29/08/2015

“Nós somos criaturas que não deveriam existir”: a teoria do antinatalismo

Para reflexão neste fim de semana.... depois me contem....
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Você já se sentiu tão desanimado com a humanidade que chegou a considerar a extinção em massa como a única saída?

Você não está sozinho. O antinatalismo é a visão de que devemos desistir de procriar, que é errado ter filhos. Embora seja uma forma válida de ver o mundo, muitas pessoas têm concepções erradas sobre essa teoria ou seus seguidores.

Se você assistiu a popular série “True Detective” da HBO, talvez já tenha ouvido falar de
antinatalismo. O personagem Rustin Cohle se diz um adepto. Mas suas características não representam necessariamente as de um antinatalista (na ficção, Rustin é favorável a uma espécie de “violência moral”, além de ser alcoólatra e se dizer niilista, enquanto o antinatalismo não tem a menor ligação com essas coisas).

David Benatar, professor de filosofia e autor do livro “Better Never to Have Been: The Harm of Coming into Existence” (em tradução literal, “Melhor Nunca Ter Sido: O Mal de Vir a Existência”), explica as formas de pensamentos ligada ao antinatalismo.

Rotas filantrópicas
Existem várias rotas para se chegar à conclusão de que devemos parar de procriar. Algumas são o que poderíamos chamar de “rotas filantrópicas”. Elas emanam preocupação com os seres humanos que serão trazidos à existência.

De acordo com estes argumentos, a vida é cheia de sofrimento e não devemos criar mais do mesmo. Muitos pró-natalistas rebatem esta sugestão dizendo que o bom na vida supera o mal.

Benatar discorda. Segundo ele, há ampla evidência de pesquisas psicológicas que a maioria das pessoas são propensas a um viés de otimismo e estão sujeitas a outros traços psicológicos que as levam a subestimar a quantidade de “coisas ruins” na vida.

Em segundo lugar, quando olhamos de perto, notamos quanto sofrimento existe. “Considere, por exemplo, os milhões que vivem na pobreza ou sujeitos a violência ou a ameaça da mesma. Aflição psicológica e perturbação é generalizada. As taxas de depressão são elevadas”, fala Benatar.

Nas partes mais pobres do mundo, doenças infecciosas são responsáveis pela maior parte da carga de doenças. No entanto, no mundo desenvolvido, as pessoas também sofrem, com acidentes vasculares cerebrais, doenças degenerativas e câncer. O filósofo afirma que 40% dos homens e 37% das mulheres na Grã-Bretanha desenvolvem câncer em algum momento. Essa probabilidade é alta, então por que deveríamos trazer mais gente no mundo para passar por isso?

Rotas misantropas
Outra rota para o antinatalismo são os “argumentos misantropos”. De acordo com estes argumentos, seres humanos são profundamente falhos. Somos uma espécie destrutiva responsável pelo sofrimento e morte de milhares de milhões de outros seres humanos e animais. “Se esse nível de destruição fosse causado por qualquer outra espécie, recomendaríamos rapidamente que os novos membros da referida espécie não fossem trazidos à existência”, sugere Benatar.

É importante notar que existem noções equivocadas de que os antinatalistas querem “exterminar” a população mundial. O antinatalismo, enquanto defende a extinção humana, é uma visão sobre um determinado meio à extinção – ou seja, a não procriação. Antinatalistas não estão comprometidos com suicídios ou genocídios. Nada se perde por não vir à existência. Por outro lado, deixar de existir tem custos.

Suicídio em particular é realmente difícil, razão pela qual, na série, Rustin responde à pergunta de seu colega Marty: “Então, qual é o ponto de levantar da cama de manhã?” com a confissão: “Me falta a constituição para cometer suicídio”.

Assassinato transporta problemas morais adicionais, incluindo, mas não limitado, a violar os direitos de quem pode preferir não morrer.

Outros erros
Antinatalistas não estão comprometidos com nenhuma visão particular sobre quando a violência é ou não é justificada. Antinatalismo não é uma teoria moral completa, apenas uma visão sobre a moralidade da procriação.

Também há uma tendência comum de considerar os antinatalistas como niilistas. Rustin afirma ser um. No entanto, apesar desta afirmação, o personagem não é verdadeiramente niilista.

Niilistas (sobre o valor) pensam que nada importa, mas Rustin e antinatalistas em geral pensam que muita coisa importa. Importa, por exemplo, se as pessoas sofrem. Antinatalismo se baseia na profunda preocupação com o valor, em vez de uma ausência de qualquer valor.

Pense sobre ter filhos – mas pense MESMO
A maioria dos seres humanos é capaz, pelo menos em princípio, de refletir sobre se devem ter e criar filhos.

No entanto, muitos pensam chocantemente pouco ou nada sobre o impacto de suas ações de procriação. Isso pode ser porque os seres humanos não são tão diferentes dos animais não humanos quanto gostariam de pensar. Como outros animais, nós somos produtos da evolução, e temos todos os impulsos biológicos que ela acarreta.

O que os antinatalistas fazem de mais importante, então, é realmente conjeturar sobre se vale a pena ter filhos ou não, sem levar em conta aquelas ondas de otimismo que atacam constantemente os seres humanos mesmo quando eles não têm nenhum motivo para estar esperançosos sobre qualquer coisa

FONTE: Hypescience

11 comentários:

  1. O problema é mais objetivo : ecologicamente a populaçao humana jà ultrapassou os limites do que o planeta pode suportar. A maioria das espécies selvagens, das florestas, das zonas naturais jà desapareceram por causa do aumento vertiginoso da densidade demografica. A agua potavel e as terras férteis desaparecem pelo mesmo motivo.

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  2. Maria Cancella29/08/2015, 08:06

    Uma diminuição da humanidade traria como consequência uma vida melhor e mais confortável para os restantes: mais espaço, mais conida, menos trânsito nas ruas, menos disputas por bens materiais, e por aí vai... ou estou falando bobagens?

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  3. Prefiro ficar com o "crescei e multiplicai-vos" de Jesus, a Terra é grande, tem lugar pra todos, o que falta é administrar com mãos limpas ocupando todos os desertos. Precisamos nascer para evoluir porque não apenas a felicidade ensina, a dor também; não há outro caminho.

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  4. Ñ da mais pra o Planeta Terra suportar mais humanos, se esgotou no total de 7Bilhões de humanos, pra pouca água, árvore,animais e oxigenio, devido o descaso da propria população de humanos.Temos sim q por um bom tempo deixar de procriar meio Meio-Ambiente.O Planeta Terra já está superlotado.E isto, isso ñ é nada bom, ecologicamente.

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  5. Eu desconhecia esse termo e essa "turma". Fico feliz em saber que não estou sozinha. Sou antinatalista sim.

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  6. Optei por não colocar filhos no mundo há muitos anos. Não vi nenhuma razão para procriar; ao contrário, muitas as razões para não fazê-lo. Há décadas sei que os recursos do planeta são finitos. Há anos li um texto bem interessante, algo como Filhos: projeto egóico. Selma Castanheira.

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  7. estou de acordo não procriar vide china que se alimentam de insetos sera que os puritanos não enxergam isto vamos acreditar na realidade o planeta pede socorro.

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  8. Espiritualistas de qualquer corrente religiosa não podem aceitar uma tese tão sem noção como esta. Nascer e Renascer,eis a questão. Precisaremos retornar a esta Escola chamada Terra, tantas vezes quanto necessárias para abolirmos nossas imperfeições e se as "portas" para isso estiverem fechadas não será possível. Impedir nascimentos em massa é tão contrário à Lei de Deus quanto incentivar nascimentos ao montes, sem responsabilidade. Não faltará água no mundo porque dessalinizar oceanos já é uma realidade, nem faltará espaço para os pequeninos que chegam porque desertos podem virar agriculturas e jardins, o que está faltando é o cumprimento das leis já existentes, maturidade e reconhecimento de que impedir nascimentos é atirar no próprio pé porque precisaremos renascer também, não importa se destinados ou não a felicidade, precisaremos voltar para a Escola porque aprendizes precisam dela. Toda mulher tem liberdade de gerar ou não filhos, porém o que assombra é a visão distorcida e antinatural de radicalismos em forma de propaganda contra a Vida e contra a Evolução como se diminuir o número de alunos fosse preferível a aumentar o tamanho da Escola. Leiam Kardec ou se não acreditam nele, leiam Jesus: “Necessário vos é nascer de novo”, não importa se com síndrome de Down, cego ou descerebrado, serão bem vindos e amados os que chegam com a chance de viver uma hora ou noventa anos porque imprescindível é reaprender a lição e refazer o caminho. Sem voltar, não dá. Se estamos vivos é porque deixaram.

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  9. Ok, Sandra, mas vc não acha que já há muitas "portas" para serem abertas novamente sem que haja necessidade de outras? Aos 15 anos resolvi que não queria filhos e não me arrependo - "Não porei em tua boca as misérias deste mundo". Não me recordo no momento de quem é a frase, mas ela exemplifica o que penso. Sempre procurei analisar bem cada passo que dou pois todos eles têm consequências, boas ou más. Se na Terra houvesse um décimo de seres humanos viveríamos bem, com fartura e felicidade - nós e as outras espécies. É preciso lembrar que não se pode ocupar todo e qualquer espaço existente; há que haver extensões livres em todos os lugares para que se possa "respirar", o mais - com todo o respeito - é ilusão e irresponsabilidade.

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    1. Respeito e considero sua opinião, colega, mas não posso pensar diferente. Se todos os que estão locupletando a Casa estivessem arrumando o seu pedaço haveria lugar para quem chegasse com sua contribuição importante também. O problema não é gente demais no mundo,é gente que destrói o chão que pisa, polui a água que bebe, incendeia o ar que respira e patrocina guerras contra irmãos com a irresponsabilidade de um demente. Se os que chegarem forem bons (e serão) a Terra será boa também. Não sei o que eu vou encontrar quando renascer mas peço a Deus que eu venha agradecendo sol ou chuva, felicidade ou experiência, plantando para colher aonde quer que eu "aterrize". Por enquanto para aprendizes a Escola é essa porque “bagunçamos” com ela, até que aprendamos a ser anjos responsáveis merecedores de viver no Céu. Fique com Deus.

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  10. É preciso orientar os pais, sobretudo os adolescentes que acham que ter filho é cuidar de uma boneca. A maioria deles vem de uma camada pobre e mal orientada. Isso agrava os problemas com o meio ambiente. Também alguns ricos consumistas criam filhos consumistas sem a menor consciência ambiental.

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