizimados da face da terra, pela sua prepotência e frieza em nome de costumes enraizados que passam de pai para filhos ou melhor lugares aonde nem leis tem como é o caso das Ilhas Faroe que com o apoio da Dinamarca comete atrocidades por la com as baleias em nome de uma tradição.....e por aí a fora.

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  5. Espero que a proibição se confirme, e que logo outros humanóides bárbaros que ainda consomem carne sigam o exemplo.

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  6. Estão começando a evoluir. Que bom. Vai demorar, mas um dia toda aquela região vai melhorar. Nesta encarnação ainda não vou ver isto, mas espero que na próxima ninguém esteja comendo cachorros neste planeta.

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  7. Será necessário esperar que toda a velha e atual geração de pessoas morra, para que haja conscientização da nova geração.

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