20/11/2015

Estrada afora com cinco burros em busca de um santuário - PT

O cara é taxado de doido, mas,  de tão inusitado acaba recebendo ajuda....
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Chegou há pouco dias a Monchique um alemão com cinco burros - Camarón, Lucía, Josefina, Frederico e Luísa. O temporal interrompeu-lhes a viagem. Sem dinheiro e sem comida, dormiu na rua, na velha serração. Muitos pensaram que é um vagabundo. Mas a sua recusa em abandonar os animais sensibilizou a comunidade

Como todas as boas histórias, esta tem um lado
trágico e um feliz. Robert Nestmann, 43 anos, espera que a sopa arrefeça na esplanada do Intermarché. Tem um ar sereno, apesar da situação desconfortável. Veio da Andaluzia, onde viveu nos últimos 13 anos. Acabou aqui uma jornada de 1200 quilómetros. Não era suposto. Mas já lá vamos.



Robert nasceu numa aldeia raiana e remota, entre a Bélgica e a Alemanha. Teve uma infância difícil com um pai autocrata. A única memória boa «é que me criou na natureza», recorda. Depois de aprender um ofício em metalomecânica, deixou o campo. Nunca se adaptou à vida urbana. Aos 30 anos, depois de «uma vida de sofrimento» mudou-se para o sul de Espanha. «Fui trabalhar para quintas como voluntário» do movimento WWOOF (World Wide Opportunities on Organic Farms).



Na primeira, entre Ronda e Estepona, havia um lagar. Um dia, Robert quis melhorar a qualidade do azeite ali produzido. Os familiares do dono da quinta ficaram tão impressionados que lhe deram uma pequena prensa para começar um negócio. Assim «comprei o meu primeiro burro» para transportar as azeitonas. Notei que passado pouco tempo ficou deprimido». E arranjou uma burrinha. Mandaram-no embora.

Robert ainda ficou algum tempo na zona de Serranía de Ronda, de quinta em quinta. «Os burros podem ser muito úteis porque limpam a terra. Davam-me comida e alojamento. Estava tudo bem, mas havia um problema. Esta zona está muito sujeita à poluição da indústria pesada da baía de Gibraltar, que vem arrastada pelo vento». Estava sempre doente. Resolveu fazer-se à estrada. Mas, uma vez que já dominava a língua castelhana, pensou em conhecer os principais parques naturais da Andaluzia. Em busca de um ambiente melhor.



Apesar de errante, este alemão tem um projeto de vida. Persegue um sonho: encontrar um terreno sem uso. Quer criar um santuário para estes animais em risco de extinção. «Onde possa viver sem luxos. Gosto de casas antigas, desde que secas. Um sítio protegido das influências da sociedade como o ruído e a poluição. Mas não me quero isolar, será aberto a todos os que precisem de um retiro na natureza», diz.

Depois de dois anos na estrada e muitas aventuras, encontrou na Sierra Nevada uma comunidade alternativa. «Havia lá gente que viajara pelo mundo. Disseram-me que talvez pudesse encontrar o que procuro em Portugal».



Durante o tempo que andou na estrada chamaram-lhe louco? Vagabundo? «Não. Mas diziam-me que tenho uma ideia impossível. Outros encorajaram-me. Deram-me dinheiro: vá, tenta fazer isso, força!»

Pelo caminho, Robert sobrevivia graças aos donativos pelas fotografias tiradas junto aos burros e guiando crianças em pequenos passeios.

«Nunca pedi nada. As pessoas ajudavam-me porque nunca explorei, nem quis explorar os meus animais. O mais importante é tê-los felizes» e muita gente ficou tocada por isso.

Até lhe ofereceram um smartphone novo com GPS para não se perder nos trilhos.

A primeira impressão de Portugal? «Pareceu-me que tirei uma grande pedra do coração. Logo na fronteira, notei que o ar é diferente. Senti outra coisa que não consigo explicar bem. A vibração do país é diferente. Muita gente diz que a Andaluzia é tranquila. Não é verdade. Em Portugal há uma energia pacífica».



A sua ideia era chegar à aldeia de Pedralva. Pensou que talvez tivessem interesse nos seus burros. Mas em Monchique, o mau tempo trocou-lhe as voltas. Os primeiros olhares foram de desconfiança. Pediu pão seco para dar aos burros. Trouxeram-lhe palha. A veterinária municipal viu os animais, e contactou Filipe Duarte, um especialista em trilhos e caminhadas, que há muito tempo sonha também fazer um projeto com burros.

«Percebi logo que o Robert é boa pessoa. Já não tomava banho há dias e precisava mesmo de ajuda», conta Filipe Duarte. Arranjou-lhe temporariamente a casa de um amigo imigrado no Canadá que tem um pequeno terreno onde os animais podem ficar.

Agora, o desafio será arranjar novos documentos no consulado da Alemanha, em Faro.

Contactado pelo «barlavento», o presidente da Câmara de Monchique Rui André diz que está a acompanhar o caso e a prestar o apoio possível. Confirma que os animais estão de boa saúde e o mais urgente é legalizar a situação do Robert para que possa trabalhar, caso pretenda ficar em Monchique.

Estabelecer um negócio turístico por conta própria é um processo burocrático, e portanto, na opinião do autarca, o ideal seria o inesperado residente alemão poder colaborar com uma empresa já estabelecida. De preferência, com os seus burros.
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Quem quiser pode ajudar o Robert doando comida para os animais, fardos de palha, roupa usada e até ofertas de trabalho. Está contactável (em inglês, alemão e espanhol) e mantém presença nas redes sociais:
http://project-sanctuary-happy-donkeys.jimdo.com
Facebook: Calufi Frelu
Telefone & WhatsApp: +34 684 120 862
Email: acebuchero@gmail.com

FONTE: barlavento

3 comentários:

  1. Se fosse normal, seria um humano escroto e explorador de animais. Mas, como ele pensa fora do quadrado, aí é chamado de doido.

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  2. Achei difícil compreender esse texto em português de Portugal.

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  3. Estou em lágrimas...que lindo! Tomara ele consiga o que planeja - Deus há de lhe auxiliar. Quando alguém tem o coração puro como o dele, realmente, o universo conspira para que tudo de certo. Gostaria de ver o final dessa história de amor e compaixão.

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