Achei interessante a matéria para uma reflexão
------------------------
Darwin sugeriu que a descoberta do altruísmo entre espécies destruiria sua teoria da seleção natural
A natureza das mães é espantosa. Sua devoção desata a espiral da vida a ponto de, em certas ocasiões, se suicidarem em prol de seus descendentes. A fêmea do polvo Graneledone boreopacifica protege seus ovos durante 53 meses –o mais longo período de incubação já registrado. Quanto mais tempo, mais os embriões
se desenvolvem. Aumentando de tamanho, a probabilidade de serem depredados no oceano diminui. Assim que os ovos se rompem, a mãe morre, exausta. Outras mães dão até um passo adiante: se deixam devorar. A aranha da espécie Diaea ergandros alimenta seus filhotes com ovos não fertilizados e com sua própria carne. Os canibais matricidas ficam maiores e mais fortes. Pelos filhos, as mães matam e se deixam matar.
se desenvolvem. Aumentando de tamanho, a probabilidade de serem depredados no oceano diminui. Assim que os ovos se rompem, a mãe morre, exausta. Outras mães dão até um passo adiante: se deixam devorar. A aranha da espécie Diaea ergandros alimenta seus filhotes com ovos não fertilizados e com sua própria carne. Os canibais matricidas ficam maiores e mais fortes. Pelos filhos, as mães matam e se deixam matar.
"Na natureza, ajudar seus próximos significa, indiretamente, ajudar seus genes"
A solidariedade, algumas vezes, ocorre além da maternidade. O morcego comum se alimenta basicamente de sangue. Sua demanda fisiológica o impede de passar mais de 70 horas em jejum. Nas noites de fome, os mais azarados solicitam alimento aos que conseguiram comer. Estes, então, regurgitam sangue para seus parentes próximos. Geralmente, na medida em que o parentesco se estreita, mais evidente é essa ajuda. Na natureza, ajudar seus próximos significa, indiretamente, ajudar seus genes. Mas os morcegos não auxiliam apenas seus familiares, também o fazem por seus vizinhos de colônia. Nas relações bidirecionais, existem quatro casos: beneficiado (você me dá e eu te dou), altruísta (você não me dá, mas eu te dou), egoísta (você me dá, mas eu não te dou) e rancoroso (você não me dá e eu não te dou). A colaboração contínua é a tática mais estável e benéfica para ambas as partes. No entanto, se um segue cooperando e o outro, não, a máxima recompensa é para o mentiroso. Por isso, a mentira é uma estratégia frutífera no jogo da sobrevivência.
Entre espécies diferentes também se estabelecem vínculos e artimanhas. No deserto africano do Kalahari, a relação entre os suricatos e o drongo tem seus altos e baixos. O pássaro negro está em alerta e pronto para avisar sobre a presença de predadores. A não ser quando mente. Neste caso, emite um alarme falso. Enquanto os suricatos se escondem, o drongo se apodera da comida de suas vítimas. Ainda assim, se leva essa tática ao limite, ninguém acredita nele na enésima vez. Diante das adversidades, o mentiroso encontra outra forma de mentir. O drongo imita o alerta do suricato sentinela e o clã cai novamente na armadilha. Nas cooperações, normalmente há um intercâmbio de recursos ou serviços (dentro ou entre espécies, a curto ou longo prazo) que se mantém por interesse mútuo. A aliança entre as espécies é recíproca até deixar de ser.
"Em biologia, o altruísmo significa sacrificar o bem-estar próprio para beneficiar um terceiro. Isso ganha sentido quanto mais próximo for o parentesco, quando a linhagem está em jogo"
Há casos em que o benfeitor não tem nenhum interesse aparente. Em 2008, dois cachalotes-pigmeus –mãe e filho– encalharam numa praia na Nova Zelândia. Depois da tentativa fracassada de vários voluntários, um golfinho se aproximou para guiá-los através do banco de areia em direção ao mar aberto. Em 2011, cientistas viram um auxílio oposto nos Açores. Uma família de cachalotes havia adotado um golfinho com a coluna vertebral torta. O infiltrado viajava, comia e brincava com os gigantes. Pode ser que seu tamanho tenha confundido o instinto materno do matriarcado. Ou talvez, simplesmente, não fosse considerado uma ameaça. Em maio de 2012, pesquisadores observaram um grupo de baleias jubarte impedindo, com caudas e barbatanas, que orcas comessem um filhote de baleia cinzenta. A vigilância durou seis horas e meia, mas de nada serviu, pois o filhote já estava morto antes da chegada delas. A proteção pode se dever a uma antiga rixa entre as baleias assassinas e as jubarte. Adultos com cicatrizes são geralmente aqueles que brigam com as orcas. Essas marcas que permanecem por toda a vida são resultado dos ataques sofridos pelos mesmos quando eram pequenos. Sob este trauma e o instinto protetor, as jubartes socorreram o filhote de baleia cinza. Embora seja possível que elas não tivessem consciência da identidade externa do resgatado.
Em biologia, o altruísmo significa sacrificar o bem-estar próprio em benefício de um terceiro. Isso ganha sentido quanto mais próximo for o parentesco, quando a linhagem está em jogo. Mas, além disso, Darwin sugeriu que a descoberta do altruísmo entre as espécies desmantelaria sua teoria da seleção natural. Ademais, muitos cientistas defendem que não há uma intenção consciente no altruísmo animal. Aparentemente, não há vontade de ajudar ou desinteresse. Se o vínculo familiar é fraco, o apoio é um mal-entendido ou se espera retorno. Os favores são retribuídos, o verdadeiro altruísmo fica comprometido. A pergunta fundamental é: e nos seres humanos?
FONTE: elpais
No altruísmo entre animais, eu já tinha ouvido falar, mas o que ainda não pesquisei foi matéria sobre se existe egoísmo entre os animais. Será que existe animal egoísta que não seja o ser humano?
ResponderExcluirO que não concordo é os cientistas defenderem que não existe uma intenção consciente no altruísmo animal, levando a crer, mais uma vez, de que só o ser humano tem capacidade consciente. Difícil de acreditar!
ñ achei a matéria bem explicada ñ! até porque me cheira cientistas especistas o qual defende apenas a espécie de humanos.
ResponderExcluira materia me parece que são cientistas que queerem ibope c as explicações deles.
ResponderExcluir