17/10/2017

Zoo do Rio exibe melhorias nas instalações com a nova administração

É sempre lamentável vermos animais enjaulados. Mas, de qualquer maneira, a melhora das instalações são bem-vindas. Precisamos trabalhar para que vire um Santuário embora saibamos que a manutenção é o mais difícil...
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RIO – Simba abre os olhos e esta é a senha para o rebuliço geral começar. “O leão acordou”, grita a mãe de uma
criança. A notícia se espalha. Rapidamente a corda que separa a jaula de vidro do felino do público fica cheia de espectadores. Um menino de vermelho se aproxima. Simba odeia vermelho e ensaia mordiscadas, para delírio de quem acompanhava a cena.


O despertar de Simba, que chegou ao Rio “emprestado” de um zoológico de Santa Catarina, é também o do próprio local. No mês em que completa um ano sob nova administração, o Zoo do Rio registrou, no último dia 12, recorde de visitantes desde que reabriu: quase 11,5 mil pessoas em um único dia. Quando voltou a funcionar, em dezembro de 2016 (o Zoo foi interditado pelo Ibama no começo do ano, quando ainda estava sob responsabilidade da prefeitura), esse público não passava de 7 mil nos fins de semana.

É visível que o Zoo recebeu uma recauchutagem. Podas de árvores, pintura, jardinagem, pequenas reformas nos viveiros e limpeza. Com a proximidade do verão, a expectativa é de mais vistantes. O parque, além dos 1.200 animais de 257 espécies, tem novidades. Uma delas é o tour guiado, em que crianças podem até alimentar aves em viveiros. Outra atividade nova é a falcoaria — observação e contato com aves de rapina.


PICOLÉS NO CALOR
A nova estação muda também os hábitos da bicharada. Saem de cena as sementes para as aves, gordurosas e que ajudam a aumentar a temperatura corporal, e entram os tradicionais picolés, preparados de acordo com a rotina alimentar de cada bicho. Para as araras, picadinhos, de sabor melancia. Os chipanzés tomam com palitinho, de frutas como banana e melancia. E Simba, o leão, ganha um “blocão de gelo”, preparado com sangue e carne.

— No verão, a gente muda a dieta deles. Uma vez por semana, todo mundo ganha picolé — explica Anna Cecília Leite, bióloga do parque. — Também adaptamos os viveiros. No do urso, será construída uma sombra a mais. Há também mais chuveirinhos instalados no ambiente.

Outro sinal de que o verão está chegando é que as orangotangos Elsa e Tanga deixaram de andar para todos os lados com seus inseparáveis cobertores, distribuídos a todos os primatas no inverno. Já o casal de ursos de óculos aproveitou a tarde quente da última sexta-feira para nadar no fosso que cerca o viveiro.

Os biólogos do parque esperam, ansiosos, para saber se a fêmea, Maia, está grávida. Os bichos “namoraram” há cerca de duas semanas, o que é bastante raro — a espécie só costuma copular uma vez a cada ano. Outra mudança é que, com o horário de verão, o parque ganha uma hora a mais de funcionamento: em vez de fechar as portas às 17h, fica aberto até as 18h.


NOVOS FILHOTES
No último ano, o Zoo registrou 30 nascimentos. São novos macacos-prego, capivaras e aves. As araras, por exemplo, começam a primavera botando ovos.

— Começou a “euforia reprodutiva” — explica Anna Cecília. — Normalmente, quando os animais põem ovos, colocamos num setor de incubadora. Na natureza, eles podem não vingar, até por má gestão da mãe mesmo.

Um ovo chocado, há pouco mais de um mês e meio, tinha dentro uma corujinha orelhuda. É o xodó do falcoeiro Leandro Mautone. É ele quem conduz, duas vezes por dia, o tour da falcoaria. Os visitantes pagam R$ 10 a mais, além da entrada normal ( de R$ 15,38, a inteira). Ao final do voo dos bichos, observado e guiado por Leandro, eles podem até tirar fotos com as aves, usando uma luva especial para evitar que sejam feridos pelas garras.

Outro momento de contato com aves é durante a visita guiada. Em pequenos grupos, os visitantes podem entrar nos viveiros e alimentar as araras. Na sexta-feira, crianças ajudaram a dar coquinhos partidos e espigas de milho para os bichos.

No viveiro das aves há um romance antigo e sem “final feliz”: há mais de dez anos, uma arara Canindé “visitante” (alcunha dos bichos que não fazem parte do parque, mas estão lá espontaneamente) visita o viveiro para ficar perto da “namorada”. A administração já consultou o Ibama para saber se poderia levá-la para dentro do gradeado, para que, enfim, os pombinhos (ou ararinhas) ficassem juntos. Mas não foi autorizada.

Quem pode, dentro de algum tempo, tentar a sorte com outra parceira é o urso pardo Zé Colméia. Diagnosticado com depressão desde que chegou ao zoológico, há dez anos, tomava antidepressivos. Com um passado difícil, confinado em uma jaula de circo de dois metros quadrados, ele finalmente deu sinais de recuperação e abandonou o medicamento em maio. Biólogos cogitam até tentar novamente uma namorada para o mamífero. A última companheira dele foi a ursa Trina, que morreu em 2013.


OBRAS AINDA SEM DATA
Em breve, o Zoo passará por mais mudanças. Vai virar um bioparque, sem grades e com uso de barreiras naturais para separar bichos de visitantes — as pessoas vão circular por túneis e passarelas, praticamente dentro dos viveiros. O projeto é orçado em R$ 80 milhões e aguarda licenciamento para que as obras comecem. Por enquanto, R$ 2 milhões foram gastos em melhorias básicas no parque.

Enquanto as obras não saem no papel, famílias inteiras aproveitavam o dia de sol no parque no feriadão. Diego Viana, advogado de 36 anos, levou a filha Nicole, de dois, pela primeira vez ao Zoo:

— Foi um programa diferente para sair de casa. A interação com os animais, com essa vida de hoje em dia, não existe mais. A gente gosta tanto de animais e só vê pela TV — disse.

Já o casal Suellen e Alex Moreno decidiu sair de Duque de Caxias para um passeio pelo zoológico na última sexta. Levavam Gabriela, a filha de apenas nove meses.

— Fiquei feliz com a reabertura do zoológico. O Rio é uma cidade que tem tanto potencial, mas não tem atrações para a família — observa Alex, vendedor de 24 anos.

Fonte: Só fatos

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