27/11/2014

As Quatro Fases na vida de um protetor de animais

Já li este texto algumas vezes e podia jurar que havia registrado aqui no blog.... mas, não achei. Então, aqui está. É muito bom.....
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Fakkema escreveu na esperança de ajudar seus colegas acelerarem seus próprios progressos em direção a uma vida mais tranquila e produtiva. Nós que trabalhamos em prol dos animais, dedicamos nossas vidas a eles, passamos por estas quatro fases na evolução de nossa carreira.

Cada um tem sua história, mas todos passamos por um processo similar. Se sobrevivermos ao processo, conseguiremos perceber o que já atingimos e o que queremos em primeiro lugar.

Fase 1

Determinados, estamos decididos a mudar o mundo. Sabemos que
podemos fazer diferença, que nossos esforços em favor aos animais vão aliviar suas difíceis condições. Trabalhamos o que parecem ser 25 horas por dia e ainda assim estamos com energia. Nossos entusiasmo ultrapassa os limites, nossa capacidade de aceitar desafios é infinita!!

Comemos, dormimos e vivemos para a causa animal. Nossos amigos não entendem nossa obsessão e afastam-se ou simplesmente vão embora, ou nós os abandonamos, pois encontramos novos amigos. Alguns, contudo, não fazem novos amigos, estão muito ocupados trabalhando na causa animal.

Alguns de nós nos tornamos solitários, apenas a companhia de nossos cães e gatos nos separam da total isolação. Todavia estamos satisfeitos porque trabalhamos para uma causa. Em nosso entusiasmo tentamos encontrar soluções simples para problemas complexos - Todos os animais devem ser castrados - Nenhum animal deve ser sacrificado!

Estamos sempre atrasados porque tentamos resgatar animais de estradas e ruas. Achamos que entendemos o problema e sabemos que podemos solucioná-lo se as pessoas saíssem de nossos caminhos.

Fase 2

Nosso entusiasmo inicial tornou-se amargo. Vemos as mesmas pessoas abandonando animais. Elas não ouviram nossa mensagem. Até mesmo nossos amigos (aqueles que ainda não nos abandonaram) não nos compreendem. Parece que não conseguimos atingir ninguém.

Os animais ainda são maltratados e negligenciados. O sofrimento dos animais continua apesar de todos os nossos esforços. Perdemos a energia sem fim que tinhamos na fase 1. Não queremos mais falar sobre o trabalho, e nem mesmo admitimos onde trabalhamos. Estamos cansados todo o tempo. Parece que passamos o dia todo na luta em prol aos animais. Quando chegamos em casa fechamos as portas, desligamos a secretária eletrônica e fechamos as persianas. Estamos muito exaustos para cozinhar, partimos para fast food, pizza, batatas fritas ou chocolates.

Alguns de nós compramos objetos desnecessários que nem ao menos podemos pagar. Alguns partem para o alcoolismo para tentar afastar o sentimento de desesperança.

Ignoramos nossa família, e até mesmo nossos próprios animais não têm a atenção devida. Parece atéque não temos forças para por em ação nenhuma das mudanças que nos impulsionaram na fase 1. Ficamos horrorizados com o trabalho que fazemos. Até mesmo nossos sonhos são repletos de horrores. Cada animal que resgatamos e sacrificamos são um lembrete de nosso fracasso.

De alguma forma nos culpamos por todo este insucesso. Isto nos destrói!!!

Nosso escudo de defesa torna-se cada vez mais alto, bloqueando a dor e a tristeza. Apenas ele faz nossas vidas de alguma forma mais toleráveis.

Apenas continuamos porque dentro de nós ainda resta uma fagulha da fogueira de energia da fase 1.

Fase 3

A depressão da fase 2 transformou-se em raiva. Estamos enlouquecidos de raiva. A desesperança chegou ao limite! Começamos a odiar as pessoas. Toda e qualquer pessoa, COM EXCESSÃO daqueles que dedicam suas vidas em prol aos animais da MESMA FORMA QUE NÓS FAZEMOS.

Odiamos até mesmo nossos companheiros de causa quando ousam nos questionar. Especialmente sobre sacrificar animais. Nos ocorre: Vamos sacrificar os proprietários, não os animais! Vamos sacrificar aqueles que maltratam e abusam dos animais ao invés deles!

Nossa fúria expande-se para nossa vida particular. Para o cara em nossa frente no trânsito. Aquele que está em nosso caminho na rua. Pensamos: Vamos sacrificá-los também!.

Odiamos políticos, TVs, jornais, nossa família. Todos são alvos de nossa fúria, desprezo e ódio. Perdemos nossa perspicácia e eficiência.

Não conseguimos nos reconectar com a vida. Até mesmo os animais que acolhemos parecem de certa forma distantes e irreais. A raiva é a única ponte para nossa caridade. É o único sentimento que penetra em nosso escudo.

Fase 4

Eu sei que estive em todas as fases em meus trinta anos de proteção animal e a fase 4 é, de longe, o melhor ponto a se atingir. Algumas pessoas estacionam na fase 1 (fanáticos) ou 2 (depressivos) ou 3 (irados). Alguns voltam da 4 para a 2 e a 3, ou ainda, da 4 para 3 ou da 4 para a 2.

Alguns abandonam o trabalho voluntário durante as fases 2 e 3 e nunca mais voltam. Alguns conseguem passar para a fase 4 rapidamente, enquanto outros levam anos. Alguns nunca atingem a paz que os permite seguir servindo ao trabalho voluntário. Eles atuam a vida inteira no frenesi da fase 1 ou estacionam definitivamente deprimidos ou raivosos.

Com o tempo, a depressão da fase 2 e a raiva da fase 3 podem tornar-se renovadas através de uma nova determinação e compreensão de qual é realmente nossa missão. Esta é a fase 4. Percebemos que trabalhamos efetivamente localmente e em alguns casos regionalmente, ou até mesmo nacionalmente. Não resolvemos o problema (quem poderia?) mas fizemos uma grande diferença para dúzias, centenas e até milhares de animais. Mudamos a visão daqueles que nos rodeiam a respeito de proteção aos animais. Começamos a compreender qual é o papel mais adequado para nós na sociedade, e começamos a perceber que somos mais eficazes quando balanceamos nossa vida pessoal e vida de voluntário. Compreendemos que o voluntariado não deve preencher todo o nosso universo. Se dermos a devida atenção também a nossas vidas, podemos ser mais eficientes no voluntariado em prol aos animais.

Férias e Finais de Semana devem ser curtidos! Ao voltarmos estamos renovados e prontos para encarar os desafios diários. Vemos que as pessoas não são tão más. Percebemos que a ignorância énatural e na maioria dos casos é curável. Sim, existem pessoas reamente más que abusam e negligenciam os animais, mas são minoria. Não os odiamos.

Reconhecemos que as soluções são tão complexas quanto os problemas e trazemos um grande número de ferramentas para solucionarmos esses problemas. Nossos escudos se abaixam. Aceitamos que tristeza e dor são parte de nosso trabalho. Damos um pequeno passo por vez.

Paramos de mascarar nossos problemas com drogas, comida ou isolação. Enfim reconhecemos nosso potencial para ajudar os animais. Estamos mudando o mundo.

autor: *Douglas Fakkema, publicado na revista Animal Sheltering de Abril de 2001.
*Doug Fakkema conduz palestras sobre métodos de eutanásia para animais nos Estados Unidos. Atuou como diretor dos abrigos de Oregon e California por 19 anos.
Tradução: Janaína Brasílio


FONTE: APASFA

5 comentários:

  1. exatamente como me sinto.as pessoas não entendem a vontade de ver os animais livres desses carroceiro crueis.ontem dia 26 indo pela ipiranga vi uma carroça que devia estar mais ou menos com 300 k o carroceiro estava de pé porque se não o cavalo ia ficar pendurado de tanto peso .liguei pra eptc pra bm.tenho quase certeza que não aconteceu nada por que não pude ficar esperando.ligo todos os dias pra eptc e não fazem nada.

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  2. Oi, Anônimo
    Não sei quem você é e se a Sheila tem condições de entrar em contato com você, mas vou deixar o telefone de uma protetora de cavalos aqui, em Sampa: Cris Seabra, fone - 99373 4502. Boa Sorte!

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  3. Até onde eu sei carroças são proibidas em São Paulo não são? Ou mais uma vez não temos fiscalização?

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  4. Faço o que posso por animais que cruzam meu caminho, mas não me considero protetora. Na verdade, sempre fugi disso, justamente por ter a consciência de que não posso salvar o mundo. Acumular animais, me endividar e ficar com a corda no pescoço, sem saber o que fazer depois? O que será de mim? O que será deles? Não, não posso, não devo. Mesmo sem ser protetora senti um pouco destas fases e este pouco já me bastou. Quando a depressão baixa e me vem aquela sensação terrível de tristeza, frustração, desilusão, revolta, angústia, raiva e sabe-se lá mais o que, procuro ajuda médica.

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  5. Ótimo texto para reflexão!!!!!

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