Oi, pessoal
Um leitor nosso perguntou sobre a "Raladinha", coelha que resgatamos do Mercadão 4 dias antes do incêndio tenebroso que citamos no post anterior. Para responde-lo, resolvi a publicar a história que escrevi no dia 24 de março de 2001, as fotos dela junto a nossa Equipe em 2000, quando veio morar em minha casa e da Xuxa, que miou desesperadamente no momento da sua morte. Leiam abaixo:
RALADINHA, NOSSO SIMBOLO!
Em dezembro/99, o Promotor Sávio Renato Bittencourt do MP Estadual nos pediu um parecer técnico sobre o manejo dos animais comercializados no Mercadão de Madureira. Dia 10/01/00, eu e nosso veterinário, fomos realizar a vistoria solicitada. As condições não poderiam ser piores: animais sem água, sem alimento, instalados em mezaninos precários e imundos, sofrendo problemas de intermação e todo tipo de crueldade. É claro, sem contar a grande contradição de um comércio de animais vivos estar junto ao de comidas, quitandas e açougues. Ao visitarmos uma das lojas, Dr. Hugo, reparou em um filhote de coelho que se debatia por ter suas patinhas presas nas grades da gaiola que o continha. Pedimos para vê-lo e ficamos horrorizados com a ferida aberta nas patas do pobre animal. Era uma segunda-feira, e deduzimos que aquele pobre ser, devido ao ferimento, estaria há mais de 24 horas naquela situação. Falei para o dono se ele me daria o animal, posto não servir mais para a venda. Ele o deu e ainda, envergonhado, perguntou se não queria levar outro com "as patinhas perfeitas" .... Voltamos para nossa sede, jogando fora nosso disfarce de um casal em busca de uma blusa de crochê.Após as fotos necessárias de comprovação, cuidamos daquele ser tão frágil, pensando no sofrimento de tantos outros naquelas lojas fétidas. Fizemos o laudo, e o encaminhamos ao Senhor Promotor no mesmo dia.
Mas, o destino tem seus caprichos. Quatro dias após nossa visita, ocorreu o terrível incêndio do mercadão, ou seja, dia 15/01/00, sábado. Na manhã de domingo ao sabermos pelas edições extraordinárias de jornais da TV, partimos para lá com as carrocinhas do Instituto Jorge Vaitsman e do Centro de Controle de Zoonoses. Graças aos bombeiros, foram salvos centenas de cabras, galinhas, pássaros, e até escargots. Vimos cenas dantescas dos animais presos nas gaiolas querendo sair, chegando alguns dilacerarem seus corpinhos na tentativa. Cabras, bodes, patos, gansos, galinhas, e centenas de coelhos totalmente carbonizados. A imprensa nem se tocava, dizendo que não havia vítimas. Céus, milhares de vítimas e ouvíamos apenas: os prejuízos foram imensos!!! O Prefeito presente disse que ia ajudar na reconstrução imediatamente... e ninguém falava nas vítimas carbonizadas que sucumbiram inocentemente.
Porem, nem tudo estava perdido. Algumas pessoas da população presentes elogiavam nossa presença e agradecia nosso trabalho. Tudo devidamente fotografado, deixamos os sobreviventes sob a guarda de uma entidade de proteção animal, porque não temos abrigo.Dia seguinte, todos nós arrasados, tentando nos esquecer dos animais em chamas, tivemos nossa atenção voltada para aquele coelhinho que tínhamos ali, em nossa sala, e que o destino nos fez salvar, dias antes, daquela tragédia. "Raladinha", nome dado por Dr. Hugo, se tornou para nós um símbolo da presença e aprovação da energia superior que nos governa. E "Raladinha" ficou famosa e até participou do Fantástico.
Porque toda esta história hoje? Hoje, ela se foi. Gordinha, alegre, esperta e apaixonada por Xuxa, a gata que se tomou de amores maternos por ela quando a levei para morar em minha casa. Num sopro, um ano e três meses depois da tragédia, ela se foi. E coincidentemente, a Promotora Dra. Fátima Vieira H. G. de Moraes nos pediu, no dia 09/02/01, que a informasse da atual situação da comercialização de animais naquele maldito Mercadão de Madureira. Estivemos lá e encaminhamos um parecer dia 23/02/01 dizendo: continua a comercialização, continuam as péssimas condições e as próximas vítimas de incêndios e rituais macabros estão lá, como se nada tivesse acontecido."Raladinha", olhai por nós querida...
Sheila Moura - Pres. da Sociedade Educacional "Fala Bicho" – 24/03/01
Mas, o destino tem seus caprichos. Quatro dias após nossa visita, ocorreu o terrível incêndio do mercadão, ou seja, dia 15/01/00, sábado. Na manhã de domingo ao sabermos pelas edições extraordinárias de jornais da TV, partimos para lá com as carrocinhas do Instituto Jorge Vaitsman e do Centro de Controle de Zoonoses. Graças aos bombeiros, foram salvos centenas de cabras, galinhas, pássaros, e até escargots. Vimos cenas dantescas dos animais presos nas gaiolas querendo sair, chegando alguns dilacerarem seus corpinhos na tentativa. Cabras, bodes, patos, gansos, galinhas, e centenas de coelhos totalmente carbonizados. A imprensa nem se tocava, dizendo que não havia vítimas. Céus, milhares de vítimas e ouvíamos apenas: os prejuízos foram imensos!!! O Prefeito presente disse que ia ajudar na reconstrução imediatamente... e ninguém falava nas vítimas carbonizadas que sucumbiram inocentemente.
Porem, nem tudo estava perdido. Algumas pessoas da população presentes elogiavam nossa presença e agradecia nosso trabalho. Tudo devidamente fotografado, deixamos os sobreviventes sob a guarda de uma entidade de proteção animal, porque não temos abrigo.Dia seguinte, todos nós arrasados, tentando nos esquecer dos animais em chamas, tivemos nossa atenção voltada para aquele coelhinho que tínhamos ali, em nossa sala, e que o destino nos fez salvar, dias antes, daquela tragédia. "Raladinha", nome dado por Dr. Hugo, se tornou para nós um símbolo da presença e aprovação da energia superior que nos governa. E "Raladinha" ficou famosa e até participou do Fantástico.
Porque toda esta história hoje? Hoje, ela se foi. Gordinha, alegre, esperta e apaixonada por Xuxa, a gata que se tomou de amores maternos por ela quando a levei para morar em minha casa. Num sopro, um ano e três meses depois da tragédia, ela se foi. E coincidentemente, a Promotora Dra. Fátima Vieira H. G. de Moraes nos pediu, no dia 09/02/01, que a informasse da atual situação da comercialização de animais naquele maldito Mercadão de Madureira. Estivemos lá e encaminhamos um parecer dia 23/02/01 dizendo: continua a comercialização, continuam as péssimas condições e as próximas vítimas de incêndios e rituais macabros estão lá, como se nada tivesse acontecido."Raladinha", olhai por nós querida...
Sheila Moura - Pres. da Sociedade Educacional "Fala Bicho" – 24/03/01